Leptospirose: epidemiologia, transmissão, manifestações clínicas e tratamento
- claurepires
- 19 de mar.
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Definição
Leptospirose é uma doença infecciosa causada por bactérias do gênero Leptospira. É transmitida principalmente pelo contato com água ou solo contaminados pela urina de animais infectados, especialmente roedores. A infecção pode variar de uma forma leve e autolimitada até manifestações graves, como a síndrome de Weil, caracterizada por insuficiência renal, hemorragia e icterícia.
Epidemiologia
A leptospirose é comum em áreas urbanas com problemas de saneamento e infraestrutura, particularmente em locais com infestações de roedores e após enchentes ou inundações. A Região Norte e a Região Sul do Brasil registram os maiores números de casos ao longo do ano, com surtos sazonais, especialmente após eventos climáticos severos.
- Aglomerações Urbanas: Comunidades carentes e áreas com falta de saneamento básico.
- Reservatórios: Roedores, especialmente Rattus norvegicus (ratazana), são os principais reservatórios, liberando leptospiras pela urina no ambiente.
Etiologia e Agente Causador
O agente etiológico é a bactéria Leptospira interrogans, uma espiroqueta aeróbica. No Brasil, os sorovares mais comuns associados às formas graves da doença são Icterohaemorrhagiae e Copenhageni. Esses sorovares são capazes de sobreviver por até 180 dias no ambiente, em condições úmidas.
Transmissão
A transmissão ocorre principalmente por meio da penetração da bactéria pela pele ou mucosas, em contato direto com a urina de animais infectados ou com água e solo contaminados. A exposição direta a enchentes, fossas, esgotos e lixo aumenta o risco de infecção.
Período de Incubação
O período de incubação varia entre 1 e 30 dias, sendo a média de 5 a 14 dias.
Manifestações Clínicas
A leptospirose pode se manifestar em duas fases clínicas:
- Fase Precoce (Leptospirêmica): Caracterizada por sintomas inespecíficos como febre alta, cefaleia, mialgia intensa (especialmente na panturrilha), náuseas e vômitos. Em 85 a 90% dos casos, essa fase é autolimitada, com resolução espontânea em até 7 dias.
- Fase Tardia (Imune): Ocorre após o desaparecimento inicial dos sintomas e é marcada pela resposta imune do organismo. A forma mais grave é a síndrome de Weil, caracterizada por icterícia intensa, insuficiência renal e hemorragias, principalmente pulmonares.
Formas Clínicas Graves
A forma pulmonar grave apresenta febre, insuficiência respiratória e síndrome da angústia respiratória aguda (SARA), com hemorragia pulmonar em muitos casos. Outras complicações incluem miocardite, pancreatite e distúrbios neurológicos.
Diagnóstico
O diagnóstico baseia-se em dados clínicos e epidemiológicos, complementados por exames laboratoriais específicos:
- Fase Precoce: Identificação do DNA bacteriano por PCR no sangue ou cultura bacteriana.
- Fase Tardia: Pesquisa de leptospiras na urina e sorologia, com o teste de ELISA-IgM ou o teste de microaglutinação (MAT), que é o padrão-ouro.
Diagnóstico Diferencial
As principais doenças que devem ser consideradas no diagnóstico diferencial são dengue, febre amarela, hepatites virais agudas, hantavirose, doença de Chagas aguda e outras infecções febris.
Tratamento
O tratamento inclui antibioticoterapia e suporte clínico, principalmente em casos graves.
- Antibioticoterapia:
- Doxiciclina: 100 mg a cada 12 horas por 7 dias.
- Amoxicilina: 500 mg a cada 8 horas por 7 dias.
- Em casos graves: Penicilina G intravenosa.
Prevenção e Medidas de Controle
As principais medidas de prevenção envolvem:
- Controle de Roedores: Programas de desratização e educação em saúde.
- Saneamento Básico: Melhorias na infraestrutura para evitar inundações e acúmulo de lixo.
- Proteção Individual: Uso de equipamentos de proteção, especialmente em atividades de risco.
Vigilância Epidemiológica
A leptospirose é uma doença de notificação compulsória no Brasil. A vigilância visa monitorar a ocorrência de casos, identificar surtos e implementar medidas de controle e prevenção.
Pontos Importantes
- Transmissão: Contato com água ou solo contaminados pela urina de roedores.
- Sintomas iniciais: Febre, cefaleia, mialgia.
- Formas graves: Icterícia, insuficiência renal e hemorragia.
- Tratamento precoce: Antibióticos como doxiciclina ou amoxicilina.
- Prevenção: Controle de roedores e medidas de saneamento básico.
Referências
As diretrizes e informações apresentadas neste capítulo foram baseadas nas fontes mais recentes de entidades como o Ministério da Saúde do Brasil, Organização Mundial da Saúde (OMS) e Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
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