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Visão geral de infecções por arbovírus, arenavírus e filovírus


Virologista cientista no respirador. Mulher de perto olha usando máscara médica protetora. Conceito de segurança sanitária N1H1 proteção contra vírus epidemia de coronavírus 2019 nCoV.

Arbovírus (vírus transmitidos por artrópodes) aplica-se ao vírus que é transmitido para seres humanos e/ou outros vertebrados por certas espécies de artrópodes que se alimentam de sangue, principalmente insetos (moscas e mosquitos) e aracnídeos (carrapatos). Arbovírus não é parte do sistema de classificação atual de vírus, que baseia-se na natureza e estrutura do genomo viral.


Famílias, na atual classificação, que têm como membros alguns arbovírus incluem


  • Bunyaviridae (abrangendo os buniavírus, flebovírus, nairovírus e hantavírus)

  • Togaviridae

  • Flaviviridae (abrangendo apenas os flavivírus)

  • Orthomyxoviridae (incluindo os thototovírus)

  • Reoviridae (abrangendo os coltivírus e orbivírus)

  • Togaviridae (abrangendo os alfavírus)


A maioria dos vírus associados a febres hemorrágicas é classificada nas famílias Arenaviridae e Filoviridae. Contudo, alguns arbovírus, como alguns flavivírus (vírus da febre amarela, vírus da dengue) e alguns Bunyaviridae (vírus da febre do Vale do Rift, vírus da febre hemorrágica da Crimeia-Congo, vírus da febre grave com síndrome de trombocitopenia, hantavírus) podem estar associados a sintomas hemorrágicos.


Existem > 250 arbovírus spp distribuídos no mundo todo; pelo menos 80 causam doença humana. A maioria dos arbovírus é transmitida por mosquitos, mas alguns são transmitidos por carrapatos, e um (vírus Oropouche) é transmitido por maruins (mosquito-pólvora). Os pássaros com frequência são os reservatórios para arbovírus, que são transmitidos por mosquitos a cavalos, outros animais domésticos e seres humanos.


Outros reservatórios para arbovírus incluem artrópodes e vertebrados (na maioria das vezes, roedores, macacos e humanos). Esses vírus podem se disseminar para seres humanos de reservatórios não humanos, mas a transmissão entre pessoas também pode ocorrer por transfusão sanguínea, transplante de órgão, contato sexual e de mãe para filho durante o parto, dependendo do vírus específico envolvido.


A transmissão de uma pessoa para outra da maioria dos arbovírus por meio de contato casual diário não foi documentada. A maioria das doenças por arbovírus não é transmissível a pessoas, talvez porque a viremia típica seja inadequada para infectar o vetor artrópode; as exceções incluem febre por dengue, febre amarela, infecção por vírus da zica e doença da chicungunha, que podem ser transmitidas de pessoa para pessoa por mosquitos.


Transmissão por atividade sexual


Além disso, o vírus da zica pode ser transmitido durante a atividade sexual de homens infectados com ou sem sintomas para seus parceiros sexuais (homem ou mulher) ou de mulheres infectadas para seus parceiros sexuais.


Algumas infecções (p. ex., infecção pelo vírus do Nilo Ocidental, febre do carrapato do Colorado, dengue, vírus da zica) foram disseminadas por transfusão de sangue ou doação de órgãos.


A família Arenaviridae contém o vírus da coriomeningite linfocítica, o vírus da febre de Lassa, o vírus Mopeia, o vírus Tacaribe, o vírus Junin, o vírus Lujo e vírus Machupo; todos são transmitidos por roedores e, portanto, não são arbovírus. O vírus da febre de Lassa pode ser transmitido de uma pessoa para outra.


A família Filoviridae consiste em 2 gêneros: Ebolavirus (composto por 5 espécies) e Marburgvirus (composto por 2 espécies). Os vetores específicos desses vírus não foram confirmados, mas morcegos frugívoros são os principais candidatos; assim, os Filoviridae não são arbovírus. A transmissão interpessoal do vírus Ebola e do vírus Marburg ocorre facilmente.


Muitas dessas infecções são assintomáticas. Quando sintomáticas, geralmente se iniciam como doença inespecífica menor semelhante à influenza que pode evoluir para uma de algumas síndromes (Ver tabela Doenças por arbovírus, arenavírus e filovírus). Essas síndromes incluem linfadenopatia, exantema, meningite asséptica, encefalite, artralgias, artrite e edema pulmonar não cardiogênico.


Muitas causam febre e tendência a sangramento (febre hemorrágica). Síntese diminuída dos fatores de coagulação dependentes de vitamina K, coagulação intravascular disseminada e função plaquetária alterada contribuem para o sangramento.


O diagnóstico laboratorial envolve normalmente culturas virais, reação em cadeia de polimerase (PCR, polymerase chain reaction [reação em cadeia da polimerase]), microscopia eletrônica e métodos de detecção de antígeno e anticorpo, quando disponível.


TABELA Doenças por arbovírus, arenavírus e filovírus

Doenças por arbovírus, arenavírus e filovírus
Tabelas de doenças por arbovírus, arenavírus e filovírus
tabela com Doenças por arbovírus, arenavírus e filovírus
Doenças por arbovírus, arenavírus e filovírus
Doenças por arbovírus, arenavírus e filovírus
tabela de Doenças por arbovírus, arenavírus e filovírus
Doenças por arbovírus, arenavírus e filovírus
Doenças por arbovírus, arenavírus e filovírus
Doenças por arbovírus, arenavírus e filovírus
Doenças por arbovírus, arenavírus e filovírus
Doenças por arbovírus, arenavírus e filovírus

Tratamento


  • Cuidados de suporte

  • Algumas vezes, ribavirina

Para a maioria dessas infecções, o tratamento é de suporte.

