Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC): causas, sintomas e cuidados essenciais
- medicinaatualrevis
- 20 de mai.
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A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é uma enfermidade progressiva dos pulmões que compromete a capacidade respiratória e pode impactar profundamente a qualidade de vida.
Ela se caracteriza por uma obstrução crônica do fluxo de ar, dificultando principalmente a saída do ar dos pulmões. Embora incurável, a DPOC pode ser controlada com tratamento adequado e mudanças no estilo de vida.
Este artigo do Medicina Atual explica o que é a DPOC, suas causas, sintomas e as principais abordagens de tratamento e prevenção.
O que é a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC)
A DPOC é uma condição crônica que afeta as vias aéreas e os pulmões, tornando difícil a respiração. Ela é composta por duas doenças pulmonares principais:
Bronquite obstrutiva crônica: tosse produtiva com escarro por pelo menos três meses ao ano, em dois anos consecutivos, associada à obstrução do fluxo de ar.
Enfisema pulmonar: destruição dos alvéolos pulmonares, prejudicando as trocas gasosas.
Na maioria dos casos, os pacientes apresentam características de ambas as condições. A obstrução respiratória é progressiva, irreversível e, se não tratada, pode levar à insuficiência respiratória.
Causas da DPOC
A causa mais comum da DPOC é o tabagismo, incluindo o cigarro, o charuto e o cachimbo. A exposição prolongada a fumaça e substâncias irritantes provoca inflamação crônica nas vias aéreas, levando à degeneração do tecido pulmonar.
Outras causas incluem:
Exposição a vapores químicos e poeiras industriais.
Poluição do ar.
Fumaça de fogão a lenha (especialmente em zonas rurais).
Tendência genética (deficiência de alfa-1 antitripsina).
Principais sintomas da DPOC
A doença pulmonar obstrutiva crônica se desenvolve lentamente, e muitos pacientes não percebem os sintomas até que a função pulmonar esteja significativamente comprometida.
Sintomas iniciais (entre 40 e 50 anos):
Tosse leve com catarro transparente, principalmente pela manhã.
Falta de ar durante esforços físicos.
Sintomas avançados (acima dos 60 anos):
Dificuldade para respirar mesmo em repouso.
Infecções respiratórias frequentes (pneumonia, bronquite).
Perda de peso sem explicação.
Cianose (coloração azulada da pele e lábios).
Tórax aumentado (em forma de “barril”).
Tosse com sangue em alguns casos.
Exacerbações da DPOC: quando os sintomas pioram
As exacerbações são episódios de piora aguda dos sintomas respiratórios, muitas vezes provocadas por infecções virais ou exposição a alérgenos e poluentes. Os sinais de alerta incluem:
Tosse intensa com catarro espesso, amarelado ou esverdeado.
Falta de ar severa, mesmo em repouso.
Febre e dores no corpo.
Sudorese excessiva.
Confusão mental e ansiedade.
Pele azulada (hipoxemia).
Esses episódios podem evoluir para insuficiência respiratória aguda e exigem atendimento médico imediato.
Como é feito o diagnóstico da DPOC
O diagnóstico da DPOC é clínico e baseado nos sintomas e histórico do paciente (especialmente tabagismo). Os exames mais utilizados incluem:
Radiografia de tórax: avalia alterações estruturais nos pulmões.
Espirometria: mede a capacidade respiratória e confirma a obstrução do fluxo de ar.
Oximetria de pulso: verifica o nível de oxigênio no sangue.
Gasometria arterial: avalia a oxigenação e o equilíbrio ácido-base.
ECG ou ecocardiograma: se houver suspeita de sobrecarga cardíaca.
Exames genéticos: para investigar DPOC hereditária em não fumantes jovens.
Tratamento da DPOC
Embora a DPOC não tenha cura, o tratamento adequado pode controlar os sintomas, reduzir as exacerbações e melhorar a qualidade de vida. As abordagens terapêuticas incluem:
1. Parar de fumar
É a medida mais importante para interromper a progressão da doença. Pode-se usar:
Goma ou adesivo de nicotina.
Medicamentos prescritos (como bupropiona ou vareniclina).
Apoio psicológico e grupos de cessação.
2. Medicamentos broncodilatadores
Aliviam a obstrução brônquica e facilitam a respiração:
Agonistas beta-2 de curta ou longa ação.
Anticolinérgicos.
Corticoides inalatórios (em casos mais graves).
Os medicamentos geralmente são administrados via inaladores, permitindo ação direta nos pulmões.
3. Oxigenoterapia
Em casos com saturação de oxigênio < 88%, pode ser necessária a oxigenoterapia domiciliar, geralmente com uso de cateter nasal.
4. Reabilitação pulmonar
Programa multidisciplinar com fisioterapia, exercícios físicos e educação em saúde. Ajuda a melhorar a resistência e reduzir a falta de ar.
5. Tratamento das exacerbações
Antibióticos se houver infecção
Corticoides sistêmicos
Internação hospitalar em casos graves
Cuidados diários para quem tem DPOC
Além do tratamento, hábitos saudáveis e medidas preventivas são essenciais:
Evitar exposição à poluição, fumaça de cigarro e pólen.
Manter vacinação atualizada (gripe e pneumococo).
Alimentação equilibrada e ingestão adequada de água.
Monitorar sintomas e manter contato regular com o médico.
Evitar esforço físico excessivo, mas manter atividades leves.
Complicações e prognóstico da DPOC
A DPOC é uma das principais causas de morte evitável no mundo. Sem o controle adequado, pode evoluir para complicações sérias:
Insuficiência respiratória.
Cor pulmonale (falência do lado direito do coração).
Pneumonia recorrente.
Necessidade de ventilação mecânica.
Por isso, planejar o cuidado a longo prazo é fundamental. Em estágios avançados, o paciente pode precisar de suporte para atividades básicas, além de acompanhamento paliativo em casos mais graves.
Conclusão
A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é uma condição grave, progressiva e incapacitante, mas que pode ser controlada com diagnóstico precoce, abandono do tabagismo e seguimento médico adequado. A chave para melhorar o prognóstico é a conscientização sobre os sintomas iniciais, especialmente entre fumantes e ex-fumantes. Manter hábitos saudáveis e aderir ao tratamento é o caminho para preservar a qualidade de vida e a função pulmonar.
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