Tontura constante: quando se preocupar?
- medicinaatualrevis
- há 7 dias
- 3 min de leitura

A tontura constante é uma queixa muito comum nos consultórios médicos e pode ter causas variadas, desde problemas benignos até condições que exigem atenção urgente. Embora, na maioria das vezes, a tontura esteja relacionada a alterações no ouvido interno ou pressão arterial, também pode indicar alterações neurológicas, metabólicas ou cardiovasculares.
Neste artigo, vamos explicar o que é a tontura, quais são as principais causas, como diferenciá-la de vertigem, e, principalmente, quando é hora de se preocupar e buscar ajuda médica.
O que é a tontura constante
A tontura é uma sensação de desequilíbrio, instabilidade ou leve vertigem, podendo vir acompanhada de outros sintomas como náuseas, sudorese fria, zumbido nos ouvidos ou visão embaçada. Quando esse sintoma se torna frequente ou contínuo, deve ser investigado com maior cuidado.
Diferença entre tontura e vertigem
Embora muita gente use os dois termos como sinônimos, eles representam condições distintas:
Termo | Característica principal |
Tontura | Sensação vaga de desequilíbrio ou cabeça leve |
Vertigem | Sensação rotatória (como se o ambiente girasse) |
Reconhecer essa diferença é fundamental para orientar o diagnóstico e tratamento.
Principais causas de tontura constante
As causas da tontura constante variam conforme a idade, histórico médico, uso de medicamentos e estilo de vida. Veja abaixo as mais comuns:
Distúrbios do ouvido interno (vestibulares)
O sistema vestibular, localizado no ouvido interno, é responsável pelo equilíbrio. Qualquer alteração nessa região pode causar tontura:
1. Vertigem posicional paroxística benigna (VPPB)
Causa mais comum em idosos.
Tontura intensa ao mudar de posição (levantar ou deitar).
Dura segundos a minutos.
Tratável com manobras físicas, como a manobra de Epley.
2. Doença de Ménière
Acúmulo de líquido no ouvido interno.
Tontura súbita e prolongada, zumbido e perda auditiva.
3. Neurite vestibular
Inflamação do nervo vestibular, geralmente após virose.
Tontura intensa, constante e sem alterações auditivas.
Causas cardiovasculares
Quando a tontura está relacionada à pressão arterial ou circulação sanguínea, o risco é maior:
4. Hipotensão ortostática
Queda de pressão ao levantar.
Muito comum em idosos, desidratados ou quem faz uso de diuréticos.
5. Arritmias cardíacas
Batimentos irregulares comprometem a oxigenação cerebral.
Pode vir acompanhada de palpitações, escurecimento da visão ou desmaios.
6. Insuficiência cardíaca
O coração não bombeia sangue suficiente para o corpo e o cérebro.
Causas neurológicas
Alterações no sistema nervoso central também podem provocar tontura:
7. Acidente vascular cerebral (AVC)
Principalmente o AVC isquêmico na região do cerebelo.
Sinais de alerta: desequilíbrio súbito, dificuldade de fala, dormência em um lado do corpo.
8. Esclerose múltipla
Pode afetar áreas cerebrais responsáveis pelo equilíbrio.
Associada a outros sintomas neurológicos, como visão dupla e fraqueza.
Outras causas frequentes
Anemia: diminuição de oxigênio no cérebro.
Hipoglicemia: queda dos níveis de açúcar no sangue.
Desidratação: reduz o volume de sangue e causa hipotensão.
Uso de medicamentos: ansiolíticos, anticonvulsivantes e alguns anti-hipertensivos.
Distúrbios de ansiedade: crises de pânico frequentemente causam sensação de tontura ou desmaio iminente.
Quando se preocupar com a tontura constante
A tontura constante merece atenção especial quando:
É persistente e não melhora com repouso.
Aumenta de intensidade ao longo dos dias.
Vem acompanhada de outros sintomas neurológicos: confusão mental, fala arrastada, visão dupla ou dormência.
Há histórico de doenças cardiovasculares, diabetes ou AVC prévio.
O paciente tem mais de 60 anos.
Causa quedas ou acidentes frequentes.
Esses sinais indicam que a tontura não é apenas uma sensação passageira, mas pode estar ligada a uma condição mais grave e requer avaliação médica urgente.
Diagnóstico da tontura constante
O diagnóstico envolve uma avaliação clínica completa, que pode incluir:
Anamnese detalhada: início, duração e frequência da tontura.
Exame físico neurológico e otoneurológico.
Exames laboratoriais: hemograma, glicemia, eletrólitos.
Eletrocardiograma (ECG): para investigar arritmias.
Ressonância magnética ou tomografia: quando há suspeita de causas neurológicas.
Teste de função vestibular: para avaliar o sistema de equilíbrio.
Tratamento da tontura constante
O tratamento vai depender da causa identificada. Entre as opções:
Causa | Tratamento principal |
VPPB | Manobras físicas (Epley, Semont) |
Hipotensão | Reposição de líquidos, ajuste de medicamentos |
Arritmias | Controle medicamentoso ou marca-passo |
Ménière | Dieta hipossódica, diuréticos, betahistina |
Ansiedade | Psicoterapia e uso de ansiolíticos |
Infecções | Antibióticos ou antivirais, conforme o caso |
Nos casos leves ou quando não há causa grave, medidas como boa hidratação, evitar mudanças bruscas de posição, e alimentação adequada já trazem melhora significativa.
Como prevenir episódios de tontura
Mantenha a pressão arterial e glicemia controladas.
Evite jejum prolongado e hidratação insuficiente.
Levante-se lentamente ao sair da cama ou da cadeira.
Pratique exercícios físicos regulares.
Evite automedicação.
Consulte o médico sempre que a tontura for frequente ou preocupante.
Conclusão
A tontura constante é um sintoma que não deve ser ignorado. Embora na maioria das vezes esteja ligada a causas benignas, como alterações no ouvido interno ou desidratação, pode ser também o primeiro sinal de doenças neurológicas, cardiovasculares ou metabólicas graves. O ideal é buscar avaliação médica para um diagnóstico correto e seguro, especialmente quando os episódios se tornam recorrentes, intensos ou vêm acompanhados de outros sintomas.