Doença renal crônica (DRC): causas, sintomas e como prevenir a perda progressiva da função dos rins
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A doença renal crônica (DRC) é uma condição progressiva caracterizada pela perda lenta e irreversível da função dos rins. Estima-se que cerca de 10% da população mundial sofra com a DRC, sendo que muitos casos evoluem de forma silenciosa até estágios mais avançados. No Brasil, a DRC é considerada um problema de saúde pública, com crescente número de pacientes em tratamento dialítico.
Com a detecção precoce, controle dos fatores de risco e mudanças no estilo de vida, é possível retardar a progressão da doença e preservar a função renal. Por isso, entender os sinais, causas e formas de prevenção é essencial.
O que é a função dos rins e o que ocorre na DRC
Os rins são órgãos vitais que atuam na filtragem do sangue, remoção de resíduos e excesso de líquidos, controle da pressão arterial, produção de hormônios e regulação do equilíbrio eletrolítico. Na doença renal crônica, há deterioração progressiva dessas funções ao longo do tempo.
A DRC é diagnosticada quando a taxa de filtração glomerular (TFG) permanece inferior a 60 mL/min/1,73 m² por mais de três meses, ou quando há danos estruturais detectáveis nos rins (por imagem ou exames laboratoriais).
Causas mais comuns da doença renal crônica
Diversos fatores podem causar ou contribuir para o desenvolvimento da doença renal crônica. Entre os principais estão:
Causa | Descrição |
Diabetes mellitus | É a causa mais frequente de DRC. A hiperglicemia constante danifica os vasos sanguíneos dos rins. |
Hipertensão arterial | A pressão elevada força os glomérulos renais, levando a lesões progressivas. |
Glomerulopatias | Doenças que afetam diretamente os glomérulos, como a glomerulonefrite. |
Doenças genéticas | Como a doença renal policística. |
Uso prolongado de medicamentos nefrotóxicos | Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), certos antibióticos e contrastes radiológicos. |
Infecções urinárias de repetição | Podem levar à pielonefrite crônica. |
Fatores de risco para o desenvolvimento da DRC
Além das causas diretas, existem fatores de risco que aumentam a probabilidade de desenvolver DRC:
Idade avançada.
Histórico familiar de doença renal.
Tabagismo.
Obesidade.
Doenças cardiovasculares.
Dislipidemia.
Pacientes com mais de um fator devem ser monitorados de forma contínua com exames laboratoriais e de imagem.
Sintomas da doença renal crônica
A DRC é frequentemente assintomática nos estágios iniciais, o que dificulta o diagnóstico precoce. Quando os sintomas aparecem, a função renal já está comprometida. Os sinais mais comuns incluem:
Cansaço excessivo.
Inchaço nas pernas e tornozelos (edema).
Urina espumosa ou escura.
Aumento ou diminuição da frequência urinária.
Pressão alta descontrolada.
Perda de apetite.
Náuseas e vômitos.
Coceira na pele (prurido).
Dificuldade de concentração.
Palidez (por anemia associada).
O acompanhamento médico regular é essencial para detectar alterações antes da instalação dos sintomas clínicos.
Estágios da doença renal crônica
A DRC é classificada em cinco estágios, de acordo com a taxa de filtração glomerular (TFG). Veja o quadro abaixo:
Estágio | TFG (mL/min/1,73 m²) | Características clínicas |
1 | ≥ 90 | Função renal normal com lesão estrutural |
2 | 60 a 89 | Redução leve da função renal |
3a | 45 a 59 | Redução moderada |
3b | 30 a 44 | Redução moderada mais acentuada |
4 | 15 a 29 | Redução grave |
5 | < 15 | Falência renal (indicação de diálise ou transplante) |
Diagnóstico da doença renal crônica
O diagnóstico da DRC é feito por meio de:
Exames laboratoriais: creatinina sérica, ureia, dosagem de eletrólitos, e cálculo da TFG.
Exame de urina (EAS e proteinúria): identifica perda de proteínas, presença de sangue e anormalidades.
Ultrassonografia renal: avalia tamanho e estrutura dos rins.
Exames complementares: como dosagem de albumina urinária (relação albumina/creatinina).
Quanto mais precoce for o diagnóstico, melhores são as chances de preservar a função renal e evitar complicações.
Tratamento e manejo da doença renal crônica
O tratamento da DRC depende da causa subjacente, do estágio da doença e da presença de comorbidades. As principais abordagens incluem:
1. Controle da pressão arterial
Objetivo: manter PAS < 130 mmHg.
Inibidores da ECA ou bloqueadores do receptor da angiotensina II (BRA) são frequentemente usados, especialmente em casos com proteinúria.
2. Controle do diabetes
Manter hemoglobina glicada < 7%.
Uso criterioso de antidiabéticos, evitando fármacos contraindicados na DRC avançada.
3. Redução da proteinúria
A redução da excreção de proteínas ajuda a preservar a função renal.
4. Controle do colesterol e cessação do tabagismo
Redução de risco cardiovascular, que está aumentado na DRC.
5. Dieta adequada
Restrição de sódio, fósforo, potássio e proteínas em estágios avançados.
Acompanhamento com nutricionista especializado.
6. Evitar medicamentos nefrotóxicos
AINEs, contrastes iodados e certos antibióticos devem ser evitados ou usados com cautela.
7. Preparação para terapias substitutivas
Nos estágios mais avançados (estágio 5), o paciente pode precisar de:
Hemodiálise.
Diálise peritoneal.
Transplante renal.
Prevenção da doença renal crônica
A prevenção da DRC passa por medidas simples, mas eficazes:
Controle da pressão arterial e do diabetes.
Prática regular de exercícios físicos.
Manutenção do peso corporal adequado.
Redução do sal na alimentação.
Hidratação adequada (sem exageros).
Evitar automedicação.
Realização de exames regulares, especialmente após os 40 anos ou se houver fatores de risco.
Conclusão
A doença renal crônica (DRC) é uma condição silenciosa, mas de alta gravidade. Quando diagnosticada precocemente, é possível controlar sua progressão, evitar complicações graves e garantir qualidade de vida ao paciente. O acompanhamento médico regular, o controle rigoroso de doenças crônicas como diabetes e hipertensão, e a adoção de um estilo de vida saudável são pilares fundamentais para proteger os rins e o organismo como um todo.