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AAS pode ser eficaz na prevenção do câncer colorretal

Atualizado: 24 de jul. de 2023


Modelo anatômico de intestinos com patologia nas mãos do médico. O gastroenterologista apalpa o abdômen do paciente e examina a barriga na clínica sobre o fundo

Novo estudo revela que o uso regular de ácido acetilsalicílico e outros anti-inflamatórios não esteroides está associado a um menor risco de adenoma de início precoce, seja ele convencional ou avançado. De acordo com especialistas, o ácido acetilsalicílico pode ser uma estratégia eficaz na prevenção do câncer colorretal em estágios iniciais.


Durante uma apresentação na Digestive Disease Week®, a médica gastroenterologista Dra. Cassandra D. Fritz, da Washington University em St. Louis, destacou que houve uma redução de 15% em todos os tipos de adenomas e de 33% nos adenomas com histologia avançada. Essa porcentagem de redução não foi observada em estudos anteriores, o que indica a necessidade de mais pesquisas nessa área.


Importância dos achados: ASS prevenção câncer colorretal


A Dra. Cassandra ressaltou a importância desse achado, considerando o alarmante aumento da incidência e das mortes por câncer colorretal em estágios iniciais (em indivíduos com menos de 50 anos) e a compreensão limitada dos fatores subjacentes para o desenvolvimento de estratégias preventivas. Segundo ela, os casos desse tipo de câncer duplicaram desde 1995.


O estudo atual corrobora três décadas de evidências que sugerem que o uso regular de ácido acetilsalicílico (ASS) reduz o risco de câncer. Um estudo anterior, chamado CAPP2, demonstrou que o ácido acetilsalicílico tem um efeito protetor contra o câncer colorretal em pacientes com síndrome de Lynch, durante um acompanhamento de 20 anos.


Embora dados emergentes tenham indicado que o uso de ácido acetilsalicílico pode reduzir o risco de câncer colorretal em estágios tardios, não se sabia se o seu uso regular, assim como de outros anti-inflamatórios não esteroides, estava associado à redução do risco de adenomas convencionais em estágios iniciais e, especialmente, dos adenomas de alto risco, que são considerados os principais precursores do câncer colorretal em estágios iniciais.


Uma análise inédita de marcadores moleculares, realizada pela Dra. Yin Cao, também da Washington University, revelou que pelo menos 57% dos casos de câncer colorretal em estágios iniciais têm origem na via adenoma-carcinoma convencional.


Objetivo do estudo sobre uso regular do ASS na prevenção do câncer colorretal


O objetivo do novo estudo foi investigar a associação entre o uso regular de ácido acetilsalicílico ou outros anti-inflamatórios não esteroides, pelo menos duas vezes por semana, e o risco de adenoma de início precoce. A análise foi baseada em dados do Nurses’ Health Study II, que contou com a participação de 32.058 mulheres que realizaram pelo menos uma colonoscopia antes dos 50 anos de idade, entre 1991 e 2015. Os adenomas de alto risco foram definidos como aqueles com pelo menos 1 cm de tamanho e apresentando histologia tubulovilosa/vilosa ou displasia de alto grau, ou ainda quando havia pelo menos três adenomas.


Houve 1.247 adenomas de início precoce, dentre os quais 290 foram considerados de alto risco. O risco de adenomas entre as pacientes que tomavam ácido acetilsalicílico ou anti-inflamatórios não esteroides regularmente para proteção cardiovascular ou para doenças inflamatórias foi menor do que entre as que não tomavam ácido acetilsalicílico e/ou anti-inflamatórios não esteroides regularmente. Enquanto a associação foi semelhante para os adenomas de alto risco em comparação aos de baixo risco, o benefício foi mais acentuado para os adenomas com histologia tubulovilosa/vilosa ou com displasia de alto grau (razão de chances [RC] de 0,67; intervalo de confiança [IC] de 95% de 0,51 a 0,89), uma redução de 33%, em comparação aos adenomas tubulares (RC de 0,90; IC 95% de 0,79 a 1,0; P para a heterogeneidade = 0,02).

