Hanseníase: entenda a doença, os sintomas e o tratamento
- medicinaatualrevis
- 29 de abr.
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A hanseníase é uma doença infecciosa crônica causada pela bactéria Mycobacterium leprae. Embora sua incidência tenha diminuído em muitas regiões do mundo, ainda é considerada um problema de saúde pública em países como Índia, Brasil e Indonésia.
Frequentemente envolta em medo e estigma social devido às suas possíveis sequelas físicas, a hanseníase é, na realidade, tratável e curável com o diagnóstico precoce e o uso de antibióticos adequados.
Entender os sintomas, as formas de transmissão e o tratamento é fundamental para combater o preconceito e garantir a reabilitação dos pacientes.
O que é a hanseníase?
A hanseníase é uma infecção que danifica principalmente a pele e os nervos periféricos. A bactéria Mycobacterium leprae se multiplica lentamente, e os sintomas geralmente começam entre cinco e sete anos após a infecção inicial.
As pessoas muitas vezes temem a hanseníase devido às lesões visíveis que ela pode causar se não for tratada, mas é importante reforçar: a hanseníase não se espalha facilmente, não é fatal e responde bem ao tratamento com antibióticos.
Como ocorre a transmissão da hanseníase?
A transmissão da hanseníase ocorre através do contato prolongado e íntimo com secreções respiratórias (tosse, espirro) de pessoas infectadas que ainda não foram tratadas. Não se contrai hanseníase apenas por toque casual ou convivência breve.
Além disso, uma curiosidade importante: os tatus podem ser portadores naturais da bactéria Mycobacterium leprae, e o contato com esses animais também pode transmitir a doença.
Vale destacar que a maioria das pessoas infectadas não desenvolve sintomas, graças à proteção natural do sistema imunológico. Alguns fatores genéticos também podem tornar certas pessoas mais suscetíveis à infecção.
Quais são os principais sintomas da hanseníase?
Os sintomas da hanseníase se desenvolvem de maneira lenta e podem variar de leves a graves. No início, incluem:
Protuberâncias ou erupções cutâneas que não coçam.
Dormência ou perda de sensibilidade nas áreas afetadas.
Com o avanço da doença, sintomas mais severos podem surgir:
Protuberâncias inflamadas que evoluem para feridas abertas;
Perda da sensibilidade ao calor, frio ou dor nas extremidades;
Fraqueza muscular, levando à deformidade de mãos e pés;
Úlceras nas solas dos pés;
Congestão nasal;
Perda de visão ou cegueira;
Febre e linfonodos inchados.
Esses sinais devem ser investigados imediatamente, pois o tratamento precoce é crucial para evitar sequelas irreversíveis.
Como os médicos diagnosticam a hanseníase?
O diagnóstico da hanseníase é baseado na avaliação clínica, mas pode ser confirmado através de:
Exame microscópico de amostras da pele
Baciloscopia de mucosa nasal
Biópsia de pele em casos de dúvida diagnóstica
Testes de sensibilidade nas áreas suspeitas
A identificação precoce é vital para impedir a progressão da doença e evitar incapacidades.
Alguns estudos estão desenvolvendo testes rápidos de detecção precoce da hanseníase, utilizando biomarcadores sanguíneos em populações de risco.
Tratamento da hanseníase
A hanseníase tem cura e o tratamento é gratuito no Sistema Único de Saúde (SUS). O protocolo padrão é a poliquimioterapia (PQT), que combina os antibióticos:
Rifampicina
Dapsona
Clofazimina
O tratamento dura de 6 a 24 meses, dependendo da forma clínica e da gravidade dos sintomas. Pessoas com o sistema imunológico enfraquecido podem necessitar de um tratamento mais prolongado.
Forma da Doença | Duração do Tratamento |
Paucibacilar (poucos bacilos) | 6 meses |
Multibacilar (muitos bacilos) | 12 a 24 meses |
É fundamental iniciar o tratamento o quanto antes, pois os antibióticos impedem a progressão da doença, mas não conseguem reverter os danos nervosos já estabelecidos.
Além da poliquimioterapia, o tratamento pode incluir:
Controle de reações hansênicas
Reabilitação física e fisioterapia
Cirurgias corretivas para deformidades
Como prevenir a hanseníase?
Para reduzir o risco de infecção por hanseníase:
Evite contato próximo e prolongado com secreções respiratórias de pessoas não tratadas;
Evite o manuseio de tatus, que podem ser portadores da bactéria;
Identifique precocemente sintomas suspeitos em conviventes;
Inicie o tratamento adequado imediatamente após o diagnóstico.
Após o início do tratamento com antibióticos, a pessoa deixa de transmitir a doença, mas recomenda-se o monitoramento dos familiares próximos para identificar possíveis novos casos.
Complicações da hanseníase
Sem tratamento, a hanseníase pode gerar:
Deformidades físicas severas;
Incapacidades motoras e perda de sensibilidade;
Infecções recorrentes nas extremidades;
Comprometimento ocular, levando à cegueira;
Isolamento social e problemas psicossociais.
Essas complicações reforçam a importância do diagnóstico e tratamento precoces.
Conclusão
A hanseníase é uma infecção crônica, mas totalmente tratável e curável. O conhecimento sobre seus modos de transmissão, sintomas e formas de prevenção é essencial para eliminar o preconceito e garantir a reintegração social dos pacientes.
Se você ou alguém próximo apresentar manchas na pele com alteração de sensibilidade, procure uma unidade de saúde. O diagnóstico precoce salva vidas e evita incapacidades.
A informação é a melhor arma contra a hanseníase!
Fonte: Manual MSD
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