Vacinas atrasadas: o que fazer e quais os riscos?
- medicinaatualrevis
- há 4 dias
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Manter a caderneta de vacinação atualizada é uma das formas mais eficazes de proteger crianças, adolescentes e adultos contra doenças que podem causar complicações graves e até a morte. No entanto, por diversos motivos, é comum que algumas vacinas fiquem atrasadas ao longo da vida — seja por esquecimento, dificuldade de acesso aos serviços de saúde ou desinformação.
Mas afinal, o que fazer quando as vacinas estão atrasadas? É preciso recomeçar o esquema vacinal? Quais são os riscos de não completar as doses recomendadas?
Neste artigo, você vai entender como funciona a vacinação de rotina, o que acontece quando há atraso, como regularizar a situação e quais doenças podem ressurgir se a imunização for negligenciada.
O que significa ter vacinas atrasadas?
Dizemos que uma vacina está atrasada quando a pessoa não recebe a dose prevista para determinada faixa etária ou intervalo entre as aplicações, de acordo com o calendário de vacinação do Ministério da Saúde.
Esse calendário é diferente para crianças, adolescentes, adultos e idosos, e leva em consideração o tempo ideal para a imunização ser eficaz e segura. Cada vacina tem um esquema próprio, com doses únicas, reforços ou esquemas de múltiplas aplicações.
Vacinas atrasadas não anulam a proteção anterior, mas interrompem o ciclo ideal de imunização, deixando o organismo mais vulnerável à infecção.
Quais são os principais motivos para o atraso na vacinação?
Diversos fatores podem contribuir para que vacinas fiquem em atraso:
Falta de conhecimento sobre o calendário vacinal;
Esquecimento de datas ou da importância dos reforços;
Dificuldade de acesso a unidades de saúde;
Situações de saúde que impediram a vacinação temporariamente;
Medo de reações adversas ou influência de fake news;
Períodos de pandemia, como aconteceu com a COVID-19.
Seja qual for o motivo, é possível e necessário colocar as vacinas em dia o quanto antes.
O que fazer quando as vacinas estão atrasadas?
A boa notícia é que não é necessário reiniciar o esquema vacinal do zero. As doses já aplicadas continuam válidas, e a orientação é retomar de onde parou.
Passos para atualizar a caderneta:
Localize a caderneta de vacinação: leve o documento à unidade de saúde para que os profissionais possam verificar o que falta.
Consulte um profissional de saúde: enfermeiros e vacinadores estão preparados para avaliar o histórico e indicar quais doses devem ser aplicadas.
Siga o novo cronograma: as vacinas faltantes serão reagendadas de acordo com a idade atual e os intervalos mínimos exigidos entre cada dose.
Registre tudo na caderneta: isso facilita o acompanhamento futuro e garante que você tenha um histórico confiável da sua imunização.
Mesmo que o atraso seja de meses ou anos, nunca é tarde para se proteger.
Quais os riscos de deixar vacinas em atraso?
O maior risco das vacinas atrasadas é a perda da proteção adequada contra doenças que podem ser evitadas, muitas delas altamente contagiosas e com potencial de causar complicações sérias.
Alguns exemplos:
Sarampo
A doença voltou a circular no Brasil justamente por causa da queda na cobertura vacinal. É altamente transmissível e pode causar pneumonia, encefalite e até a morte.
Poliomielite
Erradicada no país há décadas, ainda representa ameaça se a cobertura vacinal cair. Pode causar paralisia irreversível.
Coqueluche
Afeta especialmente bebês, causando crises de tosse intensas e risco de parada respiratória.
Hepatite B
Transmissível pelo sangue e fluidos corporais, pode evoluir para cirrose ou câncer hepático se não for prevenida pela vacina.
Além do risco individual, o atraso na vacinação afeta toda a comunidade, já que reduz a imunidade coletiva (também chamada de “efeito rebanho”), facilitando a propagação de doenças.
Existe idade limite para colocar as vacinas em dia?
Não! Todas as faixas etárias podem (e devem) ser vacinadas, de acordo com sua situação imunológica e histórico vacinal. Existem vacinas específicas para adultos, idosos, gestantes e pessoas com doenças crônicas.
Vacinas como tétano, hepatite B, febre amarela e influenza fazem parte da rotina de adultos e estão disponíveis gratuitamente no SUS.
Mesmo para quem perdeu o controle do cartão de vacinação, é possível iniciar ou completar esquemas de forma segura com orientação profissional.
Quais vacinas são consideradas prioritárias em caso de atraso?
A escolha das vacinas a serem aplicadas depende da idade da pessoa, dos riscos epidemiológicos e do tempo de atraso. Algumas, no entanto, são prioritárias, como:
Tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola);
Vacina contra poliomielite (VIP ou VOP);
Pentavalente (DTP + Hib + hepatite B);
Vacina contra o HPV;
Vacina contra meningite;
Vacina contra febre amarela (em áreas de risco);
Influenza (gripe), recomendada anualmente.
A atualização pode ser feita em etapas, de forma gradual e segura.
Vacinas atrasadas durante a pandemia de covid-19
A pandemia impactou negativamente os índices de vacinação infantil e adulta no Brasil. Com o isolamento social e a sobrecarga dos serviços de saúde, muitas famílias adiaram ou perderam doses importantes.
Desde então, o Ministério da Saúde e outras instituições de saúde têm promovido campanhas de multivacinação, incentivando a regularização das cadernetas.
Se você ou seu filho ficaram com vacinas atrasadas durante esse período, procure uma unidade de saúde o quanto antes.
Como evitar o atraso na vacinação?
Prevenir é sempre o melhor caminho. Algumas dicas importantes:
Mantenha a caderneta de vacinação atualizada e acessível;
Anote as datas das próximas doses e programe lembretes no celular;
Acompanhe campanhas de vacinação promovidas pelo SUS e escolas;
Em caso de dúvida ou perda da caderneta, procure orientação profissional.
A vacinação é um ato de cuidado com a sua saúde e com a saúde coletiva.
Conclusão
Ter vacinas atrasadas pode colocar em risco não só a saúde individual, mas também a saúde pública. A boa notícia é que é possível regularizar a situação em qualquer idade, sem necessidade de começar do zero.
Ao manter a caderneta em dia, você está protegendo a si mesmo, sua família e a comunidade contra doenças que já foram controladas, mas que podem voltar a circular se a cobertura vacinal diminuir.
Não espere pela próxima campanha: procure o posto de saúde mais próximo e atualize sua proteção.
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