Diarreia frequente: atenção à sua alimentação

Todo mundo já teve um episódio de diarreia. Seja por uma infecção alimentar ou reação a algum alimento novo, esse sintoma geralmente passa em poucos dias. No entanto, quando o problema se torna constante, merece atenção.

A diarreia frequente pode ser um sinal de algo mais sério, desde intolerâncias alimentares até doenças inflamatórias intestinais. Identificar a causa é o primeiro passo para resolver o desconforto e recuperar o bem-estar.

O que caracteriza a diarreia frequente?

A diarreia é definida como o aumento da frequência e da fluidez das evacuações. Quando ocorre de forma persistente — mais de três vezes por semana, por várias semanas — já se considera diarreia crônica ou frequente. Diferente de um episódio isolado, ela costuma vir acompanhada de outros sintomas como gases, cólicas, distensão abdominal ou perda de peso.

Principais causas de diarreia frequente

Nem sempre a causa está relacionada a infecções. Em muitos casos, hábitos alimentares ou condições crônicas do organismo estão por trás da diarreia frequente. Veja abaixo os motivos mais comuns:

1. Intolerâncias alimentares

A intolerância à lactose ou ao glúten pode causar diarreia persistente.Nesses casos, o organismo tem dificuldade em digerir certos componentes dos alimentos.Outros sintomas incluem gases, inchaço e dor abdominal.

2. Infecções persistentes

Parasitas intestinais, como a giárdia, ou infecções bacterianas podem gerar quadros arrastados. São comuns em regiões com saneamento precário ou após viagens.Podem vir acompanhadas de febre e mal-estar.

3. Síndrome do intestino irritável (SII)

Distúrbio funcional do intestino que alterna episódios de diarreia e constipação.Está ligado ao estresse e à sensibilidade aumentada do intestino. Causa dor, urgência para evacuar e sensação de evacuação incompleta.

4. Uso de medicamentos

Antibióticos, laxantes e até suplementos com magnésio podem causar diarreia.O uso prolongado de certos remédios altera a flora intestinal.

5. Doenças inflamatórias intestinais

Doença de Crohn e retocolite ulcerativa são causas mais graves.Provocam inflamação na parede intestinal, com dor, sangue nas fezes e emagrecimento.Exigem acompanhamento médico rigoroso.

Alimentação e diarreia: o que observar

A relação entre diarreia frequente e a alimentação é muito próxima. Em muitos casos, certos alimentos funcionam como gatilhos e devem ser identificados e, se necessário, evitados.

• Leite e derivados (em intolerantes à lactose).

• Alimentos ultraprocessados, ricos em aditivos e corantes.

• Excesso de cafeína e álcool.

• Adoçantes artificiais como sorbitol e manitol.

• Glúten (em pessoas com doença celíaca ou sensibilidade não celíaca).

• Alimentos gordurosos ou muito condimentados.
  

Quando a diarreia frequente é sinal de alerta

É importante buscar avaliação médica se a diarreia frequente vier acompanhada de outros sintomas ou causar impacto significativo na sua rotina.

• Presença de sangue ou muco nas fezes.

• Perda de peso sem motivo aparente.

• Febre persistente ou episódios de febre recorrente.

• Anemia, fraqueza e queda de cabelo.

• Desidratação: boca seca, tontura, urina escura.
  

Diagnóstico: o que o médico pode investigar

O primeiro passo é uma boa entrevista clínica e um diário alimentar para relacionar os sintomas aos alimentos consumidos. Exames laboratoriais e de imagem também podem ser solicitados.

• Coprocultura e parasitológico de fezes.

• Exames de sangue para avaliar anemia, inflamação ou alergias.

• Teste de intolerância à lactose.

• Endoscopia e colonoscopia, quando há suspeita de doenças intestinais crônicas.

• Exames hormonais, nos casos com suspeita de alterações metabólicas.
  

Como aliviar os sintomas no dia a dia

Enquanto o diagnóstico não é fechado, é possível tomar algumas medidas que ajudam a controlar a diarreia e a proteger o intestino.

• Evitar alimentos irritantes: frituras, álcool, café, alimentos com lactose.

• Incluir fibras solúveis, como banana, maçã sem casca e arroz branco.

• Manter-se hidratado: água, soro caseiro ou bebidas isotônicas.

• Fracionar as refeições e mastigar bem os alimentos.

• Evitar laxantes e automedicação, que podem piorar o quadro.
  

Tratamento: depende da causa

O tratamento da diarreia frequente varia de acordo com a causa identificada:

• Intolerância alimentar: retirada dos alimentos responsáveis e reeducação alimentar.

• Infecções: uso de antibióticos ou antiparasitários específicos.

• Distúrbios funcionais: controle do estresse, uso de probióticos e ajustes dietéticos.

• Doenças inflamatórias: acompanhamento com gastroenterologista e uso de medicamentos imunossupressores.
  

Conclusão

A diarreia frequente não deve ser ignorada, especialmente quando vem acompanhada de outros sintomas ou causa impacto na qualidade de vida. Embora nem sempre indique algo grave, é fundamental identificar e tratar a causa de forma adequada.

A alimentação é um fator-chave tanto na origem quanto na prevenção do problema — por isso, prestar atenção ao que se come é o primeiro passo para cuidar da saúde intestinal.