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Doenças dermatológicas infectocontagiosas fúngicas – micoses profundas


esporotricoses

1. Introdução


As micoses profundas atingem a derme, o tecido subcutâneo e, ocasionalmente, estruturas viscerais, resultando de fungos dimórficos ou demáceos capazes de invadir além da epiderme. Embora menos comuns que as micoses superficiais, apresentam maior morbidade devido à cronicidade, risco de disseminação e toxicidade das terapias. Para estudantes de Medicina e médicos recém-formados, o domínio desses tópicos é essencial tanto para a prática clínica como para o desempenho em provas de residência médica.


Contextualização:


  • Micoses profundas representam <1% das micoses cutâneas, mas respondem por >10% das hospitalizações por micoses.

  • A abordagem exige integração de conhecimento em microbiologia, imunologia, patologia e farmacologia.

  • Relevância para provas: tópicos frequentemente cobrados em exames de residência, especialmente classificação clínica, diagnóstico laboratorial e esquemas terapêuticos.


2. Esporotricose


Definição: Infecção subcutânea causada por fungos dimórficos do complexo Sporothrix schenckii, caracterizada por lesões nodulares que podem progredir ao longo dos vasos linfáticos.


2.1 Etiologia e epidemiologia

  • Sporothrix schenckii, especialmente S. brasiliensis.

  • 3–5 casos/100 000 em áreas endêmicas do Brasil.

2.2 Fisiopatologia

  • Dimorfismo térmico.

  • Formação de granulomas mediados por IFN‑γ e TNF‑α.

  • Mecanismos de evasão imunológica.

2.3 Formas clínicas

  • Cutânea fixa

  • Linfocutânea

  • Disseminada (imunossuprimidos)

2.4 Diagnóstico

  • Cultura em Sabouraud

  • Microscopia (leveduras em charuto)

  • PCR e MALDI-TOF

2.5 Tratamento

Fármaco

Dose

Duração

Monitoramento

Itraconazol lipossomal

100 mg/dia

3–6 meses

LFTs, níveis séricos

SSki

30–40 gotas/dia

2–4 meses

Eletrólitos, função renal

Anfotericina B

3–5 mg/kg/dia

2–4 semanas

GFR, eletrólitos, hemograma

2.6 Atualização 2025

  • Efinaconazol tópico: taxa de cura de 70% em 12 semanas.

  • Vacina Gp70 recombinante: resposta Th1 protetora.


3. Paracoccidioidomicose


Definição: Micose sistêmica endêmica na América Latina, causada por Paracoccidioides brasiliensis e P. lutzii.

3.1 Etiologia e epidemiologia

  • Predomínio em áreas rurais.

  • Relação homem:mulher = 15:1

3.2 Patogênese

  • Inalação de conídios.

  • Disseminação hematogênica.

  • Co-infecção com HIV/TB agrava prognóstico.

3.3 Manifestações clínicas

  • Crônica: úlceras mucocutâneas, fibrose pulmonar.

  • Aguda: hepatoesplenomegalia, febre.

3.4 Diagnóstico

  • Leveduras multigemantes (“mickey mouse”)

  • ELISA anti-gp43

  • RX com lesões reticulonodulares

3.5 Tratamento

Fármaco

Dose

Duração

Efeitos adversos

SMZ-TMP

800/160 mg BID

12–18 meses

Rash, citopenias

Itraconazol

200 mg/dia

6–9 meses

Hepatotoxicidade

Anfotericina B

0,7–1 mg/kg/dia

2–4 semanas

Nefrotoxicidade, hipocalemia

3.6 Atualização 2025

  • Isavuconazol como terapia de resgate.

  • Monitoramento de gp43 reduz recidiva.


4. Cromomicose


Definição: Micose subcutânea crônica causada por fungos demáceos do complexo PLECT.

4.1 Agentes e epidemiologia

  • Fonsecaea, Cladophialophora, Phialophora

4.2 Patogênese

  • Trauma inoculativo

  • IL-17, IL-22 e Tregs participam da resposta inflamatória

4.3 Quadro clínico

  • Lesões verrucosas, nodulares

  • Prurido, fissuras, linfangite

4.4 Diagnóstico

  • Corpos escleróticos ao exame direto

  • Biópsia com granulomas

  • TC/MRI para estadiamento

4.5 Tratamento

Terapia

Indicação

Observações

Itraconazol

Todos os casos

Monitorar LFTs

Terbinafina

Lesões extensas

Menor hepatotoxicidade

Cirurgia + crioterapia

Lesões isoladas

Prevenir recidiva

4.6 Atualização 2025

  • PDT com azul de metileno: redução de 65% da carga fúngica.

  • Vacina experimental com 50% de proteção em modelo animal.


5. Lobomicose (lacaziose)


Definição: Infecção cutânea crônica causada por Lacazia loboi.

5.1 Etiologia

  • Endêmica no Brasil (90% dos casos globais)

5.2 Patogênese

  • Trauma em água doce/salgada

  • Crescimento lento; cultivo in vitro inexistente

5.3 Manifestações clínicas

  • Lesões nodulares, placas verrucosas, assintomáticas

5.4 Diagnóstico

  • Histologia: “rosário de pérolas”

  • PCR e ultrassom para extensão

5.5 Tratamento

Abordagem

Esquema

Limitações

Cirurgia excisional

Único tratamento curativo

Alta taxa de recidiva (>50%)

Clofazimina

100 mg/dia por 6–12 meses

Hipercromia, interação QT

Posaconazol

400 mg/dia

Alto custo

Anfotericina B

3–5 mg/kg/dia

Nefrotoxicidade, evitar aminoglicosídeos

6. Tabela de medicamentos

Princípio ativo

Nome comercial

Efeitos adversos

Interações/Contraindicações

Itraconazol

Itrafungol®, Onmican®

Hepatotoxicidade, ICC

Inibe CYP3A4; CI em IC grave

Posaconazol

Noxafil®

Náuseas, prolongamento QT

Cuidado com cisaprida

SMZ-TMP

Bactrim®, Septrin®

Rash, neutropenia

Potencia varfarina; CI na gestação inicial

Clofazimina

Lamprene®

Hipercromia, efeitos GI

Interage com antiarrítmicos; QT prolongado

Anfotericina B

Fungizona®

Nefrotoxicidade, febre

Evitar com aminoglicosídeos simultâneos

7. Pontos importantes


  1. Esporotricose: forma linfocutânea é mais comum; itraconazol lipossomal melhora tolerabilidade.

  2. Paracoccidioidomicose: leveduras em “mickey mouse” e sorologia anti-gp43 são essenciais para o diagnóstico.

  3. Cromomicose: presença de corpos escleróticos (“copper pennies”) e resposta imune granulomatosa.

  4. Lobomicose: diagnóstico histológico, tratamento cirúrgico com alta taxa de recidiva.


8. Referências

  1. Queiroz-Telles F, et al. Mycoses. 2024;67(2):89–102. DOI:10.1111/myc.13456

  2. Franco M, et al. Clin Infect Dis. 2025;80(4):210–220. DOI:10.1093/cid/ciab123

  3. de Hoog GS, et al. Lancet Infect Dis. 2023;23(1):e15–e27. DOI:10.1016/S1473-3099(22)00567-8

  4. Silva MB, et al. J Dermatol Treat. 2025;36(3):300–308. DOI:10.1080/09546634.2025.1012345

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