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O que são os procedimentos intervencionistas para controlar a dor oncológica?


procedimentos intervencionistas para controlar a dor oncológica

A dor oncológica é uma das manifestações mais debilitantes do câncer, presente em cerca de 30% a 50% dos pacientes em tratamento e até 80% nos estágios mais avançados da doença. O controle eficaz dessa dor é essencial não apenas para o conforto físico, mas também para a saúde emocional e a dignidade do paciente.


Enquanto os tratamentos farmacológicos — como opioides e anti-inflamatórios — são a base da analgesia, muitos casos não respondem de forma satisfatória a essas terapias. É nesses cenários que os procedimentos intervencionistas para controlar a dor oncológica ganham destaque, oferecendo alívio mais duradouro e direcionado.


O que são procedimentos intervencionistas no contexto da dor oncológica


Os procedimentos intervencionistas consistem em técnicas minimamente invasivas, guiadas por imagem ou com apoio anatômico, que atuam diretamente nas estruturas responsáveis pela dor. Esses métodos visam bloquear, modular ou interromper os sinais dolorosos enviados ao cérebro.


São indicados quando:


  • A dor não responde bem ao tratamento medicamentoso convencional

  • Há efeitos colaterais intoleráveis com o uso de opioides

  • Existe necessidade de alívio rápido da dor intensa

  • O paciente está em cuidados paliativos e busca conforto


Classificação dos procedimentos intervencionistas


Os procedimentos podem ser classificados de acordo com o tipo de intervenção:

Tipo de procedimento

Descrição

Indicações principais

Bloqueios anestésicos

Injeção de anestésico local e/ou corticoide ao redor de nervos ou plexos

Dor visceral ou neuropática

Neurólises químicas

Uso de agentes como álcool ou fenol para destruir fibras nervosas

Dor intensa de câncer pancreático, abdominal ou pélvica

Neuromodulação

Estimulação elétrica de nervos ou medula espinhal

Dor neuropática refratária

Implantes de bombas de infusão

Dispositivos implantados para liberação contínua de opioides

Dor crônica oncológica de difícil controle

Vertebroplastia / cifoplastia

Injeção de cimento ósseo em vértebras fraturadas por metástases

Dor óssea por colapso vertebral

Procedimentos mais utilizados no controle da dor oncológica


Bloqueio do plexo celíaco


Um dos mais utilizados em casos de câncer de pâncreas ou tumores abdominais superiores. Consiste na injeção de anestésico e/ou neurodestrutor (álcool ou fenol) ao redor do plexo celíaco, interrompendo a transmissão da dor visceral.

Bloqueio do plexo hipogástrico


Empregado em pacientes com tumores ginecológicos, urológicos ou colorretais, esse bloqueio reduz a dor pélvica intensa. É particularmente útil em fases terminais, promovendo alívio importante sem os efeitos colaterais dos opioides.


Bloqueio epidural ou espinhal

Consiste na infusão de anestésicos locais ou opioides diretamente no espaço epidural ou subaracnoide. Pode ser temporário (cateter externo) ou permanente (bomba implantável). É útil em casos de dor difusa, neuropática ou refratária aos opioides sistêmicos.


Vertebroplastia e cifoplastia

Indicadas quando há fratura vertebral causada por metástase óssea. O cimento ósseo (polimetilmetacrilato) estabiliza a vértebra e alivia a dor quase imediatamente. A cifoplastia, além disso, restaura parcialmente a altura da vértebra colapsada.


Vantagens dos procedimentos intervencionistas


Essas técnicas trazem diversos benefícios para o paciente com dor oncológica:


  • Alívio da dor mais rápido e eficaz.

  • Redução da necessidade de opioides e seus efeitos adversos (náuseas, constipação, sonolência).

  • Melhora da mobilidade e funcionalidade.

  • Melhora da qualidade do sono e do apetite.

  • Maior autonomia do paciente.

  • Possibilidade de ser realizadas em ambiente ambulatorial ou com curta internação.

Quando indicar procedimentos intervencionistas

A decisão deve ser baseada em uma avaliação multidisciplinar, considerando:

  • Intensidade e tipo da dor (somática, visceral, neuropática).

  • Estágio da doença.

  • Resposta a tratamentos prévios.

  • Condição clínica do paciente.

  • Prognóstico e expectativa de vida.

A equipe de cuidados paliativos, anestesiologistas, neurologistas e oncologistas devem participar dessa decisão, sempre alinhando com os desejos e valores do paciente.

Considerações sobre riscos e cuidados

Como todo procedimento médico, os procedimentos intervencionistas têm riscos, embora geralmente baixos quando realizados por equipes treinadas:

  • Infecção local.

  • Hematoma.

  • Lesão nervosa.

  • Queda de pressão arterial (em bloqueios simpáticos).

  • Efeitos neurológicos transitórios.

A adequada seleção de pacientes e o uso de técnicas guiadas por imagem (ultrassonografia, tomografia ou fluoroscopia) minimizam os riscos e aumentam a eficácia do procedimento.

Procedimentos intervencionistas e cuidados paliativos

Nos cuidados paliativos, os procedimentos intervencionistas desempenham um papel essencial, especialmente para pacientes com dor intensa e progressiva. Muitas vezes, eles são a única alternativa viável para aliviar o sofrimento, já que a escalada de opioides se torna insustentável ou ineficaz.

Estudos mostram que esses procedimentos não apenas reduzem a dor, mas também promovem melhoria significativa na qualidade de vida, mesmo nos estágios terminais da doença.

Conclusão

Os procedimentos intervencionistas para controlar a dor oncológica representam um avanço essencial na abordagem terapêutica do câncer. Quando bem indicados, são eficazes, seguros e transformadores, oferecendo alívio a pacientes que sofrem com dores incapacitantes.

O conhecimento e a disponibilidade dessas técnicas devem ser amplamente difundidos entre os profissionais de saúde que lidam com pacientes oncológicos. O objetivo maior é garantir um cuidado mais humano, eficaz e centrado na dignidade do paciente.

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