Transtornos pelo uso de substâncias: causas, efeitos, diagnóstico e tratamento
- medicinaatualrevis
- 9 de mai.
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Os transtornos pelo uso de substâncias são condições complexas caracterizadas pelo uso compulsivo de substâncias psicoativas, apesar das consequências negativas à saúde, ao bem-estar social, familiar e profissional.
Esses transtornos envolvem mudanças funcionais significativas no cérebro, que afetam o autocontrole e a tomada de decisões.
As substâncias mais comuns associadas a esses transtornos estão agrupadas em dez classes principais:
Álcool;
Medicamentos ansiolíticos e sedativos;
Cafeína;
Canabis (maconha e canabinoides sintéticos);
Alucinógenos (LSD, fenciclidina, psilocibina, MDMA);
Inalantes/solventes;
Opioides (fentanil, morfina, oxicodona);
Estimulantes (anfetaminas, cocaína);
Tabaco;
Outras substâncias frequentemente abusadas (como esteroides anabolizantes).
Efeitos fisiológicos do uso de substâncias
Intoxicação
Refere-se aos efeitos imediatos e temporários da droga. Pode causar euforia, relaxamento ou sonolência. Em doses maiores, aumenta o risco de comportamentos agressivos, acidentes, complicações físicas e até morte.
Abstinência
Os sintomas surgem quando a substância é interrompida ou reduzida. Podem incluir tremores, ansiedade, náuseas, insônia, convulsões e, em casos graves, risco de morte. É comum em opioides, benzodiazepínicos e álcool.
Transtornos de saúde mental induzidos por substâncias
Podem se manifestar como depressão, ansiedade ou psicose, causadas pelo uso ou abstinência de drogas. Para o diagnóstico, esses sintomas devem surgir até um mês após o uso e comprometer o funcionamento da pessoa.
Fatores que contribuem para o transtorno por uso de substâncias
Droga
Cada droga tem um potencial diferente de causar dependência, o que depende da forma de uso, rapidez do efeito, estimulação do sistema de recompensa cerebral e capacidade de causar tolerância e abstinência.
Usuário
Impulsividade, busca por novidades, transtornos psiquiátricos, dor crônica e fatores genéticos aumentam o risco. O uso inicial pode estar associado a alívio do sofrimento emocional ou influências sociais.
Contexto social
Presenciar o uso entre amigos e familiares, pressão social, acesso facilitado e normas culturais têm papel fundamental na iniciação e manutenção do uso.
Diagnóstico dos transtornos por uso de substâncias
O diagnóstico é clínico, com base em histórico, sinais físicos (como marcas de injeção) e exames laboratoriais.
Critérios diagnósticos:
Dividem-se em quatro categorias:
1. Incapacidade de controlar o uso:
Uso em maiores quantidades ou por mais tempo que o planejado;
Tentativas fracassadas de reduzir o uso;
Desejo intenso (craving).
2. Comprometimento social:
Incapacidade de cumprir obrigações;
Uso persistente apesar de conflitos;
Redução de atividades sociais ou profissionais.
3. Uso em situações de risco:
Uso em ambientes fisicamente perigosos;
Uso mesmo com agravamento de problemas de saúde.
4. Sinais físicos:
Tolerância;
Sintomas de abstinência.
Classificação por gravidade:
Leve: 2 a 3 critérios;
Moderado: 4 a 5 critérios;
Grave: 6 ou mais critérios.
Tratamento dos transtornos por uso de substâncias
O tratamento varia conforme a substância, a gravidade e as condições clínicas do paciente. Inclui:
1. Psicoterapia
Terapias cognitivo-comportamentais;
Grupos de apoio (Alcoólicos Anônimos, Narcóticos Anônimos).
2. Medicamentos
Naltrexona, acamprosato, dissulfiram (para álcool);
Metadona, buprenorfina (para opioides).
3. Tratamento de emergência
Hidratação e suporte respiratório;
Benzodiazepínicos para abstinência grave;
Vitaminas e suplementos.
4. Redução de danos
Programas de troca de seringas;
Aconselhamento e orientação sobre uso seguro.
Considerações finais
Os transtornos pelo uso de substâncias são um problema de saúde pública com causas multifatoriais. A compreensão de seus mecanismos, o reconhecimento precoce e o acesso ao tratamento são fundamentais para prevenir complicações graves e salvar vidas.
A abordagem deve ser individualizada, sem estigma, integrando intervenções médicas, psicológicas e sociais para promover a reabilitação e reintegração do paciente.
Fonte: Manual MSD
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