Lúpus: quando o sistema imune ataca o próprio corpo
- medicinaatualrevis
- 18 de jun.
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O lúpus é uma doença autoimune crônica, ou seja, ocorre quando o sistema imunológico — que deveria proteger o corpo contra ameaças — passa a atacar tecidos saudáveis. É uma condição complexa e de difícil diagnóstico, pois os sintomas variam bastante de pessoa para pessoa e podem imitar outras doenças.
Embora não tenha cura, o lúpus pode ser controlado com acompanhamento médico e mudanças no estilo de vida.
Lúpus: os diferentes tipos da doença
Existem algumas formas de lúpus, e cada uma afeta o corpo de maneira diferente. O mais comum é o lúpus eritematoso sistêmico (LES), mas há outras apresentações:
1. Lúpus eritematoso sistêmico (LES)
Forma mais comum e mais grave. Pode atingir pele, articulações, rins, pulmões, cérebro e outros órgãos. Os sintomas variam bastante em cada paciente.
2. Lúpus cutâneo
Afeta principalmente a pele. Geralmente provoca lesões em áreas expostas ao sol, como rosto, orelhas e braços. Pode ser do tipo discoide (crônico) ou subagudo (mais transitório).
3. Lúpus induzido por medicamentos
Causado pelo uso prolongado de certos remédios (como hidralazina, procainamida). Os sintomas são semelhantes aos do LES, mas geralmente desaparecem com a suspensão da medicação.
4. Lúpus neonatal
Raro, afeta recém-nascidos de mães com lúpus ou outras doenças autoimunes. Pode causar manchas na pele e alterações no ritmo cardíaco do bebê.
O que causa o lúpus?
As causas do lúpus ainda não são completamente conhecidas. Acredita-se que fatores genéticos, hormonais e ambientais estejam envolvidos no surgimento da doença. Entre os principais gatilhos:
Alterações genéticas predisponentes.
Exposição ao sol (raios UV).
Infecções virais.
Estresse físico ou emocional intenso.
Uso de certos medicamentos.
Oscilações hormonais (a doença é mais comum em mulheres jovens).
Sintomas mais comuns do lúpus
Os sinais do lúpus variam muito, o que pode dificultar o diagnóstico. Em muitos casos, os sintomas surgem em surtos intercalados por períodos de remissão.
Cansaço extremo, mesmo após descanso.
Dores articulares ou inchaço, especialmente nas mãos e joelhos.
Manchas avermelhadas na pele, especialmente a clássica “asa de borboleta” no rosto.
Queda de cabelo.
Febre baixa persistente.
Sensibilidade ao sol (fotossensibilidade).
Úlceras na boca ou nariz.
Dor no peito ao respirar profundamente (inflamação da pleura).
Problemas nos rins (em casos mais graves).
Alterações neurológicas, como dores de cabeça, convulsões ou confusão mental.
Quando desconfiar de lúpus?
É comum que o lúpus seja confundido com outras condições, como artrite reumatoide, fibromialgia ou infecções. O ideal é procurar um médico se os sintomas forem persistentes, variados e não tiverem explicação clara.
Fadiga constante com sinais inflamatórios.
Dores articulares sem causa aparente.
Febre recorrente e sem motivo infeccioso.
Manchas no rosto que pioram com sol.
Histórico familiar de doenças autoimunes.
Como é feito o diagnóstico
O diagnóstico do lúpus é feito com base nos sintomas, histórico clínico e exames laboratoriais. Não há um exame único que confirme a doença — por isso, a avaliação deve ser cuidadosa.
Exame clínico completo com histórico detalhado.
Exames de sangue, como FAN (fator antinuclear), anti-DNA, anti-Sm.
Hemograma completo, para verificar anemia ou queda de plaquetas.
Função renal e hepática, para avaliar comprometimento de órgãos.
Urina tipo I, para detectar proteínas e sangue nos rins.
Biópsia de pele ou rim, em alguns casos.
Existe tratamento para lúpus?
Embora não tenha cura, o lúpus pode ser controlado com o tratamento adequado. O foco é reduzir a inflamação, controlar os sintomas e prevenir danos aos órgãos.
Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs): para dores articulares e febre.
Corticosteroides: usados em crises, para reduzir inflamações.
Imunossupressores, como azatioprina e ciclofosfamida.
Antimaláricos, como a hidroxicloroquina — muito utilizados para controlar sintomas cutâneos e articulares.
Tratamento específico para complicações (como insuficiência renal ou problemas neurológicos).
Como conviver com o lúpus?
Além do uso dos medicamentos, algumas mudanças de hábitos ajudam bastante a manter a qualidade de vida.
Usar protetor solar todos os dias, mesmo em dias nublados.
Evitar exposição solar direta.
Manter uma alimentação equilibrada e rica em nutrientes.
Praticar atividades físicas leves regularmente.
Ter uma boa rotina de sono e controle do estresse.
Realizar acompanhamento médico regular.
Conclusão
O lúpus é uma doença séria, mas com tratamento adequado e acompanhamento contínuo, é possível viver bem e com qualidade. Quanto mais cedo o diagnóstico for feito, maiores as chances de controlar a doença e evitar complicações. Estar atento aos sinais do corpo e buscar orientação médica são passos fundamentais para quem convive com sintomas persistentes.
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