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Ronco e apneia: sinais de alerta que indicam quando procurar ajuda médica

Ronco e apneia

O ronco e apneia são problemas do sono que afetam milhões de pessoas, mas muitas vezes são subestimados ou tratados como simples incômodos.


Na realidade, estes distúrbios podem indicar condições sérias que requerem atenção médica, especialmente quando evoluem para a apneia obstrutiva do sono, uma condição que pode ter consequências graves para a saúde cardiovascular e qualidade de vida.


O que são ronco e apneia do sono


Ronco: mais que um incômodo noturno

O ronco é o som produzido pela vibração dos tecidos moles da garganta durante a respiração no sono. Embora comum, o ronco e apneia frequentemente andam juntos, e o ronco pode ser o primeiro sinal de problemas respiratórios mais sérios durante o sono.


O ronco simples produz ruído sem interrupção da respiração, enquanto o ronco patológico está associado a pausas respiratórias que podem ser perigosas. A intensidade pode variar de leve a muito intenso, e a frequência pode ser ocasional ou ocorrer todas as noites, sendo este último mais preocupante.


Apneia do sono: quando a respiração para

A apneia do sono é caracterizada por pausas respiratórias durante o sono que duram pelo menos 10 segundos, podendo se estender por muito mais tempo. Existem três tipos principais que afetam as pessoas de formas diferentes.


A apneia obstrutiva ocorre devido ao bloqueio físico das vias aéreas superiores, sendo o tipo mais comum.


A apneia central resulta da falha do cérebro em enviar sinais adequados para os músculos respiratórios. Já a apneia mista combina características dos dois tipos anteriores, enquanto a hipopneia representa uma redução significativa do fluxo de ar sem parada completa da respiração.

Causas do ronco e apneia

Fatores anatômicos

Certas características físicas podem predispor significativamente ao ronco e apneia:

  • A obesidade é um dos fatores de risco mais importantes, pois o excesso de tecido adiposo ao redor do pescoço pode comprimir as vias aéreas durante o sono.

  • A circunferência do pescoço maior que 43 cm em homens e 41 cm em mulheres está associada a maior risco de apneia.

  • Mandíbula pequena ou retraída reduz o espaço disponível para as vias aéreas, enquanto língua grande pode obstruir a passagem do ar durante o relaxamento muscular do sono.

  • Amígdalas aumentadas são especialmente problemáticas em crianças, podendo causar obstrução significativa.

  • O desvio de septo nasal dificulta a respiração pelo nariz, forçando a respiração pela boca e aumentando o risco de ronco.

Fatores de estilo de vida

  • O consumo de álcool relaxa excessivamente os músculos da garganta, aumentando a probabilidade de colapso das vias aéreas.

  • O tabagismo causa inflamação e inchaço das vias aéreas, estreitando a passagem do ar.

  • Medicamentos sedativos podem relaxar demais a musculatura das vias aéreas, contribuindo para o ronco e apneia.

  • A posição para dormir também influencia, sendo que dormir de costas favorece o colapso das vias aéreas.

  • A privação de sono aumenta o relaxamento muscular, piorando os sintomas.

Condições médicas associadas

  • Diversas condições médicas estão frequentemente associadas ao ronco e apneia.

  • O diabetes aumenta significativamente o risco de apneia do sono, possivelmente devido a alterações neurológicas e inflamatórias.

  • A hipertensão é tanto causa quanto consequência da apneia, criando um ciclo prejudicial. O hipotireoidismo pode causar inchaço dos tecidos das vias aéreas, contribuindo para obstrução.

  • O refluxo gastroesofágico pode irritar as vias aéreas superiores, causando inflamação e estreitamento.

  • A síndrome dos ovários policísticos aumenta o risco em mulheres, possivelmente devido a alterações hormonais e tendência ao ganho de peso.

Sinais e sintomas de alerta

Durante o sono

Reconhecer os sinais do ronco e apneia é fundamental para buscar ajuda no momento adequado.


