Síndrome dos ovários policísticos (SOP): sinais além do ciclo menstrual
- medicinaatualrevis
- há 6 horas
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A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é uma condição hormonal que afeta cerca de 1 em cada 10 mulheres em idade reprodutiva. Apesar de seu nome remeter exclusivamente ao sistema reprodutivo, a SOP impacta diversos aspectos da saúde feminina — do metabolismo ao emocional, com manifestações que vão muito além das irregularidades menstruais.
A identificação precoce e o tratamento adequado são fundamentais para controlar os sintomas e prevenir complicações a longo prazo, como infertilidade, resistência à insulina e risco cardiovascular aumentado. Neste artigo, entenda o que é a SOP, seus sintomas menos conhecidos, causas, formas de diagnóstico e abordagens de tratamento e prevenção.
O que é a síndrome dos ovários policísticos
A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é uma disfunção endócrina crônica caracterizada por alterações na produção hormonal feminina, principalmente por níveis elevados de andrógenos (hormônios masculinos como a testosterona) e irregularidades na ovulação.
Apesar do nome, nem todas as mulheres com SOP apresentam cistos nos ovários. O termo se refere ao aspecto visual dos ovários no ultrassom, com múltiplos folículos imaturos, semelhantes a pequenos cistos.
A SOP não tem uma causa única. Fatores genéticos, hormonais e ambientais contribuem para o desenvolvimento do quadro. A resistência à insulina, por exemplo, está fortemente associada à SOP e pode estar presente mesmo em mulheres com peso adequado.
Sintomas da SOP além do ciclo menstrual
O sinal mais conhecido da SOP é a irregularidade menstrual — ciclos longos, ausência de menstruação ou menstruações escassas. No entanto, existem diversos outros sintomas importantes que afetam a qualidade de vida e a saúde metabólica da mulher.
Entre os principais sintomas da síndrome dos ovários policísticos, destacam-se:
Excesso de pelos (hirsutismo) em áreas como rosto, peito, barriga e costas.
Acne persistente, especialmente no queixo e mandíbula.
Queda de cabelo em padrão masculino (alopecia androgenética).
Ganho de peso ou dificuldade para emagrecer, mesmo com dieta e exercício.
Aumento da oleosidade da pele.
Manchas escuras na pele, como acantose nigricans (indicativa de resistência à insulina).
Infertilidade por anovulação crônica.
Alterações emocionais, como ansiedade, depressão e baixa autoestima.
Esses sintomas podem variar de intensidade e nem sempre todas as manifestações estão presentes em uma mesma paciente.
Causas e fatores de risco da SOP
A SOP é uma condição multifatorial. Embora a causa exata não seja totalmente compreendida, sabe-se que a resistência à insulina e o excesso de andrógenos desempenham papel central.
Entre os principais fatores associados ao desenvolvimento da SOP estão:
Histórico familiar de SOP ou diabetes tipo 2.
Sobrepeso e obesidade, que agravam a resistência à insulina.
Sedentarismo.
Estresse crônico.
Distúrbios metabólicos desde a adolescência.
Vale destacar que mulheres magras também podem ter SOP, especialmente quando o fator dominante é o hiperandrogenismo.
Como é feito o diagnóstico da SOP
O diagnóstico da síndrome dos ovários policísticos é clínico e por imagem, baseado nos critérios de Rotterdam, que exigem pelo menos dois dos três seguintes sinais:
Oligo ou anovulação: ciclos menstruais irregulares ou ausência de ovulação.
Hiperandrogenismo clínico ou laboratorial: presença de sintomas como acne e hirsutismo, ou níveis elevados de andrógenos no sangue.
Ovários com aspecto policístico ao ultrassom: presença de 12 ou mais folículos por ovário ou aumento do volume ovariano.
Antes de fechar o diagnóstico, o médico exclui outras causas que possam gerar sintomas semelhantes, como distúrbios da tireoide, hiperprolactinemia ou hiperplasia adrenal congênita.
Consequências da SOP não tratada
A SOP não afeta apenas a fertilidade. Quando não tratada, pode desencadear uma série de complicações a longo prazo, especialmente de ordem metabólica.
As principais complicações associadas à SOP são:
Resistência à insulina e diabetes tipo 2.
Dislipidemia (colesterol e triglicerídeos altos).
Hipertensão arterial.
Síndrome metabólica.
Infertilidade por ausência de ovulação.
Maior risco de câncer de endométrio, por exposição prolongada ao estrogênio sem oposição da progesterona.
Por isso, mesmo quando os sintomas parecem leves, o acompanhamento médico regular é fundamental.
Tratamento da síndrome dos ovários policísticos
O tratamento da SOP varia de acordo com os sintomas predominantes e os objetivos da paciente — seja controle dos sintomas estéticos, regulação do ciclo menstrual, melhora da fertilidade ou prevenção de complicações.
A primeira linha de tratamento é sempre a reeducação alimentar e a prática de exercícios físicos, que melhoram a sensibilidade à insulina e ajudam no controle hormonal.
Dietas com baixo índice glicêmico.
Redução do consumo de açúcares e carboidratos refinados.
Exercícios regulares, com foco em atividades aeróbicas e musculação.
Controle do estresse e qualidade do sono.
Já o tratamento medicamentoso pode incluir:
Anticoncepcionais hormonais, para regular o ciclo e reduzir o hiperandrogenismo
Metformina, para controle da resistência à insulina
Espironolactona, para controle do hirsutismo
Indutores de ovulação (como o citrato de clomifeno), no caso de mulheres que desejam engravidar
Tratamentos tópicos ou orais para acne
Todo tratamento deve ser individualizado e acompanhado por ginecologista, endocrinologista ou clínico experiente.
SOP e fertilidade: é possível engravidar?
Apesar de ser uma das principais causas de infertilidade feminina, a SOP não impede uma mulher de engravidar. Com tratamento adequado, mudanças no estilo de vida e, em alguns casos, o uso de indutores de ovulação ou técnicas de reprodução assistida, a gravidez é totalmente possível.
Atenção especial deve ser dada à saúde metabólica antes e durante a gestação, pois mulheres com SOP têm maior risco de desenvolver diabetes gestacional e pré-eclâmpsia.
Conclusão
A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é uma condição comum, mas frequentemente mal compreendida. Vai muito além da menstruação irregular e pode afetar múltiplos aspectos da saúde feminina, física e emocional.
O diagnóstico precoce, o acompanhamento médico contínuo e o foco em mudanças no estilo de vida são essenciais para o controle da doença, melhora da qualidade de vida e prevenção de complicações a longo prazo.
Se você apresenta sintomas sugestivos de SOP ou possui histórico familiar, procure seu ginecologista para uma avaliação detalhada.
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