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OMS publica primeiras diretrizes globais para diagnóstico e tratamento da meningite


meningite bacteriana


A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou no dia 10 de abril suas primeiras diretrizes globais para o diagnóstico, tratamento e cuidados da meningite.


O objetivo principal é acelerar a detecção, garantir o tratamento oportuno e melhorar os cuidados de longo prazo, especialmente nos casos de meningite bacteriana, a forma mais grave da doença.


Apesar da existência de vacinas e tratamentos eficazes, a meningite ainda representa uma ameaça significativa à saúde global. Em 2019, foram registrados cerca de 2,5 milhões de casos de meningite em todo o mundo, incluindo 1,6 milhão de casos de meningite bacteriana, que resultaram em aproximadamente 240 mil mortes.


Além do alto risco de óbito (cerca de 1 a cada 6 pacientes), 20% dos sobreviventes podem desenvolver complicações de longo prazo, como deficiências auditivas, motoras ou cognitivas. Os impactos da doença vão além do aspecto clínico, gerando também custos sociais e econômicos elevados para famílias e comunidades.


As novas diretrizes da OMS cobrem todos os aspectos do cuidado clínico, desde o diagnóstico e antibioticoterapia até o acompanhamento de efeitos a longo prazo. Elas são direcionadas ao atendimento de crianças com mais de um mês, adolescentes e adultos com meningite aguda adquirida, tanto de origem bacteriana quanto viral.


A iniciativa faz parte do Plano Global "Derrotando a Meningite até 2030", aprovado pelos Estados-Membros da OMS em 2020, que visa eliminar as epidemias de meningite bacteriana, reduzir os casos em 50% e as mortes em 70%.


A maior carga da doença está concentrada em países de baixa e média renda, especialmente no chamado “cinturão da meningite” na África Subsaariana, região que enfrenta epidemias recorrentes de meningite meningocócica.


O que é a meningite bacteriana?


A meningite bacteriana é uma doença infecciosa grave caracterizada pela inflamação das meninges, as membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. Diferente de outras formas de meningite, como a viral, a bacteriana apresenta maior risco de sequelas neurológicas permanentes e é considerada uma emergência médica.


A rapidez no reconhecimento dos sintomas e o tratamento imediato com antibóticos adequados são essenciais para evitar complicações e reduzir a mortalidade. Neste artigo, você vai entender como a meningite bacteriana se manifesta, como é feito o diagnóstico, quais os principais agentes envolvidos, opções terapêuticas e medidas de prevenção.


Principais causas da meningite bacteriana


A doença pode ser causada por diferentes bactérias, dependendo da faixa etária e do contexto epidemiológico. As principais são:


  • Streptococcus pneumoniae (pneumococo): mais comum em adultos e crianças menores de 5 anos;

  • Neisseria meningitidis (meningococo): pode causar surtos e é mais frequente em adolescentes e adultos jovens;

  • Haemophilus influenzae tipo b (Hib): mais comum antes da vacinação em massa;

  • Listeria monocytogenes: importante em imunossuprimidos, gestantes e idosos.


A meningite pode surgir de forma primária ou secundária a infecções respiratórias, otites, sinusites ou traumas cranianos.


Transmissão e grupos de risco


A transmissão ocorre, em geral, por contato com secreções respiratórias de pessoas infectadas, especialmente em ambientes fechados e com aglomeração.


Os grupos mais vulneráveis incluem:


  • Crianças menores de 5 anos;

  • Adolescentes e jovens em escolas e universidades;

  • Idosos;

  • Pessoas imunocomprometidas;

  • Indivíduos não vacinados.

Sintomas da meningite bacteriana


Os sintomas podem se desenvolver rapidamente, e a evolução é frequentemente fulminante. Entre os principais sinais e sintomas estão:


  • Febre alta;

  • Dor de cabeça intensa;

  • Rigidez de nuca;

  • Vômitos;

  • Fotofobia (sensibilidade à luz);

  • Confusão mental;

  • Convulsões.

  • Sonolência ou coma.


Em bebês e crianças pequenas, os sintomas podem ser inespecíficos, como irritabilidade, gemido constante, recusa alimentar e abaulamento da fontanela.

Diagnóstico da meningite bacteriana


O diagnóstico é clínico e laboratorial. Inclui:


  • Exame físico neurológico detalhado;

  • Punção lombar para análise do líquido cefalorraquidiano (LCR);

  • Hemoculturas;

  • Exames de imagem (tomografia de crânio) quando há sinais de hipertensão intracraniana.


A análise do LCR revela:


  • Pleocitose com predomínio de neutrófilos;

  • Aumento de proteínas;

  • Diminuição da glicose.


O Gram e a cultura do LCR são importantes para identificar o agente etiólogico e guiar o tratamento.


Tratamento da meningite bacteriana


O tratamento é uma emergência e deve ser iniciado o mais rapidamente possível.


Antibióticos


A escolha empírica depende da idade do paciente e do perfil epidemiológico:


  • Ceftriaxona ou cefotaxima são as drogas de primeira linha;

  • Vancomicina pode ser associada em casos de resistência;

  • Ampicilina é adicionada em imunossuprimidos para cobrir Listeria.


Corticoides


A dexametasona pode ser usada antes ou junto com o primeiro antibótico para reduzir complicações como perda auditiva, especialmente nos casos por pneumococo.


Cuidados de suporte


  • Hidratação adequada;

  • Controle de febre e convulsões;

  • Monitoramento em UTI nos casos graves.


Possíveis complicações


Mesmo com tratamento, a meningite bacteriana pode deixar sequelas:


  • Surdez permanente;

  • Déficits motores e cognitivos;

  • Hidrocefalia;

  • Epilepsia;

  • Choque séptico.


A taxa de mortalidade varia entre 10% e 20%, podendo ser maior em pacientes imunossuprimidos ou com tratamento tardio.


Prevenção


A prevenção passa principalmente pela vacinação, além de medidas de higiene e controle de contatos.


Vacinas disponíveis no Brasil:


  • Vacina pneumocócica 10-valente (VPC10);

  • Vacina meningocócica C conjugada (e ACWY em casos específicos);

  • Vacina Hib.


O esquema vacinal é parte do Calendário Nacional de Imunização, com reforços em adolescentes e grupos de risco.


Profilaxia em surtos


Contatos próximos de pacientes com meningite meningocócica devem receber quimioprofilaxia com rifampicina, ciprofloxacino ou ceftriaxona, conforme a idade e situação epidemiológica.


Conclusão


A meningite bacteriana é uma doença grave, potencialmente letal, mas com chances reais de prevenção e tratamento eficaz se diagnosticada precocemente.


A atenção aos sintomas, o conhecimento sobre as formas de transmissão e a adesão à vacinação são fundamentais para proteger a população, especialmente os mais vulneráveis.


A atuação rápida dos profissionais de saúde e o acesso à informação são aliados essenciais no combate à meningite.

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