Formigamento nas mãos e pés: causas e tratamentos
- medicinaatualrevis
- 20 de mai.
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O formigamento nas mãos e pés é um sintoma comum, descrito como uma sensação de “agulhadas”, “choques leves” ou dormência parcial. Em muitos casos, essa sensação é temporária e inofensiva, como quando permanecemos sentados na mesma posição por muito tempo. No entanto, quando se torna persistente ou recorrente, o formigamento pode sinalizar doenças mais sérias que precisam ser investigadas.
Neste artigo, vamos abordar as principais causas, como é feito o diagnóstico e quais os tratamentos indicados para o formigamento nas mãos e pés. A informação é fundamental para quem deseja entender melhor o próprio corpo e saber quando procurar um médico.
O que é formigamento nas mãos e pés
O formigamento é um tipo de parestesia, ou seja, uma alteração da sensibilidade em uma parte do corpo. Ele pode ser passageiro ou crônico, afetar apenas uma parte do corpo ou surgir de forma simétrica, em ambos os lados.
Também pode vir acompanhado de dormência, fraqueza, dor ou perda de função motora, dependendo da causa.
Principais causas do formigamento nas mãos e pés
1. Compressão nervosa
Uma das causas mais frequentes de formigamento é a compressão de nervos periféricos. Isso pode acontecer, por exemplo:
Síndrome do túnel do carpo: ocorre quando o nervo mediano é comprimido ao passar pelo punho. É comum em pessoas que usam muito as mãos (digitadores, costureiras).
Hérnia de disco cervical ou lombar: pode comprimir raízes nervosas, gerando formigamento que irradia para mãos ou pés.
Síndrome do túnel do tarso: compressão do nervo tibial posterior no tornozelo.
2. Neuropatia periférica
A neuropatia periférica é um dano nos nervos periféricos e pode afetar a sensibilidade de forma difusa. Algumas causas comuns incluem:
Diabetes mellitus: principal causa de neuropatia periférica no mundo. O excesso de glicose no sangue lesa os nervos com o tempo.
Alcoolismo crônico
Carência de vitaminas do complexo B (especialmente B12)
Doenças autoimunes (lúpus, artrite reumatoide)
Infecções como HIV e hanseníase
3. Má circulação sanguínea
Quando há dificuldade na irrigação adequada das extremidades, pode ocorrer dormência ou formigamento. Exemplos:
Doença arterial periférica.
Fenômeno de Raynaud: os vasos se contraem em resposta ao frio ou estresse, causando palidez e formigamento nos dedos.
Trombose arterial aguda ou crônica.
4. Esclerose múltipla
Trata-se de uma doença neurológica autoimune crônica, em que o sistema imunológico ataca a bainha de mielina dos neurônios. Um dos primeiros sintomas pode ser o formigamento nos membros, associado a visão embaçada, fraqueza muscular e desequilíbrios.
5. Hipotireoidismo
A tireoide lenta pode causar retenção de líquidos, o que pressiona os nervos periféricos e gera parestesias. Outros sintomas são fadiga, ganho de peso e pele ressecada.
6. Efeitos colaterais de medicamentos
Alguns medicamentos podem causar neuropatia como efeito colateral, entre eles:
Quimioterápicos.
Medicamentos antirretrovirais.
Antibióticos como metronidazol.
Estatinas (em alguns casos).
7. Ansiedade e crises de pânico
Durante episódios de hiperventilação (respiração acelerada), pode ocorrer redução de dióxido de carbono no sangue, o que altera a condução nervosa e leva ao formigamento, geralmente em mãos, face e pés.
Quando o formigamento nas mãos e pés é preocupante
Nem todo formigamento indica um problema grave, mas é importante procurar avaliação médica se:
O sintoma é constante ou recorrente.
O formigamento piora com o tempo.
Vem acompanhado de dor, fraqueza ou perda de força muscular.
Há dificuldade para andar ou segurar objetos.
Afeta ambos os lados do corpo ou é simétrico.
Ocorre após o início de um novo medicamento.
Nesses casos, exames clínicos e complementares podem ajudar a identificar a origem do problema.
Diagnóstico do formigamento nas mãos e pés
O primeiro passo é uma avaliação clínica detalhada, com exame neurológico e análise do histórico do paciente. Os exames mais utilizados são:
Exame | Finalidade |
Hemograma completo | Avalia possíveis infecções ou carências nutricionais |
Glicemia e hemoglobina glicada | Diagnóstico de diabetes ou pré-diabetes |
Dosagem de vitamina B12 | Verifica deficiência nutricional |
Eletroneuromiografia | Avalia a condução dos impulsos elétricos nos nervos |
Ressonância magnética | Detecta compressões, hérnias ou lesões cerebrais/medulares |
Testes de função tireoidiana | Avalia se há hipotireoidismo |
Tratamentos para o formigamento nas mãos e pés
O tratamento depende da causa subjacente. Veja as principais abordagens:
1. Controle da glicemia
Em casos de neuropatia diabética, o controle rigoroso do açúcar no sangue é essencial para impedir a progressão do dano nervoso.
2. Suplementação vitamínica
A deficiência de vitamina B12 e outras do complexo B pode ser corrigida com alimentação adequada e, se necessário, suplementação via oral ou injetável.
3. Fisioterapia e reabilitação
Indicado em casos de compressão nervosa, sequelas neurológicas ou pós-cirúrgicos. Ajuda a recuperar a mobilidade e força muscular.
4. Medicações neuromoduladoras
Fármacos como pregabalina, gabapentina ou amitriptilina são usados em casos de dor neuropática crônica associada ao formigamento.
5. Cirurgia
Quando há compressão severa de nervo (como no túnel do carpo), pode ser indicada descompressão cirúrgica.
6. Abordagem psicoterapêutica
Nos casos relacionados à ansiedade ou síndrome do pânico, o tratamento envolve psicoterapia e, às vezes, medicação ansiolítica.
Prevenção e cuidados diários
Mantenha um estilo de vida ativo, com exercícios regulares.
Evite o tabagismo e o consumo excessivo de álcool.
Controle condições crônicas como diabetes e hipertensão.
Tenha uma alimentação rica em nutrientes, especialmente vitaminas do complexo B.
Respeite os horários das refeições e evite jejum prolongado.
Não ignore sintomas persistentes — o diagnóstico precoce é essencial para evitar complicações.
Conclusão
O formigamento nas mãos e pés é um sintoma frequente e multifatorial. Pode ser passageiro, mas também pode sinalizar doenças crônicas como diabetes, neuropatias, distúrbios neurológicos ou hormonais. Por isso, é fundamental observar a frequência, a intensidade e os sintomas associados, além de buscar avaliação médica especializada quando necessário. O tratamento precoce e individualizado pode melhorar significativamente a qualidade de vida do paciente.
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