  • Pausas respiratórias observadas pelo parceiro de cama são um dos sinais mais importantes, especialmente quando duram mais de 10 segundos.


  • Ronco alto e irregular, intercalado com períodos de silêncio, pode indicar episódios de apneia.

  • Engasgos ou sensação de sufocamento que causam despertar súbito são sinais preocupantes.


  • Sono agitado com movimentação excessiva durante a noite pode indicar que o corpo está lutando para respirar adequadamente.


  • Sudorese noturna, especialmente na região da cabeça e pescoço, pode resultar do esforço respiratório aumentado durante episódios de apneia.


Durante o dia

Os sintomas diurnos do ronco e apneia podem ser igualmente importantes para o diagnóstico.


  • Sonolência excessiva, mesmo após uma noite de sono aparentemente adequada, é um dos sintomas mais comuns e debilitantes.


  • Fadiga crônica e sensação constante de cansaço podem interferir significativamente nas atividades diárias.


  • Dificuldade de concentração, problemas de memória e atenção reduzida podem afetar o desempenho no trabalho ou estudos.


  • Irritabilidade e mudanças de humor frequentes podem resultar da privação de sono de qualidade.


  • Dores de cabeça matinais, especialmente na região frontal, são comuns devido à redução dos níveis de oxigênio durante a noite.


Sintomas em crianças

  • O ronco e apneia em crianças podem apresentar sinais específicos que diferem dos adultos.


  • Respiração pela boca, especialmente durante o dia, pode indicar obstrução nasal crônica.


  • Enurese noturna (fazer xixi na cama) após os 5 anos pode estar relacionada à apneia do sono.


  • Hiperatividade e comportamento agitado durante o dia podem ser sinais de privação de sono em crianças, ao contrário da sonolência vista em adultos.


  • Problemas escolares, dificuldade de concentração e aprendizado podem resultar da fragmentação do sono.


  • Crescimento lento ou retardo no desenvolvimento físico podem ocorrer devido à interferência da apneia na produção de hormônio do crescimento.

Riscos à saúde associados

Consequências cardiovasculares

O ronco e apneia não tratados podem levar a sérias complicações cardiovasculares que afetam significativamente a expectativa e qualidade de vida. A hipertensão arterial é uma das consequências mais comuns, resultante da ativação repetida do sistema nervoso simpático durante episódios de apneia.


Já as arritmias cardíacas podem desenvolver-se devido às flutuações nos níveis de oxigênio e dióxido de carbono. O risco de infarto do miocárdio também aumenta significativamente em pessoas com apneia não tratada. O acidente vascular cerebral tem probabilidade aumentada devido às alterações na pressão arterial e oxigenação.


A insuficiência cardíaca pode desenvolver-se gradualmente devido à sobrecarga constante do músculo cardíaco causada pela apneia.


Impactos metabólicos

O ronco e apneia podem causar alterações metabólicas significativas. O diabetes tipo 2 tem risco aumentado devido ao desenvolvimento de resistência à insulina.


O ganho de peso pode ser facilitado por alterações hormonais que afetam o apetite e metabolismo.


A síndrome metabólica, um conjunto de fatores de risco cardiovascular, é mais comum em pessoas com apneia. Alterações hormonais importantes podem afetar diversos sistemas do corpo, incluindo hormônios do crescimento, cortisol e hormônios sexuais.


Consequências neurológicas e cognitivas

O ronco e apneia podem ter impactos profundos na função cerebral. Déficits de memória podem desenvolver-se devido à fragmentação do sono e redução da oxigenação cerebral. A capacidade de aprendizado pode ficar comprometida, afetando tanto crianças quanto adultos.

Depressão tem maior prevalência em pessoas com apneia do sono, possivelmente devido aos efeitos da privação de sono na química cerebral. Ansiedade e aumento dos níveis de estresse podem resultar tanto da condição quanto de suas consequências na vida diária.

Quando procurar ajuda médica


Sinais de urgência

Alguns sinais relacionados ao ronco e apneia requerem atenção médica imediata.


