Febre Amarela: controle e vigilância são essenciais
- claurepires
- 19 de mar.
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Introdução
A Febre Amarela é uma doença viral aguda, transmitida por mosquitos, que pode causar desde manifestações leves até casos graves e fatais. O vírus pertence à família Flaviviridae e é um importante problema de saúde pública nas regiões tropicais da África e das Américas. No Brasil, a vigilância e o controle da Febre Amarela são essenciais para prevenir surtos em áreas endêmicas e urbanas.
Etiologia e Vetores
- Agente Etiológico: O vírus da Febre Amarela (Flavivirus), RNA de cadeia simples.
- Vetores:
- Ciclo Silvestre: Transmitido principalmente por mosquitos do gênero Haemagogus e Sabethes. Afeta principalmente primatas não humanos.
- Ciclo Urbano: Transmitido por Aedes aegypti, o mesmo vetor da dengue, zika e chikungunya.
Ciclos Epidemiológicos e Transmissão
A febre amarela apresenta dois principais ciclos de transmissão:
1. Ciclo Silvestre: Ocorre entre primatas não humanos (macacos) e mosquitos silvestres, em áreas de floresta. Humanos podem ser acidentalmente infectados ao adentrar essas áreas.
2. Ciclo Urbano: Envolve humanos e mosquitos Aedes aegypti. Esse ciclo tem sido controlado com sucesso no Brasil, e não há registros recentes de transmissão urbana no país.
- Transmissão: O vírus é transmitido através da picada de mosquitos infectados, após um período de incubação que varia de 3 a 6 dias no ser humano.
Imunidade e Controle
- Imunidade: Após infecção natural ou vacinação, desenvolve-se imunidade duradoura contra a doença. A vacinação é altamente eficaz, sendo recomendada para todas as pessoas que vivem ou viajam para áreas endêmicas.
- Vigilância Epidemiológica: No Brasil, os casos são monitorados principalmente em áreas de risco. O surto de febre amarela pode ser um indicador de circulação viral na natureza.
Sinais e Sintomas
A febre amarela pode variar de leve a grave, sendo dividida em três fases:
1. Fase de Infecção (inicial): Dura 3 a 6 dias. Caracteriza-se por febre alta, calafrios, cefaleia, dor muscular, náuseas e vômitos.
2. Fase de Remissão: Ocorre em alguns casos, com melhora temporária dos sintomas. No entanto, alguns pacientes evoluem para a fase mais grave da doença.
3. Fase Tóxica (Grave): Desenvolve-se em até 15% dos casos, após breve remissão. Os pacientes apresentam icterícia, insuficiência hepática e renal, hemorragias (gengivais, nasais e gastrointestinais) e choque. Essa fase é marcada por alto risco de óbito.
Diagnóstico
O diagnóstico da febre amarela depende da fase da doença:
- Fase de Viremia (primeira semana): Detecção direta do vírus através de RT-PCR ou isolamento viral.
- Fase Pós-Virêmica: Detecção de anticorpos específicos IgM e IgG através de sorologia.
Além disso, exames laboratoriais inespecíficos, como hemograma (leucopenia), testes de função hepática (aumento de bilirrubina e transaminases), e alterações na coagulação podem sugerir a doença.
Tratamento
Não existe tratamento antiviral específico para febre amarela. O manejo clínico consiste em suporte intensivo para as complicações, como:
- Hidratação intravenosa
- Suporte hemodinâmico
- Controle de hemorragias
- Monitoramento da função hepática e renal
Pacientes na fase grave necessitam de internação em unidade de terapia intensiva (UTI).
Prevenção
- Vacinação: A vacina contra a febre amarela é segura e eficaz, proporcionando imunidade duradoura. A vacinação é recomendada para todas as pessoas em áreas endêmicas e é necessária para viajantes que se deslocam para regiões de risco.
- Doses: No Brasil, uma dose única é suficiente para proteção ao longo da vida, conforme recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS).
- Contraindicações: A vacina é contraindicada em pessoas com imunossupressão grave, alergia a ovo, e outras condições específicas.
- Controle do Vetor: O controle dos mosquitos transmissores, principalmente do Aedes aegypti, é crucial para evitar surtos urbanos. Medidas de prevenção incluem eliminação de criadouros, uso de repelentes, e telas em portas e janelas.
Vigilância e Controle de Surto
- Monitoramento: A vigilância ativa envolve o monitoramento de casos em áreas de risco, bem como a investigação de óbitos de primatas não humanos, que servem como sentinelas para a circulação viral.
- Vacinação em Massa: Durante surtos, é essencial a vacinação rápida das populações em áreas afetadas para interromper a transmissão.
Pontos Importantes
1. Vírus: Febre Amarela é causada pelo vírus Flavivirus, transmitido por mosquitos.
2. Ciclos de Transmissão: Ocorre em dois ciclos, silvestre e urbano.
3. Vacinação: A principal medida preventiva. Uma única dose garante proteção vitalícia.
4. Fases Clínicas: A doença pode ser leve ou evoluir para um quadro grave, com insuficiência hepática e renal.
5. Tratamento: Não há tratamento antiviral específico; o manejo é de suporte.
6. Diagnóstico: A confirmação laboratorial é essencial, especialmente em áreas endêmicas.
7. Prevenção: Inclui controle do vetor e vacinação.
Referências
1. Ministério da Saúde (Brasil). Secretaria de Vigilância em Saúde. Guia de Vigilância em Saúde – Febre Amarela. Brasília: Ministério da Saúde, 2022. Disponível em: [www.saude.gov.br](http://www.saude.gov.br)
2. Organização Mundial da Saúde (OMS). Yellow Fever – Key Facts. Atualizado em 2023. Disponível em: [www.who.int](https://www.who.int)
3. Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Yellow Fever Information for Health Care Providers. Atlanta: CDC, 2023. Disponível em: [www.cdc.gov](https://www.cdc.gov)
4. PAHO/OMS – Organização Pan-Americana da Saúde. Febre Amarela: Alerta Epidemiológico – Atualização sobre Surto na América Latina. 2022. Disponível em: [www.paho.org](https://www.paho.org)
5. Brasil. Ministério da Saúde. Manual de Diagnóstico e Tratamento de Febre Amarela. 2022. Brasília: Ministério da Saúde.
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