Beber água gelada prejudica a digestão? Descubra!

É comum ouvir que beber água gelada atrapalha a digestão, causa dor de estômago ou até engorda. Essa ideia, bastante difundida, gera dúvidas e faz muita gente evitar o consumo de água fria durante as refeições.

Mas afinal, será que isso é verdade? Há algum fundamento científico por trás dessa recomendação? Ou seria mais um mito popular?

Neste artigo, vamos entender como o organismo reage ao consumo de água gelada, o que dizem os estudos e em que situações esse hábito pode ou não ser prejudicial.

Por que a água gelada ganhou fama de vilã?

Muitos dos mitos sobre a água gelada têm origem em tradições orientais, como a Medicina Tradicional Chinesa, que associa bebidas frias a um "choque térmico" no organismo. No entanto, do ponto de vista ocidental e científico, os efeitos são analisados de forma diferente.

A ideia de que ela “solidificaria gorduras” ou “atrasaria a digestão” ganhou força com o tempo, mas os estudos mostram que o impacto real depende de diversos fatores, como temperatura corporal, saúde gastrointestinal e sensibilidade individual.

O que acontece no corpo quando bebemos água gelada?

Ao ingerirmos líquidos muito frios, algumas reações fisiológicas podem ocorrer:

• Contração dos vasos sanguíneos no trato digestivo;

• Sensação de desconforto ou "gelar" o estômago em pessoas sensíveis;

• Redução transitória da motilidade gástrica em alguns indivíduos;

• Leve atraso no esvaziamento gástrico (dependendo da quantidade ingerida).

  
  

Por outro lado, a água gelada também pode gerar benefícios em determinadas situações, como em quadros de hipertermia (calor excessivo), melhora na hidratação durante exercícios físicos e alívio em casos de febre.

Beber água gelada faz mal para a digestão?

Em pessoas saudáveis, a água gelada não interfere negativamente no processo digestivo. O estômago tem a capacidade de adaptar a temperatura do que ingerimos rapidamente, mantendo o ambiente ideal para ação de enzimas digestivas.

No entanto, em algumas condições específicas, pode haver desconforto:

• Pacientes com gastrite, refluxo ou síndrome do intestino irritável;

• Pessoas muito sensíveis ao frio;

• Quem consome água gelada em grandes quantidades e rapidamente durante as refeições.

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Nestes casos, a água em temperatura ambiente pode ser melhor tolerada.

A água gelada solidifica gorduras?

Um dos mitos mais comuns é o de que a água fria “solidificaria a gordura dos alimentos no estômago”, dificultando a digestão. Essa crença não tem base científica.

O ambiente gástrico é altamente ácido e aquecido (em torno de 37°C). Portanto:

• Qualquer alimento ou bebida ingerida é rapidamente aquecido à temperatura corporal;

• As enzimas digestivas continuam funcionando normalmente;

• O processo de emulsificação e digestão das gorduras ocorre no intestino, com auxílio da bile.

  
  

Ou seja: a água gelada não impede nem “engessa” a digestão de gorduras.

Hábitos que realmente afetam a digestão

Ao contrário da água gelada, outros hábitos são comprovadamente prejudiciais para o sistema digestivo. Veja alguns:

• Comer rápido demais ou sem mastigar bem;

• Ingerir grandes volumes de líquidos junto com as refeições;

• Dietas ricas em frituras e alimentos ultraprocessados;

• Sedentarismo e estresse excessivo;

• Tabagismo e consumo excessivo de álcool;

• Dormir logo após comer.

  
  

Esses sim são fatores que impactam diretamente a digestão e o funcionamento intestinal.

Benefícios da água gelada

Em determinados contextos, a água fria pode ser benéfica:

• Hidratação em dias quentes: mais refrescante e estimulante;

• Redução da temperatura corporal: útil em casos de febre ou exaustão térmica;

• Aumento da disposição durante o exercício físico;

• Sensação de saciedade: pode ajudar quem busca controlar a ingestão alimentar.

  
  

Além disso, para muitas pessoas, é mais fácil consumir água gelada do que água morna — o que contribui para uma melhor hidratação ao longo do dia.

Quando evitar a água gelada?

Ainda que a maioria das pessoas não seja afetada negativamente, em alguns casos o ideal é evitar a ingestão de água gelada:

• Durante crises de enxaqueca ou cefaleia tensional;

• Em episódios de garganta inflamada ou amigdalite;

• Após cirurgias gastrointestinais;

• Em pacientes com distúrbios digestivos crônicos;

• Antes de dormir, caso cause desconforto abdominal.

  
  

Nestes casos, optar por água em temperatura ambiente é mais seguro e confortável.

Água gelada e emagrecimento: mito ou verdade?

Há quem diga que a água gelada ajudaria a emagrecer por “obrigar o corpo a gastar calorias para aquecê-la”. Isso até é verdade, mas o efeito é mínimo:

• Para cada 500 ml de água gelada, o gasto calórico é de aproximadamente 17 calorias;

• Isso é insuficiente para provocar perda de peso significativa;

• O emagrecimento real depende de alimentação equilibrada e atividade física regular.
  

Portanto, embora a água gelada possa contribuir discretamente para o gasto calórico, ela sozinha não faz emagrecer.

Conclusão

A ideia de que beber água gelada faz mal à digestão é um mito para a maioria das pessoas. O corpo humano é eficiente em regular a temperatura dos alimentos e bebidas ingeridos, mantendo a digestão funcionando normalmente.

Porém, se você tem alguma condição digestiva específica ou nota desconforto ao consumir água fria, o ideal é ouvir seu corpo e ajustar a temperatura conforme sua tolerância.

No mais, o mais importante é manter-se hidratado — seja com água gelada ou em temperatura ambiente.