Síndrome das pernas inquietas: o que causa e como tratar
- medicinaatualrevis
- 26 de jun.
- 4 min de leitura

Você sente uma vontade irresistível de mexer as pernas ao deitar? Já teve a sensação de formigamento, coceira ou queimação nos membros inferiores, especialmente à noite? Esses podem ser sinais da síndrome das pernas inquietas (SPI), um distúrbio neurológico que afeta o sono, o descanso e a qualidade de vida.
A SPI é mais comum do que se imagina e muitas vezes confundida com ansiedade ou má circulação. Estima-se que cerca de 5% a 10% da população mundial sofra com esse problema, sendo mais frequente em mulheres e pessoas acima dos 40 anos.
Neste artigo, você vai entender o que causa a síndrome, quais são seus sintomas e, principalmente, como é feito o tratamento.
O que é a síndrome das pernas inquietas
A síndrome das pernas inquietas é uma condição neurológica caracterizada por sensações desconfortáveis nas pernas (e às vezes nos braços), associadas à necessidade incontrolável de movimentá-las.
Essas sensações geralmente surgem ou se agravam à noite ou em repouso, prejudicando o início e a manutenção do sono. Por isso, a SPI também é considerada uma das causas de insônia crônica.
Quais são os sintomas da SPI
Os sintomas variam de pessoa para pessoa, mas existem alguns sinais clássicos que ajudam a identificar o distúrbio:
Necessidade urgente de mover as pernas.
Formigamento, queimação, dor ou sensação de “bichinhos andando”.
Sintomas que pioram no fim do dia ou durante o descanso.
Alívio temporário ao movimentar as pernas.
Dificuldade para adormecer ou voltar a dormir.
Em casos mais graves, a SPI pode afetar também os braços e causar movimentos periódicos involuntários durante o sono, conhecidos como PLMS (sigla em inglês).
O que causa a síndrome das pernas inquietas
A origem exata da SPI ainda não é totalmente compreendida, mas diversos fatores estão associados ao seu surgimento. Acredita-se que haja uma disfunção na regulação da dopamina, neurotransmissor relacionado ao controle dos movimentos.
Principais causas ou fatores associados:
Predisposição genética (histórico familiar).
Deficiência de ferro (mesmo sem anemia).
Doença renal crônica.
Gravidez, especialmente no terceiro trimestre.
Diabetes mellitus.
Neuropatias periféricas.
Uso de certos medicamentos: antipsicóticos, antidepressivos, anti-histamínicos.
Consumo excessivo de cafeína ou álcool.
Como é feito o diagnóstico da SPI
O diagnóstico é clínico, ou seja, baseado na descrição dos sintomas e no histórico do paciente. Não há um exame específico que comprove a SPI, mas alguns testes podem ser solicitados para descartar outras causas dos sintomas:
Dosagem de ferritina (reserva de ferro).
Avaliação da função renal e da glicemia.
Polissonografia (exame do sono), em casos mais complexos.
Eletromiografia, se houver suspeita de neuropatia.
Critérios diagnósticos definidos pelo International Restless Legs Syndrome Study Group ajudam o médico a identificar o distúrbio com precisão.
Tratamentos para a síndrome das pernas inquietas
O tratamento depende da gravidade dos sintomas e da causa associada. Em casos leves, mudanças no estilo de vida e suplementação de ferro podem ser suficientes. Em quadros mais intensos, pode haver necessidade de uso de medicamentos.
Mudanças no estilo de vida:
Antes da lista, vale lembrar: hábitos saudáveis são fundamentais mesmo quando o tratamento envolve medicamentos.
Reduzir o consumo de cafeína, álcool e cigarro.
Estabelecer rotina regular de sono.
Praticar atividade física leve ou moderada.
Fazer alongamentos antes de dormir.
Evitar ficar muito tempo sentado ou deitado durante o dia.
Suplementação de ferro:
Se houver deficiência de ferro, mesmo com níveis de hemoglobina normais, o médico pode indicar suplementação para regular os níveis de dopamina no cérebro.
Medicamentos usados:
Agonistas dopaminérgicos (como pramipexol e ropinirol).
Benzodiazepínicos (para ajudar no sono).
Anticonvulsivantes (como gabapentina ou pregabalina).
Opioides em casos raros e muito resistentes.
A escolha do medicamento depende do perfil do paciente, presença de outras doenças e intensidade dos sintomas.
Qual a relação entre SPI e sono ruim
A SPI é uma das principais causas de insônia de manutenção, ou seja, aquela dificuldade de permanecer dormindo ao longo da noite. Muitos pacientes acordam várias vezes ou têm sono fragmentado por conta do desconforto nas pernas.
Com o tempo, isso leva a:
Cansaço crônico.
Irritabilidade e alterações de humor.
Déficit de concentração.
Risco aumentado de ansiedade e depressão.
Por isso, é importante tratar a SPI não só para aliviar os sintomas físicos, mas para recuperar a qualidade do sono.
Quando procurar ajuda médica
Muitas pessoas convivem com a síndrome das pernas inquietas por anos sem diagnóstico. É hora de procurar um médico (neurologista ou clínico geral) se você:
Apresenta sintomas mais de 2 vezes por semana.
Sente prejuízo significativo no sono ou nas atividades diárias.
Tem histórico familiar da condição.
Já tentou medidas simples sem melhora.
O diagnóstico e o tratamento corretos podem melhorar muito a qualidade de vida.
Convivendo com a SPI: dicas de autocuidado
Além dos tratamentos médicos, algumas medidas simples no dia a dia podem ajudar a aliviar os sintomas:
Massagem nas pernas antes de dormir.
Banho morno à noite.
Uso de meias compressivas leves (com orientação).
Técnicas de relaxamento como meditação ou ioga.
Evitar cochilos longos durante o dia.
Manter um diário do sono e dos sintomas também ajuda o médico a ajustar o tratamento de forma mais eficaz.
Conclusão
A síndrome das pernas inquietas é uma condição real, com causas neurológicas e tratamento disponível. Se você sente um desconforto constante nas pernas à noite e isso atrapalha seu sono, vale a pena investigar.
Com o diagnóstico adequado, mudanças no estilo de vida e acompanhamento profissional, é possível controlar os sintomas, recuperar o sono e ter mais qualidade de vida.
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