Nas febres hemorrágicas, o sangramento pode requerer fitonadiona (vitamina K1). A transfusão de concentrado de eritrócitos ou plasma fresco congelado também pode ser necessária. São contraindiciados ácido acetilsalicílico e anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), em razão da atividade antiplaquetária. Para casos avançados da síndrome cardiopulmonar por hantavírus, pode ser necessário usar oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO).

O seguinte é recomendado para febre hemorrágica causada por arenavírus ou buniavírus, incluindo febre de Lassa, febre do Vale Rift e febre hemorrágica de Crimeia-Congo:

  • Ribavirina, 30 mg/kg, IV (máximo de 2 g), em dose única de ataque, seguida por 16 mg/kg, IV (máximo de 1 g por dose), a cada 6 h, durante 4 dias, e então 8 mg/kg, IV (máximo de 500 mg por dose) a cada 8 h, durante 6 dias.

O tratamento da febre hágica com síndrome renal é feito com ribavirina IV: dose ataque de 33 mg/kg (máximo de 2,64 g), seguida de 16 mg/kg a cada 6 h (máximo de 1,28 g a cada 6 h), durante 4 dias e, a seguir, 8 mg/kg a cada 8 h (máximo de 0,64 g, a cada 8 h) por 3 dias. O tratamento antiviral para outras síndromes não foi estudado de maneira adequada. Ribavirina não foi eficaz em modelos com animais das infecções por filovírus e flavivírus. A US Food and Drug Administration (FDA) aprovou dois fármacos para tratar a doença pelo vírus Ebola causada pelo vírus Ebola do Zaire em adultos e crianças: uma combinação de três anticorpos monoclonais (atoltivimabe/maftivimabe/odesivimabe) e um anticorpo monoclonal único (ansuvimabe).

Prevenção


  • Controle do vetor

  • Prevenção de picadas dos vetores

  • Algumas vezes, vacinação

  • Evitar contato com animais infectados, seus produtos e seus excrementos (hantavírus)

A abundância e diversidade do arbovírus significa que muitas vezes é mais fácil e mais barato controlar as infecções por arbovírus destruindo seus vetores artrópodes, prevenindo picadas e eliminando seus habitats de reprodução do que desenvolver vacinas específicas ou tratamentos com fármacos.

Controle do vetor e prevenção de picadas

Doenças transmitidas por mosquitos e carrapatos podem frequentemente ser prevenidas pelo seguinte:

  • Usar roupas que cobrem o corpo o máximo possível

  • Usar repelentes contra insetos [p. ex., DEET (dietiltoluamida)]

  • Minimizar a probabilidade de exposição ao inseto ou carrapato (p. ex., no caso de mosquitos, limitar o tempo ao ar livre em áreas úmidas; para carrapatos, ver nota lateral Prevenção de picadas de carrapato)

  • Houve progresso recente na redução das populações de Aedes aegypti por meio da liberação de machos estéreis ou machos geneticamente modificados. Além disso, testes de campo estão em andamento, com a introdução na natureza de mosquitos Aedes aegypti que foram infectados com bactérias Wolbachia. Essas bactérias não reduzem a população de mosquitos. Em vez disso, bloqueiam a infecção dos mosquitos pelos vírus da dengue, chicungunha e zica, reduzindo assim a transmissão da doença. Os Wolbachia são transmitidos aos descendentes do mosquito infectado, multiplicando assim a eficácia da técnica.

Doenças transmitidas por excrementos de roedores podem ser prevenidas desta forma:

  • Antes de limpar, ventilar por ≥ 15 minutos os espaços fechados onde os roedores estiveram.

  • Umedecer as superfícies com uma solução de água sanitária (10%) antes de varrer ou limpar.

  • Evitar que a poeira levante.

  • Vedar os potenciais locais de entrada de roedores nas casas e nos edifícios nas proximidades.

  • Impedir que roedores acessem alimentos.

  • Eliminar potenciais locais de nidificação na e ao redor da casa e outros edifícios.

Diretrizes para limpeza dos locais de roedores e realização de atividades em áreas com potenciais excrementos de roedores do Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Como a transmissão dos filovírus Ebola e Marburg é predominantemente interpessoal, a prevenção da propagação requer medidas rigorosas de quarentena e isolamento.


Vacinação

Atualmente, nos EUA só existem vacinas eficazes contra o vírus Ebola, o vírus da febre amarela e o vírus da encefalite japonesa. Vacinas para encefalite transmitida por carrapatos estão disponíveis na Europa, Rússia e China. Uma vacina da dengue foi aprovada em vários países fora dos EUA, mas sua eficácia é apenas moderada e varia de acordo com o estado imunológico de dengue, sorotipo e idade do paciente; estudos estão em andamento.




Dicas e conselhos

  • Os arbovírus não são uma família de vírus; o termo simplesmente indica que o vírus é transmitido por certas espécies de artrópodes— — do inglês arthropod-borne virus.

  • Membros de muitas famílias virais diferentes podem ser arbovírus.



Por

, PhD, University of Wisconsin-Madison

Avaliado clinicamente ago 2021

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