O que é artrite reumatoide (AR)? Entenda sintomas, causas e tratamentos

A artrite reumatoide (AR) é uma condição autoimune crônica que afeta principalmente as articulações, causando dor, inchaço, rigidez e, com o tempo, deformidades. Embora possa parecer uma doença exclusiva das articulações, seus efeitos vão além, podendo comprometer também outros órgãos do corpo, como pulmões, olhos e coração.

Neste artigo do Medicina Atual, você vai entender o que é artrite reumatoide, como ela se manifesta, quais são suas causas, como é feito o diagnóstico e quais os tratamentos mais eficazes para manter a qualidade de vida.

O que é artrite reumatoide

A artrite reumatoide (AR) é uma doença autoimune inflamatória crônica que faz com que o sistema imunológico ataque, por engano, o revestimento das articulações, chamado sinóvia. Esse ataque provoca inflamação persistente, que pode levar à destruição da cartilagem, do osso subjacente e à deformação das articulações.

Ela é mais comum em mulheres e geralmente tem início entre os 35 e 50 anos, embora possa afetar pessoas de qualquer idade, inclusive crianças (caso em que é chamada de artrite idiopática juvenil).

Quais são as causas da artrite reumatoide

A causa exata da artrite reumatoide ainda não é totalmente compreendida, mas acredita-se que ela envolva uma combinação de fatores genéticos, hormonais e ambientais. Entre os principais fatores associados estão:

• Predisposição genética (histórico familiar);

• Sexo feminino (as mulheres são mais afetadas);

• Infecções virais ou bacterianas como gatilho;

• Tabagismo;

• Exposição a substâncias químicas ou estresse crônico.

  
  

Na AR, o sistema imunológico reage como se houvesse uma infecção, liberando substâncias inflamatórias que atacam tecidos saudáveis, especialmente nas articulações.

Sintomas da artrite reumatoide

Os sintomas da artrite reumatoide se instalam geralmente de forma lenta e progressiva, e podem variar em intensidade. O quadro clássico inclui:

Sintomas articulares:

• Dor, inchaço, calor e vermelhidão nas articulações;

• Rigidez matinal durando mais de uma hora;

• Afeta articulações simétricas, como ambos os pulsos, joelhos ou mãos;

• Dificuldade em mover ou usar as articulações afetadas;

• Deformidades com o tempo, como os dedos em botoeira ou em pescoço de cisne.

  
  

Sintomas sistêmicos:

• Fadiga extrema e sensação de mal-estar;

• Febre baixa e perda de apetite;

• Perda de peso involuntária;

• Nódulos reumatoides (caroços firmes sob a pele);

• Olhos secos ou irritados;

• Dor torácica e dificuldade para respirar, em casos de acometimento pulmonar ou cardíaco.

  
  

A AR pode ter períodos de atividade intensa (surtos) intercalados com fases de remissão parcial, onde os sintomas diminuem

Como a artrite reumatoide afeta as articulações

Com o passar dos anos, a inflamação persistente pode causar danos irreversíveis às articulações, com:

• Desgaste da cartilagem articular;

• Erosão óssea;

• Encurtamento de tendões e ligamentos;

• Deformidades visíveis, especialmente nas mãos e pés.
  

As deformidades clássicas incluem:

• Deformidade em pescoço de cisne: onde a articulação média do dedo fica estendida e as demais, dobradas;

• Deformidade em botoeira: quando o dedo dobra-se na articulação central e estende-se na ponta.

  
  

Essas alterações comprometem a função e a qualidade de vida, podendo limitar atividades simples do dia a dia.

Quando os dedos estão curvados de forma anormal

Algumas doenças, como artrite reumatoide e lesões, podem fazer com que os dedos se curvem de forma anormal. Na deformidade em pescoço de cisne, a articulação na base do dedo flexiona-se (flexiona), a articulação central abre-se (estende) e a última articulação se dobra (flexiona). No dedo em botoeira, a articulação central do dedo flexiona-se para dentro (em direção à palma da mão) e a articulação externa flexiona-se para fora (em direção oposta à palma da mão).

Como é feito o diagnóstico da artrite reumatoide

O diagnóstico da AR envolve uma combinação de história clínica, exame físico e exames complementares. Os principais critérios incluem:

• Histórico de dor e rigidez matinal prolongada;

• Presença de inchaço em mais de uma articulação por pelo menos 6 semanas;

• Alterações simétricas;

• Presença de nódulos reumatoides.

  
  

Exames complementares:

• Exames de sangue:

  • Fator reumatoide (FR);

  • Anticorpo anti-CCP;

  • Velocidade de hemossedimentação (VHS);

  • Proteína C-reativa (PCR).
    

• Radiografias e ultrassonografia das articulações.
  

• Exame do líquido sinovial, em casos específicos.

  
  

É importante que o diagnóstico seja precoce, pois o início rápido do tratamento pode evitar deformidades permanentes.

Como é o tratamento da artrite reumatoide

Embora a artrite reumatoide não tenha cura, os tratamentos disponíveis hoje permitem controlar a inflamação, aliviar os sintomas, preservar a função das articulações e melhorar a qualidade de vida.

1. Medicamentos

• Anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs): reduzem dor e inflamação.

• Corticosteroides (como prednisona): usados em crises agudas.

• DMARDs (drogas modificadoras da doença):

  • Exemplos: metotrexato, leflunomida, sulfassalazina.

  • Atuam retardando a progressão da doença.

• Imunobiológicos (biológicos):

  • Exemplos: adalimumabe, etanercepte, tocilizumabe.

  • Indicado para pacientes que não respondem aos DMARDs tradicionais.

  
  

2. Reabilitação e atividades físicas

• Fisioterapia para preservar a mobilidade.

• Terapia ocupacional para adaptação das atividades diárias.

• Exercícios de baixo impacto, como caminhada, natação e alongamento.

• Técnicas de conservação de energia, para evitar sobrecarga articular.

  
  

3. Cuidados gerais

• Alimentação rica em ômega-3, com peixes e óleos vegetais.

• Evitar carnes processadas e alimentos ultraprocessados.

• Não fumar (o tabaco agrava a doença).

• Reduzir o estresse e manter o peso adequado.

  
  

4. Cirurgia (em casos avançados)

• Artroplastia (próteses) de quadril ou joelho.

• Correção de deformidades nos dedos ou punhos.
  

A escolha do tratamento é individualizada e deve ser feita em conjunto com o reumatologista.

Viver com artrite reumatoide

Com diagnóstico precoce, tratamento adequado e mudanças no estilo de vida, é possível conviver com a artrite reumatoide com menos dor e mais independência. A adesão ao tratamento e o acompanhamento médico regular são fundamentais para:

• Controlar a atividade da doença;

• Reduzir crises e flutuações;

• Preservar a mobilidade;

• Manter uma boa qualidade de vida.

  
  

O apoio emocional, a prática de autocuidado e a educação sobre a doença também são pilares no tratamento da AR.

Conclusão

A artrite reumatoide é uma doença séria, mas com diagnóstico precoce e acompanhamento especializado, seus impactos podem ser minimizados. Saber identificar os sintomas iniciais, buscar atendimento médico e seguir o plano terapêutico são atitudes essenciais para proteger suas articulações e sua saúde geral.

Se você sente dores articulares persistentes, rigidez matinal prolongada ou inchaço nas mãos e joelhos, não ignore os sinais. Consulte um reumatologista.

Fonte: Manual MSD