Com os adenomas de início tardio, a redução de risco foi confinada principalmente aos grandes (RC de 0,76; IC 95% de 0,62 a 0,93) ou a múltiplos adenomas (RC de 0,57; IC 95% de 0,40 a 0,83), mas não aos adenomas de histologia avançada (RC de 0,92; IC 95% de 0,73 a 1,17).

"Com o aumento da prevalência de câncer colorretal, ainda não temos nenhuma estratégia preventiva além do rastreamento. Com esta redução de 15% com o uso de ácido acetilsalicílico ou anti-inflamatórios não esteroides no adenoma de início precoce – e particularmente o benefício bastante significativo de 33% no adenoma avançado com histologia avançada –, precisamos pensar em uma estratégia de quimioprevenção de precisão para os precursores do câncer colorretal de início precoce", disse a Dra. Yin.

A U.S. Preventive Services Task Force emitiu uma nova recomendação em 2021 afirmando que o rastreamento do câncer colorretal para pessoas com risco médio deve começar cinco anos mais cedo, aos 45 anos de idade. "Como sabemos", disse a Dra. Yin, "muitos adultos mais jovens não fazem o rastreamento. É por isso que estamos avaliando potenciais agentes quimiopreventivos do câncer colorretal de início precoce".


A Digestive Disease Week® é patrocinada pelas sociedades American Association for the Study of Liver Diseases, American Gastroenterological Association, American Society for Gastrointestinal Endoscopy e Society for Surgery of the Alimentary Tract.


Câncer colorretal é preocupação crescente na saúde pública


Essa pesquisa traz uma perspectiva promissora no campo da prevenção do câncer colorretal de início precoce. Os resultados incentivam a realização de estudos adicionais para confirmar e ampliar essas descobertas, com o objetivo de desenvolver estratégias eficazes de prevenção e proporcionar uma melhor compreensão dos fatores subjacentes a essa doença devastadora.


A importância desses achados vai além da relevância clínica, pois o câncer colorretal de início precoce tem se tornado uma preocupação crescente de saúde pública. O aumento alarmante na incidência e no número de mortes relacionadas a essa doença ressalta a necessidade urgente de abordagens preventivas eficazes.


O estudo atual contribui para um corpo crescente de evidências que sustenta a eficácia do uso regular de ácido acetilsalicílico na redução do risco de câncer colorretal. No entanto, é fundamental enfatizar que mais pesquisas são necessárias para aprofundar o entendimento e confirmar essas descobertas.


Além disso, a análise inédita realizada pela Dra. Yin Cao, identificando a via adenoma-carcinoma convencional como um precursor significativo do câncer colorretal de início precoce, fornece insights valiosos para o desenvolvimento de estratégias preventivas direcionadas.


Implicações do estudo na prática clínica


Os resultados desse estudo têm implicações importantes para a prática clínica e a saúde pública. Profissionais de saúde devem considerar o potencial benefício do uso regular de ácido acetilsalicílico e outros anti-inflamatórios não esteroides na prevenção do câncer colorretal de início precoce, especialmente em pacientes de alto risco. No entanto, é essencial que essas decisões sejam baseadas em uma avaliação individualizada de cada paciente, levando em consideração seus fatores de risco e histórico médico.


À medida que se avança no campo da prevenção do câncer colorretal, é fundamental que haja um esforço contínuo para conscientizar a população sobre a importância da detecção precoce e da adoção de hábitos de vida saudáveis. A combinação de estratégias preventivas, como o uso de ácido acetilsalicílico e a realização regular de exames de triagem, pode ter um impacto significativo na redução do fardo do câncer colorretal de início precoce.


Em resumo, esse estudo destaca o potencial promissor do uso regular de ácido acetilsalicílico e outros anti-inflamatórios não esteroides na prevenção do câncer colorretal de início precoce. Os resultados sugerem que essas intervenções podem desempenhar um papel relevante na redução do risco de adenomas e no combate a essa doença crescente. No entanto, mais pesquisas são necessárias.


(Informação original em: Este conteúdo foi originalmente publicado no MDedge.com─ Medscape Professional Network)

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