  • Pausas respiratórias longas, especialmente aquelas que duram mais de 30 segundos, são motivo de preocupação urgente.

  • Despertar frequente com sensação de sufocamento durante a noite indica episódios graves de apneia.

  • Sonolência extrema que interfere perigosamente nas atividades diárias, especialmente dirigir, requer avaliação imediata.

  • Acidentes causados por sonolência, particularmente acidentes de trânsito, são sinais de que a condição está afetando gravemente a segurança.

  • Sintomas cardiovasculares como dor no peito ou palpitações associados aos episódios de apneia necessitam avaliação urgente.

Indicações para avaliação médica

É recomendável procurar ajuda médica quando o ronco e apneia apresentam certas características persistentes:


  • Ronco alto e frequente que ocorre todas as noites e incomoda outras pessoas merece avaliação.

  • Relatos de pausas respiratórias observadas por familiares são indicação importante para investigação médica.

  • Sonolência diurna persistente, mesmo com sono aparentemente adequado, deve ser investigada.

  • Problemas de concentração que afetam significativamente o trabalho ou estudos justificam avaliação médica.

  • Sintomas que persistem há mais de um mês sem melhora com mudanças simples no estilo de vida requerem atenção profissional.

Profissionais especializados

Diversos especialistas podem ajudar no diagnóstico e tratamento do ronco e apneia. O otorrinolaringologista é especialista em vias aéreas superiores e pode identificar obstruções anatômicas.


Já o pneumologista é médico especializado em problemas respiratórios e distúrbios do sono.

O neurologista pode ser necessário para distúrbios do sono de origem neurológica. O cardiologista torna-se importante quando há complicações cardiovasculares associadas à apneia.

Diagnóstico do ronco e apneia

Avaliação clínica inicial

O diagnóstico do ronco e apneia começa com uma avaliação médica detalhada que inclui história clínica completa. O médico investigará as características dos sintomas, sua duração e evolução ao longo do tempo.

O exame físico incluirá avaliação cuidadosa das vias aéreas superiores, incluindo nariz, garganta e pescoço. Questionários específicos sobre qualidade do sono e sonolência diurna ajudam a quantificar a gravidade dos sintomas.

Informações do parceiro de cama são fundamentais, pois podem fornecer detalhes sobre comportamentos durante o sono que o paciente não percebe.

Exames complementares

O exame padrão-ouro para diagnóstico de ronco e apneia é a polissonografia, que monitora múltiplos parâmetros durante uma noite completa de sono. Este exame registra ondas cerebrais, movimentos oculares, atividade muscular, respiração, níveis de oxigênio e ritmo cardíaco.

O teste de latência múltipla do sono avalia objetivamente a sonolência diurna. A oximetria noturna pode ser usada como triagem inicial, monitorando apenas os níveis de oxigênio durante o sono.

A endoscopia nasal pode ser necessária para avaliar obstruções nas vias aéreas superiores que contribuem para o problema.

Polissonografia: o exame definitivo

A polissonografia é o exame mais completo para avaliar ronco e apneia, fornecendo informações detalhadas sobre todos os aspectos do sono. O monitoramento completo inclui ondas cerebrais, padrões respiratórios, movimentos corporais e parâmetros cardiovasculares.

O exame é realizado em ambiente controlado, geralmente em laboratório do sono, para garantir condições adequadas de monitoramento. A análise detalhada dos dados permite identificar o tipo e gravidade da apneia, orientando o tratamento mais adequado.

Opções de tratamento

Mudanças no estilo de vida

Muitos casos de ronco e apneia podem melhorar significativamente com modificações comportamentais. A perda de peso é uma das intervenções mais eficazes, sendo que uma redução de apenas 10% do peso corporal pode melhorar dramaticamente os sintomas.

Exercícios físicos regulares fortalecem os músculos respiratórios e melhoram o tônus muscular geral. Também é bom evitar álcool, especialmente nas 4 horas antes de dormir, previne o relaxamento excessivo dos músculos da garganta.

