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Doença celíaca: quando o glúten vira um problema sério

Doença celíaca

A doença celíaca é uma condição autoimune em que o sistema imunológico reage ao glúten, uma proteína encontrada no trigo, centeio e cevada. Ao ingerir glúten, pessoas com predisposição genética desenvolvem uma inflamação no intestino delgado que danifica as vilosidades intestinais, estruturas responsáveis pela absorção de nutrientes.


O resultado é um quadro de má absorção, que pode afetar vários sistemas do corpo e causar desde sintomas digestivos até sinais neurológicos, ósseos ou dermatológicos.


Como o corpo reage ao glúten

Ao contrário da intolerância ou da alergia, a doença celíaca é uma reação autoimune. Ou seja, o próprio sistema de defesa ataca as células do intestino sempre que há contato com o glúten.


Esse ataque contínuo causa atrofia da mucosa intestinal e dificulta a absorção de vitaminas, minerais, gorduras e proteínas — o que explica boa parte dos sintomas e complicações da doença.


Sintomas digestivos mais comuns

Os sintomas variam muito de uma pessoa para outra. Em algumas, os sinais aparecem logo após o consumo de glúten. Em outras, podem surgir de forma lenta e silenciosa, dificultando o diagnóstico.


1. Diarreia e fezes gordurosas

A inflamação prejudica a absorção de gordura e nutrientes, resultando em fezes volumosas, esbranquiçadas, com odor forte e aspecto oleoso (esteatorreia).

2. Inchaço, dor e gases

A pessoa sente o abdômen distendido, com desconforto após as refeições. Esses sinais são confundidos frequentemente com síndrome do intestino irritável.

3. Náusea, perda de apetite e má digestão

O desconforto pode vir acompanhado de náuseas, azia e redução do apetite. Em muitos casos, a pessoa evita comer para não sentir-se mal, agravando o quadro.


Sintomas fora do sistema digestivo

Nem sempre a doença celíaca se manifesta por sintomas gastrointestinais. Em adultos, especialmente, é comum que os sinais apareçam em outras partes do corpo.

  • Anemia resistente à suplementação de ferro.

  • Cansaço constante e perda de peso sem motivo claro.

  • Queda de cabelo, pele seca e unhas quebradiças.

  • Dores ósseas ou osteoporose precoce, pela má absorção de cálcio e vitamina D.

  • Problemas neurológicos, como dormência, formigamento e dificuldade de concentração.

  • Dermatite herpetiforme: erupções na pele com coceira intensa, comuns em cotovelos e joelhos.

  • Infertilidade ou abortos recorrentes.

Quem pode desenvolver a doença

A doença celíaca afeta pessoas com predisposição genética, geralmente portadoras dos genes HLA-DQ2 ou HLA-DQ8. No entanto, ter esses genes não significa que a doença irá se manifestar. Outros fatores, como infecções intestinais, estresse imunológico e introdução precoce de glúten na infância, também podem contribuir.

É mais comum em pessoas com:

  • Histórico familiar de doença celíaca.

  • Diabetes tipo 1.

  • Tireoidite de Hashimoto.

  • Síndrome de Down ou Turner.

  • Outras doenças autoimunes.

Quando investigar

É hora de procurar um médico se você:

  • Tem diarreia crônica ou alternância entre diarreia e constipação.

  • Sofre com distensão abdominal frequente, mesmo com dieta saudável.

  • Apresenta anemia persistente sem explicação.

  • Percebe perda de peso, fraqueza e desnutrição.

  • Notou alterações na pele ou sintomas neurológicos sem causa definida.

  • Tem histórico familiar de doença celíaca ou autoimunidade.

Como é feito o diagnóstico

O diagnóstico da doença celíaca requer uma combinação de exames laboratoriais e, em alguns casos, exame de imagem e biópsia intestinal. Importante: não interrompa o consumo de glúten antes de fazer os testes, pois isso pode alterar os resultados.

  • Exames de sangue (sorologia): anticorpos anti-transglutaminase (tTG) e anti-endomísio.

  • Exame genético (HLA-DQ2/DQ8): identifica predisposição.

  • Endoscopia com biópsia do intestino delgado: avalia dano às vilosidades intestinais.

  • Exames nutricionais: avaliam anemia, vitaminas, cálcio, proteínas e absorção geral.

O tratamento: vida sem glúten

O tratamento da doença celíaca é simples em teoria, mas exige disciplina: excluir 100% do glúten da alimentação, para sempre. Mesmo pequenas quantidades (como migalhas ou traços em utensílios) podem causar inflamação intestinal.

  • Cortar trigo, centeio, cevada e aveia contaminada.

  • Usar alimentos naturalmente sem glúten: arroz, milho, quinoa, batata, frutas, legumes.

  • Evitar contaminação cruzada: usar talheres, fornos e superfícies separadas.

  • Ler rótulos de todos os produtos industrializados.

  • Contar com acompanhamento de nutricionista e gastroenterologista.

Diferença entre doença celíaca e sensibilidade ao glúten

Muitas pessoas têm sintomas semelhantes, mas não têm a resposta autoimune da doença celíaca. Isso é chamado de sensibilidade ao glúten não celíaca. Os sintomas melhoram com a retirada do glúten, mas o intestino não sofre os mesmos danos. Já na doença celíaca, mesmo um mínimo de glúten pode causar inflamação intensa e complicações a longo prazo.

Conclusão

A doença celíaca é uma condição séria, que vai muito além de um simples desconforto digestivo. Ela afeta a absorção de nutrientes e pode prejudicar diversos sistemas do corpo. O diagnóstico precoce e a adesão rigorosa à dieta sem glúten são fundamentais para garantir uma vida longa, saudável e sem sintomas. Se você ou alguém próximo tem sintomas compatíveis, procure um profissional e investigue.


Fonte: Manual MSD

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