Dificuldade para engravidar: quando procurar ajuda?
- medicinaatualrevis
- 23 de jun.
- 4 min de leitura

A decisão de ter um filho é um momento especial na vida de muitos casais. Para a maioria, a gravidez ocorre naturalmente dentro de alguns meses de tentativas. No entanto, quando a gestação não acontece mesmo com relações regulares e sem uso de métodos contraceptivos, surge a dúvida: será que está tudo bem com a minha fertilidade?
A dificuldade para engravidar é mais comum do que se imagina. Estima-se que 1 em cada 6 casais enfrente esse desafio. A boa notícia é que grande parte dos casos tem solução, especialmente quando o problema é identificado precocemente.
Neste artigo, você vai entender os principais fatores que afetam a fertilidade, quando é hora de procurar um especialista e quais os caminhos disponíveis para quem deseja aumentar as chances de realizar o sonho da maternidade ou paternidade.
O que é considerado normal no tempo para engravidar
Em casais jovens e saudáveis, com relações sexuais frequentes (cerca de 2 a 3 vezes por semana), a chance de engravidar por ciclo menstrual gira em torno de 20% a 25%. Com o passar dos meses, essa chance acumulada aumenta. Por isso, considera-se normal demorar até:
12 meses para casais em que a mulher tem menos de 35 anos.
6 meses quando a mulher tem 35 anos ou mais.
Após esse tempo, recomenda-se procurar um especialista em fertilidade, mesmo que não haja sintomas claros de algum problema.
Principais causas da dificuldade para engravidar
A fertilidade é resultado de um delicado equilíbrio entre fatores femininos e masculinos. Alterações em qualquer um deles podem dificultar a concepção.
Fatores femininos mais frequentes:
Idade avançada: a partir dos 35 anos, a qualidade e quantidade dos óvulos diminuem.
Distúrbios da ovulação: como a Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP).
Endometriose: provoca inflamação e altera a anatomia da pelve.
Obstrução das trompas de Falópio: dificulta o encontro entre óvulo e espermatozoide.
Alterações hormonais: tireoide, prolactina ou disfunção da fase luteínica.
Fatores masculinos mais comuns:
Baixa contagem de espermatozoides.
Alterada mobilidade espermática.
Morfologia anormal dos espermatozoides.
Varicocele: dilatação das veias testiculares que afeta a produção espermática.
Infecções ou exposição a toxinas.
Outros fatores que podem afetar ambos:
Estresse crônico.
Obesidade ou baixo peso.
Tabagismo e uso de álcool.
Exposição ocupacional a substâncias tóxicas.
Quando procurar um especialista em fertilidade
O momento certo para buscar ajuda depende de vários fatores. Em geral, o ideal é procurar avaliação quando:
Você tem menos de 35 anos e não engravida após 12 meses de tentativas.
Você tem 35 anos ou mais e não engravida após 6 meses.
Há histórico de abortos espontâneos recorrentes.
Seu ciclo menstrual é muito irregular ou você não menstrua.
Já houve cirurgia ginecológica, infecções pélvicas ou endometriose.
O parceiro já teve alterações no espermograma ou infecções genitais.
Buscar ajuda não significa que você precisa partir imediatamente para tratamentos complexos. Em muitos casos, pequenos ajustes são suficientes.
Como é feita a investigação da fertilidade
O primeiro passo é uma consulta detalhada com ginecologista, urologista ou especialista em medicina reprodutiva. Serão avaliados:
Hábitos de vida do casal.
Frequência das relações sexuais.
Histórico de doenças, cirurgias, medicamentos.
Regularidade dos ciclos menstruais.
Exames mais comuns:
Ultrassonografia transvaginal: avalia ovários e endométrio.
Dosagens hormonais: FSH, LH, estradiol, prolactina, TSH.
Histerossalpingografia: verifica se as trompas estão abertas.
Espanograma: analisa quantidade, mobilidade e morfologia dos espermatozoides.
Exames complementares: como curva de insulina, AMH (reserva ovariana) e exames genéticos em casos específicos.
Essa investigação orienta a escolha do melhor tratamento, de forma personalizada.
Quais são os tratamentos para infertilidade
As opções variam conforme a causa identificada, a idade da mulher e o tempo de tentativa. Entre os tratamentos estão:
1. Mudanças no estilo de vida
Perda de peso quando há obesidade
Prática regular de atividade física
Redução do estresse e cessar tabagismo
Suplementação com ácido fólico, vitamina D e antioxidantes
2. Indução da ovulação
Feita com medicamentos como citrato de clomifeno ou letrozol. Indicada em mulheres que não ovulam regularmente.
3. Inseminação intrauterina (IIU)
É um procedimento simples em que o sêmen do parceiro é preparado e inserido diretamente no útero da mulher durante o período fértil.
4. Fertilização in vitro (FIV)
É a técnica mais conhecida e indicada para casos mais complexos. O óvulo é fecundado em laboratório e o embrião transferido para o útero.
5. Cirurgias reprodutivas
Podem ser indicadas em casos de miomas, endometriose, aderências ou malformações uterinas.
A maioria dos casais consegue engravidar com algum desses recursos, dependendo da indicação e do acompanhamento adequado.
Questões emocionais e acolhimento
A jornada da fertilidade pode ser emocionalmente desafiadora. É comum que os sentimentos de frustração, culpa e ansiedade apareçam com o tempo. Por isso:
Converse abertamente com o(a) parceiro(a).
Busque grupos de apoio ou acompanhamento psicológico.
Mantenha-se bem informado, mas evite comparações com outros casais.
Entenda que infertilidade não é sinônimo de esterilidade: muitas soluções existem.
Conclusão
A dificuldade para engravidar pode ter diversas causas, mas com investigação adequada e orientação profissional, a maioria dos casais encontra solução. O mais importante é não adiar a busca por ajuda. Quanto mais cedo o problema é identificado, maiores são as chances de sucesso nos tratamentos.
Falar sobre isso, esclarecer dúvidas e buscar apoio especializado são passos fundamentais para transformar o sonho em realidade.
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