Esclerose múltipla (EM): sintomas, causas, diagnóstico e tratamento
- medicinaatualrevis
- 15 de mai.
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A esclerose múltipla (EM) é uma doença neurológica crônica e autoimune, que afeta o sistema nervoso central, causando inflamação e danos à bainha de mielina, estrutura que envolve e protege os neurônios. Com isso, os impulsos nervosos se tornam mais lentos ou interrompidos, resultando em sintomas neurológicos variados, que vão desde problemas de visão até dificuldade para andar.
Segundo dados internacionais, mais de 2,8 milhões de pessoas convivem com EM no mundo. A doença é mais comum entre os 20 e 40 anos, especialmente em mulheres, e tende a evoluir com surtos e remissões, podendo progredir ao longo dos anos.
Causas da esclerose múltipla
Diversos fatores podem estar envolvidos no desenvolvimento da esclerose múltipla, embora a causa exata ainda não seja conhecida. A seguir, destacamos os principais elementos que parecem contribuir para o surgimento da doença:
Reação autoimune: o sistema imunológico ataca erroneamente a bainha de mielina.
Genética: pessoas com parentes de primeiro grau com EM têm risco aumentado.
Fatores ambientais: baixos níveis de vitamina D, exposição a certos vírus (como o Epstein-Barr) e tabagismo estão associados a maior risco.
Clima: a EM é mais prevalente em regiões de clima temperado.
Sintomas da esclerose múltipla
Os sinais e sintomas da EM são variados e dependem das áreas do sistema nervoso central afetadas. Eles podem aparecer de maneira repentina, regredir parcialmente ou progredir ao longo do tempo. Veja a seguir os sintomas mais comuns.
Sintomas iniciais comuns:
Os primeiros sintomas geralmente envolvem alterações sensoriais e motoras, incluindo:
Formigamento, dor ou queimação nos membros ou face;
Fraqueza muscular ou rigidez;
Visão turva, dor ocular ou perda de visão (neurite óptica);
Dificuldade de coordenação motora;
Tontura, vertigem;
Fadiga intensa.
Sintomas tardios:
Com a progressão da doença, sintomas mais debilitantes podem surgir, tais como:
Espasticidade (rigidez muscular);
Tremores e fala arrastada;
Incontinência urinária ou fecal;
Constipação;
Problemas cognitivos (memória, concentração);
Depressão e alterações de humor;
Dificuldade para andar ou necessidade de cadeira de rodas.
Tipos de esclerose múltipla
A evolução da esclerose múltipla pode ocorrer de formas distintas. Conheça os principais padrões da doença:
Remitente-recorrente (EMRR): surtos com sintomas agudos seguidos de remissões.
Secundária progressiva (EMSP): inicia como EMRR e progride com ou sem recaídas.
Primária progressiva (EMPP): piora gradual desde o início, sem remissões.
Progressiva recidivante (EMPR): progressão constante com surtos agudos.
Diagnóstico da esclerose múltipla
O diagnóstico de EM é feito por meio da combinação de avaliação clínica e exames complementares. Veja os principais:
Ressonância magnética do crânio e medula espinhal (detecta lesões desmielinizantes);
Punção lombar (análise do líquido cefalorraquidiano);
Potenciais evocados (avalia a condução dos impulsos nervosos);
Exames de sangue para excluir outras doenças neurológicas.
Tratamento da esclerose múltipla
Embora não tenha cura, a esclerose múltipla pode ser controlada com medicamentos e medidas de suporte. Conheça as principais abordagens terapêuticas:
1. Corticosteroides
Utilizados durante surtos agudos (ex.: metilprednisolona IV) para reduzir inflamação.
2. Medicamentos modificadores da doença (DMTs)
São fármacos que reduzem a frequência de surtos e retardam a progressão da doença:
Interferon beta, acetato de glatiramer
Fingolimode, siponimode, teriflunomida, cladribina (via oral)
Natalizumabe, ocrelizumabe, ofatumumabe, alemtuzumabe (imunobiológicos)
3. Tratamento sintomático
Os sintomas específicos da EM podem ser aliviados com medicações direcionadas:
Espasticidade: baclofeno, tizanidina
Dor neuropática: gabapentina, pregabalina
Fadiga: amantadina, modafinila
Problemas urinários: oxibutinina, cateterismo intermitente
Depressão: antidepressivos, psicoterapia
4. Reabilitação e medidas gerais
Além do tratamento farmacológico, estratégias de suporte e reabilitação são fundamentais:
Fisioterapia e terapia ocupacional
Fonoaudiologia para distúrbios da fala e deglutição
Exercícios físicos regulares
Evitar calor excessivo
Manter vitamina D em níveis adequados
Prognóstico da esclerose múltipla
O curso da EM é altamente variável. Muitas pessoas permanecem ativas por anos com tratamento adequado. Cerca de 75% não necessitam de cadeira de rodas, e 40% mantêm suas atividades normais por longo período. A expectativa de vida geralmente não é afetada, a menos que a doença seja muito grave.
Conclusão
A esclerose múltipla é uma condição complexa e desafiadora, mas que pode ser gerenciada com sucesso através de diagnóstico precoce, tratamento adequado e acompanhamento contínuo. Com o avanço das terapias modificadoras da doença, muitas pessoas com EM têm conseguido manter sua independência e qualidade de vida por muitos anos.
A conscientização, o apoio multidisciplinar e a educação sobre a doença são fundamentais tanto para pacientes quanto para familiares e cuidadores. Procurar assistência médica especializada diante dos primeiros sinais neurológicos pode fazer toda a diferença na trajetória da doença.
Fonte: Manual MSD
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