Galactorreia: entenda as causas da produção de leite fora do período de amamentação
- medicinaatualrevis
- 12 de mai.
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A galactorreia é uma condição médica caracterizada pela produção de leite pelas glândulas mamárias fora do período de amamentação. Embora mais comum em mulheres, pode ocorrer também em homens, sendo frequentemente um sinal de desequilíbrio hormonal ou disfunção da hipófise.
Reconhecer essa condição e investigar suas causas é essencial, especialmente por sua associação com distúrbios endócrinos e infertilidade.
O que é galactorreia e como ela se manifesta
A galactorreia não é uma doença em si, mas um sintoma de que algo está alterando a secreção de prolactina — o hormônio responsável pela produção de leite. Essa secreção ocorre de forma involuntária e pode ser unilateral ou bilateral, com aspecto semelhante ao leite materno. A condição não está relacionada à gravidez ou ao puerpério.
A glândula hipófise, localizada na base do cérebro, é a responsável pela produção da prolactina. Em situações normais, esse hormônio aumenta somente em mulheres que estão amamentando. No entanto, um excesso de prolactina (hiperprolactinemia) pode levar à galactorreia em diferentes contextos clínicos.
Causas mais comuns da galactorreia
Diversas condições podem desencadear a produção anormal de prolactina. A causa mais comum é o adenoma hipofisário, também chamado de prolactinoma, um tumor benigno da hipófise. Outros fatores também devem ser investigados:
Causa | Mecanismo de ação |
Tumor hipofisário (prolactinoma) | Estimula produção excessiva de prolactina |
Medicamentos | Antipsicóticos, antidepressivos, anti-hipertensivos, anticoncepcionais |
Hipotireoidismo | Estimula TRH, que indiretamente aumenta prolactina |
Doença renal crônica | Reduz a excreção da prolactina |
Doença hepática | Diminui a metabolização hepática da prolactina |
Tumores pulmonares | Alguns tipos secretam prolactina ectopicamente |
Sinais e sintomas associados à galactorreia
A manifestação clínica da galactorreia pode variar conforme o sexo e o nível de prolactina circulante. Os sinais mais comuns incluem:
Em mulheres:
Secreção láctea nas mamas fora do período gestacional
Irregularidade menstrual ou amenorreia
Secura vaginal
Infertilidade
Hirsutismo (excesso de pelos corporais)
Em homens:
Secreção mamária
Redução da libido
Disfunção erétil
Ginecomastia
Em ambos os sexos, tumores hipofisários maiores podem causar sintomas neurológicos como:
Cefaleia persistente
Distúrbios visuais (escotomas, visão em túnel)
Como é feito o diagnóstico da galactorreia
O diagnóstico inicia-se com anamnese e exame físico, seguido de exames laboratoriais e de imagem para confirmação da causa subjacente. Os principais exames incluem:
Dosagem sérica de prolactina: níveis elevados confirmam hiperprolactinemia
Dosagem de TSH e T4 livre: para avaliar função tireoidiana
Ressonância magnética de crânio com contraste (RM): método de escolha para avaliar a presença de tumor hipofisário
Tomografia computadorizada (TC): alternativa quando a RM não está disponível
Tratamento da galactorreia
O tratamento da galactorreia depende da causa subjacente, da intensidade dos sintomas e da presença de alterações hormonais associadas. As abordagens incluem:
Tratamento farmacológico
Agonistas dopaminérgicos como cabergolina e bromocriptina reduzem a secreção de prolactina e podem reduzir o tamanho dos prolactinomas.
Reposição hormonal em casos de hipotireoidismo ou deficiência estrogênica.
Cirurgia
Indicação para tumores resistentes ao tratamento clínico ou com efeito compressivo importante sobre estruturas neurológicas.
Radioterapia
Considerada em casos refratários a cirurgia e medicamentos.
Em pacientes assintomáticos, com níveis discretamente elevados de prolactina e sem tumor identificado, pode-se optar apenas por monitoramento periódico com exames anuais.
Prognóstico e acompanhamento
A maioria dos casos de galactorreia tem boa resposta ao tratamento medicamentoso. Tumores pequenos geralmente regridem com agonistas dopaminérgicos, e a fertilidade costuma ser restaurada. O seguimento clínico com exames de imagem e laboratoriais é essencial para avaliar a resposta ao tratamento e prevenir recidivas.
Conclusão
A galactorreia é um sinal clínico importante, muitas vezes negligenciado, mas que pode indicar doenças relevantes, como tumores hipofisários ou disfunções endócrinas.
Para o estudante de Medicina e para o médico recém-formado, reconhecer esse achado e conduzir corretamente a investigação diagnóstica é essencial para garantir o manejo eficaz e evitar complicações como infertilidade e disfunção sexual.
Fonte: Manual MSD
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