top of page

Leptospirose: epidemiologia, transmissão, manifestações clínicas e tratamento


Leptospirose

 

Definição

Leptospirose é uma doença infecciosa causada por bactérias do gênero Leptospira. É transmitida principalmente pelo contato com água ou solo contaminados pela urina de animais infectados, especialmente roedores. A infecção pode variar de uma forma leve e autolimitada até manifestações graves, como a síndrome de Weil, caracterizada por insuficiência renal, hemorragia e icterícia.

 

Epidemiologia

A leptospirose é comum em áreas urbanas com problemas de saneamento e infraestrutura, particularmente em locais com infestações de roedores e após enchentes ou inundações. A Região Norte e a Região Sul do Brasil registram os maiores números de casos ao longo do ano, com surtos sazonais, especialmente após eventos climáticos severos.

 

- Aglomerações Urbanas: Comunidades carentes e áreas com falta de saneamento básico.

- Reservatórios: Roedores, especialmente Rattus norvegicus (ratazana), são os principais reservatórios, liberando leptospiras pela urina no ambiente.

 

Etiologia e Agente Causador

O agente etiológico é a bactéria Leptospira interrogans, uma espiroqueta aeróbica. No Brasil, os sorovares mais comuns associados às formas graves da doença são Icterohaemorrhagiae e Copenhageni. Esses sorovares são capazes de sobreviver por até 180 dias no ambiente, em condições úmidas.

 

Transmissão

A transmissão ocorre principalmente por meio da penetração da bactéria pela pele ou mucosas, em contato direto com a urina de animais infectados ou com água e solo contaminados. A exposição direta a enchentes, fossas, esgotos e lixo aumenta o risco de infecção.

 

Período de Incubação

O período de incubação varia entre 1 e 30 dias, sendo a média de 5 a 14 dias.

 

Manifestações Clínicas

A leptospirose pode se manifestar em duas fases clínicas:

 

- Fase Precoce (Leptospirêmica): Caracterizada por sintomas inespecíficos como febre alta, cefaleia, mialgia intensa (especialmente na panturrilha), náuseas e vômitos. Em 85 a 90% dos casos, essa fase é autolimitada, com resolução espontânea em até 7 dias.

 

- Fase Tardia (Imune): Ocorre após o desaparecimento inicial dos sintomas e é marcada pela resposta imune do organismo. A forma mais grave é a síndrome de Weil, caracterizada por icterícia intensa, insuficiência renal e hemorragias, principalmente pulmonares.

 

Formas Clínicas Graves

A forma pulmonar grave apresenta febre, insuficiência respiratória e síndrome da angústia respiratória aguda (SARA), com hemorragia pulmonar em muitos casos. Outras complicações incluem miocardite, pancreatite e distúrbios neurológicos.

 

Diagnóstico

O diagnóstico baseia-se em dados clínicos e epidemiológicos, complementados por exames laboratoriais específicos:

 

- Fase Precoce: Identificação do DNA bacteriano por PCR no sangue ou cultura bacteriana.

- Fase Tardia: Pesquisa de leptospiras na urina e sorologia, com o teste de ELISA-IgM ou o teste de microaglutinação (MAT), que é o padrão-ouro.

 

Diagnóstico Diferencial

As principais doenças que devem ser consideradas no diagnóstico diferencial são dengue, febre amarela, hepatites virais agudas, hantavirose, doença de Chagas aguda e outras infecções febris.

 

Tratamento

O tratamento inclui antibioticoterapia e suporte clínico, principalmente em casos graves.

 

- Antibioticoterapia:

  - Doxiciclina: 100 mg a cada 12 horas por 7 dias.

  - Amoxicilina: 500 mg a cada 8 horas por 7 dias.

  - Em casos graves: Penicilina G intravenosa.

 

Prevenção e Medidas de Controle

As principais medidas de prevenção envolvem:

 

- Controle de Roedores: Programas de desratização e educação em saúde.

- Saneamento Básico: Melhorias na infraestrutura para evitar inundações e acúmulo de lixo.

- Proteção Individual: Uso de equipamentos de proteção, especialmente em atividades de risco.

 

Vigilância Epidemiológica

A leptospirose é uma doença de notificação compulsória no Brasil. A vigilância visa monitorar a ocorrência de casos, identificar surtos e implementar medidas de controle e prevenção.

 

Pontos Importantes

- Transmissão: Contato com água ou solo contaminados pela urina de roedores.

- Sintomas iniciais: Febre, cefaleia, mialgia.

- Formas graves: Icterícia, insuficiência renal e hemorragia.

- Tratamento precoce: Antibióticos como doxiciclina ou amoxicilina.

- Prevenção: Controle de roedores e medidas de saneamento básico.

 

Referências

As diretrizes e informações apresentadas neste capítulo foram baseadas nas fontes mais recentes de entidades como o Ministério da Saúde do Brasil, Organização Mundial da Saúde (OMS) e Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

 

Comments


logotipo do site medicinal atual

MedicinAtual é o mais completo portal de conteúdos exclusivos para atualização nas especialidades médicas, artigos e pesquisas científicas, notícias, informações em saúde e Medicina.  O MedicinAtual disponibiliza ferramentas médicas que facilitam a rotina do médico ou do estudante de Medicina. O MedicinAtual reune ainda os portais PneumoAtual, AlergiaAtual e UrologiaAtual.

  • Instagram
  • Facebook

Todos os Direitos Reservados - 2025

NEWSLETTER

Cadastre abaixo e receba  as últimas atualizações de conteúdo do nosso portal médico.

Obrigado (a) por se cadastrar!

bottom of page