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Reações Alérgicas e Farmacodermias: identificação precoce e manejo adequado


um monte de medicamentos

 

Introdução

As reações alérgicas a fármacos (ou farmacodermias) são um grupo de reações cutâneas adversas, causadas por medicamentos que podem variar em gravidade desde erupções leves até condições potencialmente fatais. A identificação precoce e o manejo adequado dessas condições são cruciais na prática clínica.

 

Classificação das Reações Alérgicas a Fármacos

As farmacodermias podem ser classificadas de acordo com sua fisiopatologia e patogênese:

 

- Imunológicas (alérgicas): envolvem uma resposta imunológica mediada por anticorpos ou células T, como a anafilaxia, urticária e dermatite de contato.

- Não imunológicas (não alérgicas): são reações que não envolvem um mecanismo imunológico direto, como o eritema pigmentar fixo.

 

Principais Tipos de Farmacodermias

 

1. Exantema Induzido por Drogas

O exantema medicamentoso é uma das reações mais comuns, apresentando-se como erupções cutâneas eritematosas que podem se espalhar para todo o corpo.

 

2. Urticária e Angioedema

A urticária, caracterizada por placas eritematosas pruriginosas, está frequentemente associada ao angioedema, que envolve edema profundo de mucosas e pele. O angioedema pode ser isolado ou vir acompanhado de urticária.

 

3. Eritema Pigmentar Fixo

Lesão cutânea solitária que recorre sempre no mesmo local após a administração do mesmo medicamento.

 

4. Reação Medicamentosa com Eosinofilia e Sintomas Sistêmicos (DRESS)

Uma condição potencialmente grave, caracterizada por exantema, linfadenopatia, febre e envolvimento de órgãos internos, como fígado e rins.

 

5. Síndrome de Stevens-Johnson (SSJ) e Necrólise Epidérmica Tóxica (NET)

Essas são condições cutâneas graves, onde ocorre descolamento da epiderme, com mortalidade que varia de 5% para SSJ e 30-50% para NET. A SSJ afeta menos de 10% da superfície corporal, enquanto a NET envolve mais de 30%.

 

Mecanismos Imunológicos Envolvidos

As reações imunológicas podem ser mediadas por anticorpos, como na hipersensibilidade tipo I (anafilaxia), ou por células T, como na hipersensibilidade tipo IV, presente em reações tardias, como dermatite de contato e SSJ/NET.

 

Diagnóstico de Reações Alérgicas a Fármacos

 

1. História Clínica: Uma linha do tempo detalhada deve ser feita, correlacionando o início dos sintomas com o uso de medicamentos.

2. Testes Alérgicos: Testes cutâneos, como prick test, teste intradérmico e patch test, são úteis em certos casos, mas o teste de provocação é considerado o padrão-ouro, realizado sob supervisão médica especializada.

 

Tratamento

 

1. Suspensão Imediata do Fármaco: A retirada da medicação suspeita é a principal medida inicial.

2. Tratamento de Urticária e Angioedema: A base do tratamento envolve o uso de anti-histamínicos e, em casos mais graves, corticoides. A adrenalina é indicada para casos de anafilaxia.

3. Suporte para Casos Graves (SSJ/NET): Pacientes devem ser internados em UTI, com cuidados intensivos e medidas de suporte, incluindo reposição de fluidos e cuidados com as lesões cutâneas.

 

Condições Clínicas Graves

 

1. Síndrome de Stevens-Johnson e Necrólise Epidérmica Tóxica

Ambas envolvem erupções vesicobolhosas que podem levar à perda significativa da barreira cutânea, com risco elevado de sepse e morte. O tratamento é de suporte intensivo e envolve a retirada do fármaco agressor.

 

2. Reação Medicamentosa com Eosinofilia e Sintomas Sistêmicos (DRESS)

Caracterizada por febre, exantema e envolvimento visceral, como hepatite e nefrite intersticial. O manejo inclui corticoides sistêmicos e, em casos graves, hospitalização em UTI.

 

3. Pustulose Exantemática Generalizada Aguda (PEGA)

Farmacodermia rara, caracterizada por pústulas não foliculares, febre e neutrofilia, com rápida resolução após suspensão do fármaco envolvido.

 

Complicações Potenciais

 

1. Anafilaxia: Choque anafilático é uma complicação grave que exige intervenção imediata com adrenalina intramuscular.

2. Infecções Secundárias: A desintegração da barreira cutânea em condições como SSJ/NET predispõe os pacientes à sepse.

 

Populações Especiais

Pacientes com múltiplas comorbidades, imunossupressão ou idosos apresentam maior risco de reações graves e devem ser manejados com cautela.

 

Conclusão

As reações alérgicas e farmacodermias são condições potencialmente graves que exigem diagnóstico rápido e manejo adequado. O entendimento dos mecanismos imunológicos subjacentes, bem como o reconhecimento precoce das manifestações clínicas, é fundamental para a conduta terapêutica e para a prevenção de complicações graves.

 

Pontos Importantes _ Reações Alérgicas e Farmacodermias

- Sempre correlacionar o início dos sintomas com o uso de medicamentos.

- Teste de provocação é o padrão-ouro no diagnóstico de RHFs.

- Reações graves como SSJ e NET exigem tratamento intensivo e de suporte em UTI.

- Anafilaxia requer administração imediata de adrenalina intramuscular.

- Corticoides são indicados no manejo de DRESS e PEGA.

 

Referências

1. BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas - Reações Alérgicas e Farmacodermias. Brasília, 2023.

2. World Allergy Organization. Guidelines on Drug Allergy and Hypersensitivity. 2022.

3. Sociedade Brasileira de Dermatologia. Condutas no Diagnóstico e Tratamento das Farmacodermias. 2023.

 

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