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Entenda o que é disbiose intestinal: quando as bactérias do intestino saem do equilíbrio

disbiose intestinal

A disbiose intestinal é uma condição que tem ganhado crescente atenção na medicina moderna, representando um desequilíbrio na microbiota intestinal que pode afetar significativamente a saúde geral. N


osso intestino abriga trilhões de microrganismos que desempenham papéis fundamentais na digestão, imunidade e até mesmo no humor.Quando esse delicado ecossistema microbiano sai do equilíbrio, surgem os sintomas da disbiose intestinal, que podem variar desde desconfortos digestivos até problemas mais complexos que afetam múltiplos sistemas do corpo.


Assim, compreender esta condição é essencial para manter a saúde intestinal e o bem-estar geral.


O que é disbiose intestinal: compreendendo o desequilíbrio microbiano


A disbiose intestinal é definida como um desequilíbrio na composição e função da microbiota intestinal, também conhecida como flora intestinal. Em condições normais, nosso intestino abriga uma comunidade diversificada de bactérias benéficas, neutras e potencialmente patogênicas em perfeita harmonia.


Este ecossistema microbiano é composto por mais de 1000 espécies diferentes de bactérias, além de fungos, vírus e outros microrganismos. Quando há um crescimento excessivo de bactérias prejudiciais ou uma diminuição das bactérias benéficas, ocorre a disbiose intestinal.


A microbiota intestinal saudável desempenha funções vitais, incluindo digestão de alimentos, produção de vitaminas, proteção contra patógenos, modulação do sistema imunológico, e até mesmo influência sobre o humor e comportamento através do eixo intestino-cérebro.


Causas da disbiose intestinal


Uso de antibióticos e medicamentos

Uma das principais causas da disbiose intestinal é o uso de antibióticos, que, embora sejam essenciais para tratar infecções bacterianas, podem eliminar tanto bactérias patogênicas quanto benéficas. Este efeito pode persistir por semanas ou meses após o término do tratamento.


Outros medicamentos também podem contribuir para a disbiose, incluindo anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs), inibidores da bomba de prótons (medicamentos para azia), corticosteroides, e alguns tipos de contraceptivos orais.


Alimentação inadequada

A dieta moderna, rica em alimentos processados, açúcares refinados e pobre em fibras, é um fator significativo no desenvolvimento da disbiose intestinal. Alimentos ultraprocessados podem promover o crescimento de bactérias prejudiciais e reduzir a diversidade microbiana.


O consumo excessivo de açúcar alimenta bactérias patogênicas e fungos como a Candida, enquanto a falta de fibras priva as bactérias benéficas de seus nutrientes preferenciais, levando à diminuição de sua população.


Estresse e fatores psicológicos

O estresse crônico pode alterar significativamente a composição da microbiota intestinal através do eixo intestino-cérebro. Situações de estresse prolongado podem reduzir a diversidade microbiana e promover o crescimento de bactérias associadas à inflamação.

Fatores como ansiedade, depressão, falta de sono e estilo de vida sedentário também contribuem para o desenvolvimento da disbiose intestinal.


Sintomas da disbiose intestinal


Sintomas digestivos primários

Os sintomas mais comuns da disbiose intestinal estão relacionados ao sistema digestivo. Estes incluem distensão abdominal e sensação de "barriga inchada", especialmente após as refeições, excesso de gases intestinais com odor desagradável, alternância entre diarreia e constipação, cólicas abdominais e desconforto intestinal, e má digestão com sensação de peso após comer.


Estes sintomas podem variar em intensidade e frequência, podendo ser intermitentes ou persistentes, dependendo da gravidade da disbiose e dos fatores desencadeantes.


Sintomas sistêmicos da disbiose

A disbiose intestinal pode causar sintomas que vão além do sistema digestivo, afetando o organismo como um todo. Isso ocorre porque a microbiota intestinal influencia múltiplos sistemas corporais através de diversos mecanismos.


Sintomas sistêmicos incluem fadiga crônica e falta de energia, alterações de humor como irritabilidade e ansiedade, problemas de pele como acne, eczema ou dermatite, dores de cabeça frequentes, dificuldades de concentração e "névoa mental", e alterações no sistema imunológico com infecções recorrentes.


Sintomas relacionados à absorção de nutrientes

Quando há disbiose intestinal, a capacidade do intestino de absorver adequadamente os nutrientes pode ser comprometida. Isso pode levar a deficiências nutricionais mesmo com uma dieta aparentemente adequada.


Sinais de má absorção incluem deficiência de vitaminas do complexo B, especialmente B12, baixos níveis de vitamina D, deficiência de minerais como ferro, zinco e magnésio, e sintomas relacionados como anemia, fraqueza muscular e alterações no crescimento de cabelos e unhas.


Tipos de disbiose intestinal


Disbiose por supercrescimento bacteriano

Este tipo de disbiose intestinal ocorre quando há crescimento excessivo de bactérias no intestino delgado, uma condição conhecida como SIBO (Small Intestinal Bacterial Overgrowth). Normalmente, o intestino delgado tem uma população bacteriana relativamente baixa comparada ao intestino grosso.


O SIBO pode causar sintomas como inchaço abdominal severo, diarreia, má absorção de nutrientes, deficiências vitamínicas, e desconforto abdominal significativo após as refeições.


Disbiose por crescimento fúngico

O crescimento excessivo de fungos, especialmente Candida albicans, é outro tipo comum de disbiose intestinal. Isso geralmente ocorre após uso de antibióticos, dieta rica em açúcar, ou em pessoas com sistema imunológico comprometido.


