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Entenda como o efeito placebo influencia a percepção de sintomas físicos e emocionais


efeito placebo

Você já ouviu falar em efeito placebo? Trata-se de um fenômeno em que um paciente apresenta melhora nos sintomas após receber um tratamento inerte, ou seja, sem princípio ativo algum, apenas porque acredita que está sendo tratado.


Mais do que uma curiosidade médica, o efeito placebo tem implicações importantes no cuidado com a saúde, na prática clínica e até nos estudos científicos.


Neste artigo do Medicina Atual, vamos explicar o que é o efeito placebo, como ele atua no cérebro e no corpo, quais são seus impactos reais na percepção de sintomas e por que ele continua sendo objeto de interesse da medicina moderna.


O que é o efeito placebo?


O efeito placebo ocorre quando uma pessoa experimenta melhora dos sintomas após receber uma substância ou intervenção sem ação farmacológica direta, como pílulas de açúcar, soro fisiológico ou até mesmo procedimentos simulados.


Essa melhora não é imaginária: ela tem base biológica e pode envolver mudanças reais no funcionamento do corpo. O fator determinante é a expectativa positiva do paciente, que acredita estar sendo tratado — e, por isso, o corpo responde de forma compatível com essa crença.


Como o efeito placebo atua no corpo humano?


Estudos em neurociência mostram que o efeito placebo pode ativar áreas do cérebro associadas à analgesia, bem-estar, motivação e controle emocional, como:


  • Córtex pré-frontal.

  • Sistema límbico.

  • Núcleo accumbens.

  • Amígdala cerebral.

Ao acreditar que um medicamento é eficaz, o cérebro libera neurotransmissores como dopamina, serotonina e endorfinas, que estão associados à sensação de prazer, alívio da dor e conforto. Esse processo pode, de fato, modular sintomas físicos e psicológicos, como:

  • Dor crônica.

  • Náuseas.

  • Fadiga.

  • Ansiedade.

  • Depressão leve.

Qual é a diferença entre placebo e efeito placebo?

É importante não confundir os termos:

  • Placebo: refere-se à substância ou procedimento sem ação terapêutica (ex.: pílula de açúcar).

  • Efeito placebo: é a resposta positiva do organismo após o uso do placebo, causada por fatores psicológicos e neurobiológicos.

Ou seja, nem todo uso de placebo resulta em efeito placebo, mas quando isso acontece, a experiência subjetiva do paciente melhora sem que tenha havido um princípio ativo envolvido.

Em quais condições o efeito placebo é mais evidente?

O efeito placebo tende a ser mais eficaz em condições nas quais os sintomas são subjetivos, ou seja, sentidos pelo paciente, mas difíceis de mensurar objetivamente, como:

  • Dor.

  • Cansaço.

  • Insônia.

  • Distúrbios gastrointestinais funcionais.

  • Síndrome do intestino irritável.

  • Ansiedade leve a moderada.

Também se observa sua atuação em sintomas secundários de outras doenças, como náuseas ou falta de apetite em pacientes com câncer, por exemplo.

O efeito placebo pode substituir tratamentos reais?

Não. Apesar de seus efeitos surpreendentes, o efeito placebo não substitui medicamentos ou terapias comprovadamente eficazes, especialmente em doenças graves, como câncer, infecções ou distúrbios cardíacos.

O placebo não cura doenças. Ele pode modular sintomas, melhorar o bem-estar e até facilitar a adesão ao tratamento, mas não deve ser utilizado como substituto de terapias baseadas em evidências científicas.

Qual é a relevância do efeito placebo nos estudos científicos?

O efeito placebo tem papel central em ensaios clínicos controlados, que avaliam a eficácia de medicamentos ou terapias.

Em um estudo duplo-cego com grupo placebo:

  • Um grupo recebe o medicamento ativo.

  • Outro grupo recebe um placebo (sem saber disso).

  • Nenhum dos participantes sabe qual recebeu qual.

Dessa forma, é possível verificar se a melhora observada se deve ao medicamento ou à expectativa do paciente. Se os dois grupos melhoram de forma semelhante, o efeito pode ser atribuído ao placebo — e não ao fármaco em si.

Esse tipo de controle é essencial para garantir a validade científica dos tratamentos médicos modernos.

O efeito placebo pode causar efeitos colaterais?

Sim, existe também o chamado efeito nocebo. É o inverso do efeito placebo: quando uma pessoa acredita que o tratamento vai fazer mal, ela pode experimentar sintomas negativos, mesmo recebendo uma substância inerte.

Sintomas comuns do efeito nocebo incluem:

  • Náusea.

  • Dor de cabeça.

  • Tontura.

  • Fadiga.

  • Mal-estar geral.

Isso mostra como as crenças e expectativas do paciente influenciam profundamente sua experiência corporal.

Qual é o papel da relação médico-paciente no efeito placebo?

A forma como o tratamento é apresentado, a empatia do profissional e a confiança entre médico e paciente podem potencializar o efeito placebo.

Uma relação baseada em escuta ativa, acolhimento e explicações claras contribui para aumentar a expectativa positiva do paciente em relação ao tratamento — o que, por sua vez, melhora a resposta clínica.

Por isso, muitos especialistas destacam que o efeito placebo é, também, um fenômeno da comunicação e da confiança.

A expectativa influencia mesmo a percepção da dor?

Sim! Diversos estudos mostram que o efeito placebo é especialmente eficaz na redução da dor. Quando o paciente acredita que receberá um analgésico, seu cérebro ativa os mesmos circuitos de controle da dor usados por medicamentos reais, como a morfina.

Essa ativação libera opioides endógenos, substâncias produzidas naturalmente pelo corpo que diminuem a sensação dolorosa.

Ou seja, mesmo que não haja um remédio ativo envolvido, o cérebro atua como se estivesse medicado, diminuindo a percepção da dor de forma real e mensurável.

O efeito placebo pode ser ético?

A questão ética em torno do uso do placebo é complexa. Utilizá-lo sem o consentimento do paciente pode ser considerado uma forma de engano, o que fere princípios éticos da medicina.

No entanto, há um crescente número de estudos investigando o uso ético do placebo informado, ou seja, quando o paciente sabe que está tomando um placebo, mas ainda assim apresenta melhora.

Isso reforça a ideia de que a expectativa positiva e a confiança são forças poderosas no processo de cura — mesmo quando não há um princípio ativo envolvido.

Conclusão

O efeito placebo é um fenômeno intrigante que revela como mente e corpo estão profundamente conectados. Ele mostra que crenças, expectativas e confiança no tratamento podem gerar efeitos reais na percepção de sintomas — especialmente em condições como dor, ansiedade, cansaço e distúrbios funcionais.

Embora não substitua o tratamento médico tradicional, o efeito placebo ajuda a compreender melhor o papel do cérebro na saúde e valoriza a importância da relação médico-paciente. Compreender esse fenômeno é essencial tanto para profissionais da saúde quanto para pacientes que buscam qualidade de vida com base em ciência e empatia.

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