Parar de fumar reduz a inflamação das vias aéreas e melhora a respiração geral. Mudanças na posição para dormir, como dormir de lado em vez de costas, podem reduzir significativamente o ronco e episódios de apneia.

Dispositivos e aparelhos

O CPAP (Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas) é o tratamento mais eficaz para apneia moderada a grave, mantendo as vias aéreas abertas através de pressão de ar constante. Aparelhos intraorais reposicionam a mandíbula e língua para manter as vias aéreas abertas.

Dilatadores nasais podem melhorar a respiração pelo nariz em casos de obstrução nasal leve. Travesseiros especiais ajudam a manter posição adequada durante o sono, reduzindo o colapso das vias aéreas.

Tratamentos cirúrgicos

Em casos específicos, cirurgias podem ser necessárias para tratar ronco e apneia. A uvulopalatofaringoplastia remove tecidos excessivos da garganta que causam obstrução. Cirurgias nasais corrigem desvios de septo ou outras obstruções nasais.

O avanço mandibular é um procedimento cirúrgico que reposiciona a mandíbula para aumentar o espaço das vias aéreas. A estimulação do nervo hipoglosso através de implante é uma técnica mais recente que estimula os músculos da língua para manter as vias aéreas abertas.

Prevenção do ronco e apneia

Hábitos saudáveis

Manter peso adequado dentro da faixa normal do IMC é uma das medidas preventivas mais importantes para ronco e apneia. Exercitar-se regularmente fortalece os músculos respiratórios e melhora o tônus muscular geral.

Manter boa higiene do sono com horários regulares e ambiente adequado promove sono de qualidade. Evitar substâncias relaxantes como álcool e sedativos antes de dormir previne o relaxamento excessivo dos músculos das vias aéreas.

Cuidados com o ambiente

Umidificar o ar, especialmente em ambientes secos, pode reduzir a irritação das vias aéreas. Controlar alérgenos como poeira e ácaros melhora a respiração nasal. Elevar ligeiramente a cabeceira da cama pode facilitar a respiração durante o sono.

Manter temperatura adequada no quarto, preferencialmente fresco, favorece o sono de qualidade e reduz a congestão nasal.

Impacto na qualidade de vida

Relacionamentos

O ronco e apneia podem afetar significativamente os relacionamentos pessoais. O distúrbio do sono do parceiro pode ser tão grave que leva casais a dormirem em quartos separados. A irritabilidade causada pela privação de sono pode afetar negativamente a convivência familiar.

A redução da intimidade pode ocorrer devido ao constrangimento ou desconforto relacionado ao ronco. A preocupação familiar com a saúde do paciente pode causar ansiedade e tensão nos relacionamentos.

Vida profissional

O ronco e apneia podem ter impactos significativos na vida profissional. A redução da produtividade devido à sonolência afeta o desempenho no trabalho. O risco aumentado de acidentes de trabalho por falta de atenção pode ter consequências graves.

O absenteísmo pode aumentar devido a problemas de saúde relacionados à apneia. Dificuldades de concentração podem afetar a tomada de decisões importantes e o desempenho geral no trabalho.

Conclusão

O ronco e apneia são condições que merecem atenção médica séria, especialmente quando persistentes ou associados a outros sintomas. Não devem ser tratados apenas como incômodos noturnos, mas como potenciais indicadores de problemas de saúde que podem ter consequências graves se não tratados adequadamente.

A busca por ajuda médica no momento certo pode prevenir complicações cardiovasculares, melhorar a qualidade de vida e restaurar o bem-estar tanto do paciente quanto de seus familiares. Com as opções de tratamento disponíveis atualmente, é possível controlar efetivamente o ronco e apneia, proporcionando noites de sono reparador e dias mais produtivos.

Lembre-se: se você ou alguém próximo apresenta sinais de ronco e apneia, não hesite em procurar orientação médica especializada. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para prevenir complicações e melhorar significativamente a qualidade de vida.

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