Sintomas específicos incluem desejos intensos por doces, infecções fúngicas recorrentes, problemas de pele, fadiga extrema, e sintomas neurológicos como confusão mental.


Disbiose por perda de diversidade

Este tipo de disbiose é caracterizado pela diminuição da diversidade microbiana, mesmo que não haja necessariamente crescimento de patógenos. A perda de diversidade pode comprometer as funções protetivas e metabólicas da microbiota.


Diagnóstico da disbiose intestinal


Avaliação clínica

O diagnóstico da disbiose intestinal geralmente começa com uma avaliação clínica detalhada, incluindo histórico médico completo, análise dos sintomas e sua duração, avaliação da dieta e estilo de vida, histórico de uso de medicamentos, especialmente antibióticos, e exame físico focado no sistema digestivo.


O médico também pode investigar fatores de risco como estresse, doenças autoimunes, e outras condições que podem contribuir para a disbiose.


Exames laboratoriais

Diversos exames podem ajudar no diagnóstico da disbiose intestinal. O exame de fezes com análise da microbiota pode identificar desequilíbrios específicos na composição bacteriana e presença de patógenos.


Outros exames incluem teste respiratório para SIBO, que mede gases produzidos por bactérias, exames de sangue para avaliar marcadores inflamatórios e deficiências nutricionais, e testes específicos para crescimento fúngico quando indicado.


Tratamento da disbiose intestinal

Abordagem nutricional

O tratamento da disbiose intestinal frequentemente começa com modificações dietéticas. Uma dieta anti-inflamatória rica em alimentos integrais pode ajudar a restaurar o equilíbrio microbiano.


Recomendações dietéticas incluem aumento do consumo de fibras prebióticas encontradas em vegetais, frutas e grãos integrais, inclusão de alimentos fermentados como kefir, kombucha e vegetais fermentados, redução de açúcares refinados e alimentos processados, e eliminação temporária de alimentos que podem alimentar bactérias patogênicas.


Uso de probióticos

Os probióticos são microrganismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do hospedeiro. No tratamento da disbiose intestinal, os probióticos podem ajudar a restaurar o equilíbrio microbiano.

Diferentes cepas de probióticos têm efeitos específicos, sendo importante escolher produtos de qualidade com cepas bem estudadas e em quantidades adequadas. O uso deve ser orientado por profissional de saúde qualificado.


Prebióticos e simbióticos

Os prebióticos são fibras não digeríveis que servem como alimento para as bactérias benéficas. Eles são essenciais para manter uma microbiota saudável e podem ser especialmente úteis no tratamento da disbiose intestinal.

Fontes naturais de prebióticos incluem alho, cebola, banana verde, aspargo, alcachofra de Jerusalém, e aveia. Suplementos prebióticos também podem ser utilizados sob orientação profissional.


Prevenção da disbiose intestinal


Alimentação equilibrada

A prevenção da disbiose intestinal baseia-se principalmente em manter uma alimentação equilibrada e diversificada. Uma dieta rica em fibras, vegetais variados, frutas, grãos integrais e alimentos fermentados naturalmente promove uma microbiota saudável.

É importante limitar o consumo de alimentos ultraprocessados, açúcares refinados, e gorduras trans, que podem promover o crescimento de bactérias prejudiciais.


Uso consciente de medicamentos

O uso responsável de antibióticos é fundamental para prevenir a disbiose intestinal. Antibióticos devem ser utilizados apenas quando prescritos por médico e pelo tempo recomendado. Quando necessário seu uso, pode ser benéfico tomar probióticos concomitantemente.


Outros medicamentos que podem afetar a microbiota devem ser utilizados com cautela e sempre sob orientação médica.


Manejo do estresse

O controle do estresse é essencial para manter a saúde intestinal. Técnicas de relaxamento, exercícios regulares, sono adequado, e práticas como meditação podem ajudar a manter o equilíbrio da microbiota.


Impacto da disbiose na saúde geral


Conexão intestino-cérebro

A disbiose intestinal pode afetar significativamente a saúde mental através do eixo intestino-cérebro. As bactérias intestinais produzem neurotransmissores como serotonina, dopamina e GABA, que influenciam o humor e o comportamento.

Desequilíbrios na microbiota podem contribuir para ansiedade, depressão, alterações cognitivas e distúrbios do sono.


Sistema imunológico

Aproximadamente 70% do sistema imunológico está localizado no intestino, tornando a microbiota fundamental para a função imune adequada. A disbiose intestinal pode comprometer a imunidade, levando a maior suscetibilidade a infecções e desenvolvimento de doenças autoimunes.


Metabolismo e peso corporal

A microbiota intestinal influencia o metabolismo, a absorção de nutrientes e a regulação do peso corporal. A disbiose pode contribuir para ganho de peso, resistência à insulina e desenvolvimento de diabetes tipo 2.


A disbiose intestinal é uma condição complexa que afeta milhões de pessoas, mas que pode ser efetivamente tratada e prevenida através de abordagens integradas que incluem modificações dietéticas, uso apropriado de probióticos e prebióticos, manejo do estresse e estilo de vida saudável.


Reconhecer os sintomas da disbiose e buscar tratamento adequado é fundamental para manter não apenas a saúde digestiva, mas o bem-estar geral. Com o conhecimento e cuidados apropriados, é possível restaurar o equilíbrio da microbiota intestinal e desfrutar de uma vida mais saudável e equilibrada.

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