Doença celíaca: sinais precoces que você não deve ignorar
- medicinaatualrevis
- 26 de jun.
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A doença celíaca é uma condição autoimune provocada pela ingestão de glúten, uma proteína presente no trigo, centeio, cevada e derivados. Quando uma pessoa com doença celíaca consome alimentos com glúten, o sistema imunológico reage contra o próprio intestino delgado, danificando suas vilosidades — estruturas responsáveis por absorver os nutrientes dos alimentos.
O problema é que essa inflamação intestinal pode acontecer de forma silenciosa e gradual. Muitas pessoas vivem anos com sintomas leves, sem imaginar que têm uma condição que pode comprometer seriamente sua saúde a longo prazo.
Neste artigo, você vai entender quais são os sinais precoces da doença celíaca, como ela é diagnosticada e o que muda na rotina após o diagnóstico.
O que causa a doença celíaca
A doença tem base genética e afeta pessoas predispostas. Estima-se que entre 1% e 2% da população mundial tenha doença celíaca, embora muitos casos ainda não sejam diagnosticados.
Dois fatores principais estão envolvidos:
Genética: presença dos genes HLA-DQ2 ou HLA-DQ8.
Exposição ao glúten: geralmente a partir da introdução alimentar na infância.
Além disso, fatores ambientais, infecções intestinais, mudanças na microbiota e estresse também podem influenciar no surgimento da doença.
Quais são os sinais precoces da doença celíaca
Os sintomas podem variar bastante de pessoa para pessoa. Em crianças, os sinais tendem a ser mais evidentes e intestinais. Em adultos, muitas vezes os sintomas são extraintestinais, tornando o diagnóstico mais difícil.
Antes da lista, vale reforçar: se você apresenta esses sintomas com frequência e sem outra causa aparente, vale conversar com um médico.
Inchaço abdominal e gases frequentes.
Diarreia crônica ou constipação persistente.
Anemia por deficiência de ferro que não melhora com suplemento.
Perda de peso não intencional.
Atraso no crescimento ou baixa estatura em crianças.
Cansaço frequente sem motivo claro.
Alterações de humor, ansiedade ou depressão.
Lesões de pele com coceira intensa (dermatite herpetiforme).
Queda de cabelo e unhas fracas.
Infertilidade ou abortos de repetição.
Esses sinais são reflexo da má absorção de nutrientes provocada pela inflamação intestinal crônica.
Como é feito o diagnóstico da doença celíaca
O diagnóstico é feito com base em uma combinação de sintomas, exames laboratoriais e, em alguns casos, biópsia intestinal.
Exames laboratoriais:
Sorologia para doença celíaca: anticorpos anti-transglutaminase tecidual (tTG-IgA) e anti-endomísio.
Dosagem de IgA total (para confirmar que a resposta imunológica está adequada).
Se esses exames forem positivos, o médico pode solicitar:
Endoscopia digestiva alta com biópsia duodenal: para avaliar o grau de lesão nas vilosidades.
Teste genético (HLA-DQ2 e HLA-DQ8): não confirma, mas ajuda a excluir o diagnóstico se for negativo.
Importante: não se deve retirar o glúten da dieta antes de realizar esses exames, pois isso pode mascarar os resultados.
Qual é o tratamento da doença celíaca
O único tratamento eficaz atualmente é a dieta isenta de glúten por toda a vida. Isso inclui:
Eliminar alimentos com trigo, centeio, cevada e malte.
Verificar rótulos e evitar contaminação cruzada.
Aprender a identificar nomes alternativos do glúten nos ingredientes.
Após a retirada do glúten:
Os sintomas costumam melhorar em semanas ou poucos meses.
As vilosidades intestinais se regeneram.
A absorção de nutrientes volta ao normal.
Manter acompanhamento com nutricionista e gastroenterologista é essencial para garantir uma dieta equilibrada e livre de riscos.
Alimentos que contêm glúten e precisam ser evitados
Antes da lista, vale destacar que o glúten está presente em muitos alimentos industrializados, mesmo naqueles que parecem “inofensivos”.
Pães, bolos e massas feitas com farinha de trigo.
Biscoitos, bolachas e torradas comuns.
Cervejas tradicionais e bebidas maltadas.
Molhos prontos, caldos e temperos industrializados.
Embutidos (salsicha, presunto, salame) com glúten como espessante.
É fundamental ler os rótulos com atenção e buscar produtos com o selo “não contém glúten”.
O que acontece se a doença celíaca não for tratada
A inflamação contínua no intestino pode levar a uma série de complicações a longo prazo:
Desnutrição e osteoporose.
Infertilidade.
Problemas neurológicos (ataxias, neuropatias).
Risco aumentado de linfoma intestinal.
Por isso, mesmo que os sintomas sejam leves, a doença celíaca deve ser levada a sério e tratada com rigor.
E quanto à sensibilidade ao glúten não celíaca?
Algumas pessoas apresentam sintomas semelhantes aos da doença celíaca, mas não têm alteração nos exames imunológicos ou biópsia. Nesses casos, pode-se falar em sensibilidade ao glúten não celíaca.
Essa condição também melhora com dieta sem glúten, mas não causa danos ao intestino como a doença celíaca. Ainda assim, deve ser acompanhada por profissional de saúde para diferenciar de outras intolerâncias e evitar restrições alimentares desnecessárias.
Conclusão
A doença celíaca pode se manifestar de forma silenciosa ou com sintomas que imitam outras condições digestivas. Observar sinais como distensão abdominal, diarreia, anemia e alterações de humor pode ser o primeiro passo para um diagnóstico precoce e uma vida com mais saúde.
Com a retirada total do glúten da dieta, a maioria das pessoas se sente melhor, evita complicações e conquista mais qualidade de vida.
Se você desconfia da doença, procure um médico e jamais inicie dieta sem glúten por conta própria antes da investigação adequada.
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