
Um estudo recente trouxe à tona uma descoberta intrigante: um tipo de célula imune com comportamento adaptável pode estar por trás da resistência de alguns pacientes a tratamentos avançados para asma grave.
Essas células, conhecidas como células linfoides inatas do tipo 2 intermediário (ILC2s), têm a capacidade de se transformar em outro tipo de célula imune, o que pode dificultar a eficácia de medicamentos de ponta. A pesquisa, publicada na revista Science Translational Medicine, destaca o impacto dessas células no manejo da asma grave.
Os medicamentos biológicos revolucionaram o tratamento de pacientes com asma grave associada a eosinófilos, um tipo de glóbulo branco diretamente relacionado às ILC2s. Contudo, nem todos os pacientes respondem bem a essas terapias. Os pesquisadores acreditam que a habilidade das ILC2s de se transformar pode ser um dos motivos para essa resistência.
Transformação Celular e os Desafios no Tratamento
As ILC2s intermediárias apresentam características tanto das ILC2s quanto de outro tipo de célula imune, as ILC3s. Estas últimas estão associadas aos neutrófilos, outro tipo de glóbulo branco.
Crises de asma que envolvem tanto eosinófilos quanto neutrófilos tendem a ser mais difíceis de controlar com medicamentos padrão, como inaladores e glicocorticosteroides, explicou o Dr. Parameswaran Nair, pesquisador principal do estudo e presidente em doenças das vias aéreas na McMaster University, no Canadá. Segundo ele, a combinação de eosinófilos e neutrófilos torna os pacientes menos responsivos às terapias convencionais para asma grave.
Estima-se que cerca de 10% dos pacientes com asma sofram de uma forma resistente aos tratamentos padrão, o que representa um desafio significativo no manejo da doença.
Novos Caminhos para Tratamentos Mais Eficazes
O estudo analisou amostras de muco de 34 pacientes com asma grave para identificar a presença de células imunes associadas à resistência ao tratamento. Os resultados mostraram que as ILC2s estão ligadas a níveis mais altos de eosinófilos, enquanto as ILC3s estão associadas a neutrófilos, ambos comuns em casos de asma de difícil controle.
Uma das descobertas mais relevantes foi a habilidade das ILC2s de se transformar em ILC3s nas vias aéreas, o que oferece uma nova perspectiva para o desenvolvimento de terapias mais eficazes. Além disso, os pesquisadores identificaram fatores de crescimento que incentivam a formação de ILC2s intermediárias.
Esses achados sugerem que controlar os níveis de ILC2s intermediárias pode ser uma estratégia promissora para reduzir a presença de glóbulos brancos associados a crises graves de asma.
Esperança para o Futuro
De acordo com o Dr. Nair, essas descobertas abrem caminho para novos alvos terapêuticos no tratamento da asma grave, especialmente em casos resistentes às abordagens tradicionais. A pesquisa pode representar um passo importante na busca por soluções que melhorem a qualidade de vida de milhões de pessoas que convivem com a doença.
Para saber mais sobre a asma eosinofílica, visite o site da Asthma and Allergy Foundation of America.