Falta de ar: causas, diagnóstico e quando se preocupar com esse sintoma
- medicinaatualrevis
- 14 de abr.
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A falta de ar, chamada de dispneia pelos profissionais de saúde, é uma das queixas mais frequentes nos consultórios e emergências. Trata-se da sensação de dificuldade para respirar — algo que pode variar de leve desconforto até uma emergência médica. Apesar de comum em quadros benignos, a falta de ar pode ser o sinal inicial de doenças pulmonares, cardíacas, hematológicas ou metabólicas.
Neste artigo, você entenderá o que pode causar a falta de ar, como ela se manifesta em diferentes contextos clínicos, quando é sinal de alerta e quais exames são realizados durante a investigação médica.
Como a falta de ar se manifesta
Durante a prática de exercícios ou em grandes altitudes, é normal que a respiração se torne mais rápida e profunda. No entanto, pessoas com condições de saúde — como asma, insuficiência cardíaca, pneumonia ou anemia — podem apresentar essa aceleração respiratória mesmo em repouso.
Na dispneia, além da respiração rápida, existe um desconforto associado: a pessoa sente que o ar “não entra”, como se o esforço para respirar fosse insuficiente.
Outros sintomas associados à falta de ar incluem dor torácica, tosse, chiado no peito, sensação de aperto, náuseas e ansiedade, dependendo da causa.
Principais causas da falta de ar
As causas mais frequentes de dispneia estão relacionadas a:
Doenças pulmonares: asma, pneumonia, DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica), embolia pulmonar;
Condições cardíacas: infarto do miocárdio, angina, insuficiência cardíaca;
Alterações sistêmicas: anemia, gravidez, sedentarismo, ganho de peso/;
Distúrbios metabólicos: acidose metabólica (como em casos graves de diabetes ou insuficiência renal);
Causas psicogênicas: ansiedade e síndrome de hiperventilação.
Em pessoas com doenças crônicas conhecidas, a falta de ar pode indicar agravamento do quadro ou surgimento de uma nova complicação, como infecção ou tromboembolismo.
Falta de ar nas doenças pulmonares
Pessoas com doenças pulmonares, como DPOC, asma ou fibrose pulmonar, frequentemente relatam dispneia mesmo com pequenos esforços. Nessas condições, o pulmão tem sua capacidade de troca gasosa reduzida ou enfrenta resistência ao fluxo de ar, especialmente durante a expiração. Isso leva ao acúmulo de ar nos pulmões, aumentando o desconforto respiratório.
Existem dois grandes grupos de doenças respiratórias:
Restritivas (como a fibrose pulmonar ou escoliose grave): dificultam a expansão do pulmão.
Obstrutivas (como DPOC ou asma): dificultam a saída de ar dos pulmões.
Durante crises asmáticas, o uso de inaladores com broncodilatadores é fundamental para aliviar os sintomas.
Quando o coração é o culpado
O coração, ao bombear o sangue pelos pulmões, pode ser responsável pela dispneia quando sua função está comprometida. Na insuficiência cardíaca, por exemplo, ocorre acúmulo de líquido nos pulmões (edema pulmonar), causando sensação de sufocamento, chiado no peito e tosse.
Sinais clássicos da dispneia de origem cardíaca incluem:
Ortopneia: dificuldade para respirar ao deitar-se.
Dispneia paroxística noturna: crises súbitas durante o sono, obrigando o paciente a se sentar para respirar melhor.
Ambas são manifestações de insuficiência cardíaca avançada e exigem avaliação imediata.
Anemia e outras causas sistêmicas
Na anemia, a quantidade de glóbulos vermelhos (e, consequentemente, a de oxigênio transportado pelo sangue) é reduzida. Assim, durante esforços, o corpo não recebe o oxigênio necessário e responde com aumento da frequência respiratória. Outros sintomas comuns são fadiga, palpitação e palidez.
Em casos de acidose metabólica, como na insuficiência renal grave ou diabetes descompensado, o corpo tenta compensar a acidez respirando mais rápido, o que leva à sensação de falta de ar.
Quando a ansiedade é a causa
A síndrome da hiperventilação, mais comum em contextos de estresse ou transtornos de ansiedade, causa uma respiração rápida e superficial. Os pacientes descrevem “falta de ar mesmo respirando muito” e muitas vezes confundem a crise com um infarto.
Sintomas como formigamento, tontura, sensação de despersonalização e dor torácica são frequentes nesse quadro.
Quando procurar ajuda médica
A falta de ar deve ser investigada sempre que:
Ocorre em repouso;
Vem acompanhada de dor torácica, confusão, tontura ou desmaio;
Aparece subitamente, sem motivo aparente;
Está associada a inchaço nas pernas, tosse com sangue ou febre alta.
Esses sinais podem indicar condições graves, como infarto, embolia pulmonar ou edema pulmonar. Nesses casos, a busca por atendimento emergencial é essencial.
Como o médico investiga a falta de ar
Durante a avaliação, o profissional colhe o histórico clínico, realiza exame físico e solicita exames como:
Oximetria de pulso: avalia a saturação de oxigênio no sangue;
Radiografia de tórax;
Eletrocardiograma (ECG);
Exames laboratoriais e gasometria;
Exames de imagem mais avançados, como tomografia ou cintilografia, quando há suspeita de embolia pulmonar;
Teste de função pulmonar, se houver suspeita de distúrbios respiratórios crônicos.
Tratamento da dispneia
O tratamento depende da causa. Pode incluir:
Oxigênio suplementar, quando a saturação está baixa;
Broncodilatadores e corticosteroides, no caso de doenças pulmonares;
Diuréticos e vasodilatadores, em casos de insuficiência cardíaca;
Transfusão ou tratamento da anemia;
Técnicas de respiração controlada e suporte psicológico, em casos de ansiedade.
Em quadros graves, pode ser necessário o uso de ventilação mecânica ou internação em UTI.
Conclusão
A falta de ar é um sintoma comum, mas potencialmente perigoso. Saber reconhecer quando ela exige atenção médica imediata pode fazer a diferença no desfecho clínico. Esteja atento aos sinais de gravidade e nunca hesite em procurar atendimento especializado, especialmente se houver dor no peito, confusão ou piora progressiva dos sintomas.
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