Dengue, chikungunya ou zika? Como diferenciar os sinais dessas doenças transmitidas pelo Aedes aegypti
- medicinaatualrevis
- 31 de mar.
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O Brasil convive há anos com surtos recorrentes de arboviroses, especialmente durante os meses mais quentes e chuvosos. Entre as mais conhecidas, estão a dengue, chikungunya ou zika, doenças causadas por vírus diferentes, mas todas transmitidas pelo mesmo mosquito: o Aedes aegypti.
Embora apresentem sintomas semelhantes, essas infecções têm características clínicas distintas e podem gerar complicações específicas. Saber reconhecer os sinais de cada uma é fundamental para buscar atendimento adequado e evitar agravamentos.
O que é o Aedes aegypti?
O Aedes aegypti é um mosquito urbano, de hábitos diurnos, que se prolifera em água parada. Sua picada é praticamente indolor e pode transmitir múltiplos vírus. A mesma pessoa pode ser infectada por mais de uma dessas doenças em momentos diferentes.
Além da dengue, chikungunya e zika, o mosquito também pode transmitir febre amarela urbana, embora esta seja hoje mais controlada no Brasil devido à vacinação.
Dengue: sintomas e complicações
A dengue é uma infecção viral que pode se apresentar de forma leve a grave. Os sintomas geralmente surgem de 4 a 10 dias após a picada do mosquito.
Principais sinais:
Febre alta (39–40°C) de início súbito;
Dor intensa no corpo e nas articulações (“quebra-ossos”);
Dor de cabeça e atrás dos olhos;
Mal-estar geral e cansaço;
Manchas vermelhas pelo corpo;
Náuseas e vômitos.
Complicações: A forma grave, chamada dengue hemorrágica, pode causar sangramentos, queda de pressão e choque. É potencialmente fatal e requer internação.
Chikungunya: forte impacto nas articulações
A chikungunya também é causada por um vírus e se destaca pelas dores articulares intensas, que podem durar semanas ou até meses.
Principais sinais:
Febre alta de início súbito;
Dores articulares fortes e incapacitantes (mãos, punhos, tornozelos);
Inchaço nas articulações;
Dor de cabeça, náuseas e manchas vermelhas.
Complicações: Embora raras, podem ocorrer encefalite, miocardite e artrite crônica, principalmente em idosos e pessoas com doenças autoimunes.
Zika: sintomas leves, mas risco em gestantes
A zika tem sintomas mais leves, mas se tornou uma grande preocupação de saúde pública devido à sua associação com más-formações fetais, como a microcefalia.
Principais sinais:
Febre baixa ou ausência de febre;
Conjuntivite sem secreção (olhos vermelhos);
Manchas vermelhas e coceira;
Dor leve nas articulações;
Mal-estar, dor de cabeça e leve inchaço corporal.
Complicações: A principal preocupação é a infecção em gestantes, que pode causar anomalias no sistema nervoso central do feto. Em adultos, pode ocorrer síndrome de Guillain-Barré (rara).
Como diferenciar as doenças?
Embora compartilhem sintomas iniciais semelhantes, alguns detalhes ajudam a diferenciar:
Sintoma | Dengue | Chikungunya | Zika |
Febre | Alta (39–40°C) | Alta (39–40°C) | Baixa ou ausente |
Dor no corpo | Intensa | Intensa, especialmente nas articulações | Leve |
Manchas vermelhas | Frequente | Frequente | Muito frequente e com coceira |
Conjuntivite | Raro | Raro | Comum |
Inchaço nas articulações | Raro | Comum | Leve |
Complicações | Hemorragia, choque | Artrite crônica | Microcefalia (fetos), Guillain-Barré |
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico clínico é feito com base nos sintomas e na avaliação médica. Exames laboratoriais podem confirmar a infecção e descartar outras doenças.
O tratamento é sintomático para todas as três infecções:
Hidratação intensa;
Analgésicos e antitérmicos (paracetamol ou dipirona);
Evitar medicamentos como ácido acetilsalicílico e anti-inflamatórios, pois aumentam o risco de sangramento.
Prevenção: eliminar o vetor é fundamental
Como não há antivirais específicos para essas doenças, a principal estratégia é a prevenção da proliferação do mosquito:
Elimine recipientes com água parada;
Mantenha caixas d’água fechadas;
Use repelentes, roupas compridas e telas nas janelas;
Denuncie focos de mosquito na sua região.
Conclusão
Dengue, chikungunya ou zika? Cada uma dessas doenças tem sintomas característicos e requer atenção específica, especialmente em grupos de risco como gestantes, idosos e imunocomprometidos. Estar bem informado e adotar medidas preventivas são as melhores formas de se proteger e colaborar com a saúde pública.